
O dramaturgo e escritor Antonio Bivar morreu ontem, aos 81 anos, em S�o Paulo, v�tima da COVID-19. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiori desde o �ltimo dia 23 de junho.
Bivar, que ganhou proje��o no final dos anos 1960, � autor de textos importantes do teatro nacional, como Cord�lia Brasil (1967), Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manh� (1968) e O c�o siam�s ou Alzira Power (1969).
Sua estreia no teatro se deu com um texto escrito a quatro m�os com Carlos Aquino e montado em 1967, Simone de Beauvoir, pare de fumar, siga o exemplo de Gildinha Saraiva e comece a trabalhar. O tom cr�tico e mordaz era um desafio aos limites impostos � �poca pela censura � produ��o art�stica vigente no regime militar.
EX�LIO
Ele lan�ou tamb�m livros como Chic-A-Boom e Yolanda, uma biografia da socialite Yolanda Penteado. EmVerdes vales do fim do mundo (L&PM), relatou seu per�odo de ex�lio em Londres, ao lado de grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. D�cadas mais tarde, a trajet�ria de Bivar voltaria a se cruzar com a da m�sica popular brasileira, quando ele passou a assinar a dire��o de shows.Mas � no territ�rio do punk que sua influ�ncia foi mais decisiva. Ele � o autor, pela cole��o Primeiros Passos, da editora Brasiliense, do volume O que � punk, que apresentou a toda uma gera��o no Brasil essa express�o da contracultura pela qual Bivar tamb�m se tornaria conhecido. O livro foi reeditado recentemente pelas Edi��es Barbatana com o t�tulo Punk.
Ap�s o an�ncio de sua morte, jornalistas e cr�ticos, como Andr� Barcinski e Andr� Forastieri homenagearam Bivar em suas redes sociais, reconhecendo seu papel como autor de um livro “pioneiro e fundamental para quem buscava informa��o sobre os sons alternativos, numa �poca em que n�o havia literatura nacional sobre o tema”, conforme escreveu Barcinski.
Bivar contribuiu tamb�m para divulgar o trabalho de bandas brasileiras associadas ao punk. Em 1982, ele organizou em S�o Paulo o festival O Come�o do Fim do Mundo, dedicado ao g�nero. Atuou no jornalismo, como editor e diretor de revistas.
O contato de Bivar com a contracultura se deu em sua temporada londrina, cidade que escolheu para escapar da persegui��o da ditadura militar brasileira e onde estudou literatura.
Nascido em S�o Paulo, Bivar havia feito no Rio de Janeiro seu curso de teatro, para onde se mudou depois de ter vivido no interior de S�o Paulo, embora tivesse nascido na capital. De seu interesse pela obra de Virgina Woolf originou-se o volume Bivar na corte de Bloomsbury, que resume seus estudos sobre a escritora e seus contempor�neos.
Al�m da narrativa sobre o ex�lio em Londres, Bivar publicou um volume biogr�fico, sobre seus primeiros 30 anos de vida, Mundo adentro vida afora, lan�ado em 2014 pela L&PM. No ano passado, pela Humana Letra lan�ou Perseveran�a, que seria o quinto volume sobre sua trajet�ria, abarcando o per�odo de 1982 a 1993. Ele preparava, com o amigo Aimar Labaki, um filme tamb�m de cunho autobiogr�fico.
Bivar estava de viagem marcada para Londres, mas contraiu o novo coronav�rus e teve complica��es respirat�rias que o levaram � interna��o.
