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Estado de Minas VOLTAR OU N�O VOLTAR?

Superf�s contam se voltar�o aos cinemas e teatros logo que reabrirem

Ouvimos espectadores ass�duos da Filarm�nica, do Corpo, dos teatros e salas de BH para saber como pretendem se comportar no p�s-pandemia


21/07/2020 04:00 - atualizado 20/07/2020 22:39

Professor e pesquisador de cinema, Ata�des Braga �, pela pr�pria natureza da sua atividade profissional, um espectador fora do padr�o. Durante muito tempo, ele frequentou, de segunda a s�bado, sem falhar, os cinemas de Belo Horizonte – principalmente o circuito  de arte. Nos �ltimos anos, por causa da pequena oferta de filmes, uma decorr�ncia da diminui��o das salas dedicadas ao cinema autoral, reduziu a frequ�ncia, mas ia ao menos duas vezes por semana. 

Depois de quatro meses fechado em casa, em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus, Braga admite que est� no meio de um inferno astral. “Para mim � um problem�o, porque eu gosto da sala, sempre preguei assistir cinema no cinema. Eu, que sempre odiei, tenho assistido a s�ries. J� tinha visto as mais cl�ssicas, as brasileiras, mas agora vejo todo tipo de bobagem. � um sofrimento. Na minha vida de espectador comum, nunca sa� de um filme ou espet�culo ruim.”

Neste momento de espectador do streaming, Braga nem pensa duas vezes. Interrompe uma s�rie depois de um epis�dio e passa para a pr�xima. Quando as salas de cinema e de espet�culos reabrirem, ele estar� l�. “Acho que nem tanto do cinema, mas de teatro,  exposi��o. Tenho sentido muita falta, pois gosto de visitar os lugares.”

MUDAN�A 
O primeiro a fechar, e muito possivelmente o �ltima a reabrir quando passada a pandemia, como j� se tornou corrente dizer nestes tempos de isolamento social, o setor cultural tem obrigado a todos a mudar sua maneira de consumir filmes, espet�culos teatrais, de dan�a e shows de m�sica. E quando a vida come�ar a voltar ao normal, os superespectadores, aqueles que n�o perdem os lan�amentos dos grupos e institui��es que acompanham, pretendem estar na plateia?

Sem sombra de d�vidas, garante L�cia Helena Monteiro Machado. Assinante de todos os programas da Orquestra Filarm�nica de Minas Gerais h� nove anos, ela tamb�m contribui para o programa Amigos da Filarm�nica. “No primeiro concerto que eu puder ir, estarei l�, ainda mais porque n�o falto a nenhum”, diz ela, que assistiu a todas as apresenta��es que a orquestra fez neste ano, antes da pandemia.

 “Acho que a Filarm�nica � a melhor coisa que aconteceu na cultura de Belo Horizonte nos �ltimos 50 anos. Viajo muito, conhe�o as filarm�nicas de Berlim, de Nova York, e a nossa n�o fica nada a dever a elas. N�o s� a sala � muito boa, como o p�blico tamb�m. E ainda acho que as pessoas que frequentam t�m a obriga��o de contribuir com a orquestra para manter os m�sicos.”

Sem poder assistir aos concertos ao vivo, L�cia Helena tem se virado como pode. “N�o gosto de assistir na internet, nem sei como mexer com isto, tenho 81 anos. Ou�o muita m�sica, pois tenho uma cole��o de CDs enorme, e muito DVD de m�sica cl�ssica. Mas ao vivo e a cores � outra emo��o.”

� o que tamb�m opina o professor universit�rio Marcelo Galuppo, apoiador dos grupos Galp�o e Corpo, da Filarm�nica e de Inhotim. Ele continua consumindo cultura em casa, via dispositivos eletr�nicos. “N�o � a mesma coisa. Sobretudo no caso do teatro, onde voc�, como espectador, tem uma posi��o fixa. Nos v�deos, s�o utilizadas muitas c�meras, o que,  para mim, compromete a linguagem do espet�culo.”

Al�m disso, Galuppo observa, o espet�culo teatral depende da intera��o com o p�blico. “Isto acontece na m�sica tamb�m. A experi�ncia da sala de concerto � muito diferente. Acho que nas artes performativas algo da linguagem se perde quando s�o transpostas para o meio eletr�nico.” Entre os espet�culos que reviu neste per�odo est� Romeu e Julieta, mais conhecida montagem do Galp�o, em uma grava��o antiga de um DVD do grupo.

Ele est� com muita vontade de voltar a fazer parte da plateia dos grupos e institui��es mineiros, mas ainda n�o tem certeza se estar� na primeira leva de espectadores. “Tenho que avaliar depois que for aberto, mas n�o sei como vai funcionar, como ser� mantido o distanciamento. Eu gostaria, mas n�o sei se me vejo na plateia no in�cio.”

O funcion�rio p�blico Gustavo de Castro Magalh�es �, h� tr�s anos, integrante do programa Amigos do Corpo. Assiste aos espet�culos da companhia de BH desde 1989, quando viu o Corpo pela primeira vez com Missa do orfanato. � t�o f� que, a cada nova temporada,  costuma assistir a todas as sess�es da companhia na capital mineira – quando poss�vel, tamb�m viaja ao Rio e a S�o Paulo para ver o Corpo.

“Claro que estou morrendo de vontade (de voltar ao teatro), mas s� irei quando houver todas as garantias de produ��o. Enfim, n�o s� quando a gente (plateia e artistas) estiver em seguran�a, mas que o sistema de sa�de esteja apto para atender a popula��o”, comenta Magalh�es.

AULAS 
Neste per�odo, ele diz, vem consumindo os produtos digitais viabilizados nas redes sociais. Assistiu �s aulas que os bailarinos do Corpo deram para os profissionais da sa�de pelo YouTube, por exemplo. “Fiquei surpreso, pensei que seria mais leve. Tanto que consegui suar e dar uma boa mexida no corpo.” Tem assistido tamb�m aos espet�culos que a companhia est� disponibilizando em seu canal na plataforma de v�deos durante a quarentena.

“Tenho os DVDs de todos, mas eles disponibilizaram as mais recentes, com remontagens (outro elenco) e equipamentos mais modernos. Foi legal ver, a gente relembra, � como se despertasse a mem�ria. Mas n�o tem como comparar com o ao vivo. Em casa voc� est� confinado nas quatro paredes, com a TV pertinho, ent�o perde a magia do espet�culo. E isto n�o � s� com o Corpo, mas em rela��o a obras de arte filmadas. A arte pede o contato pessoal, a intera��o.”

Assinante da Filarm�nica, o advogado Francisco Augusto Martins Modenesi s� assistiu, neste ano, ao concerto de abertura da temporada 2020, em fevereiro. “� �bvio que quem � assinante sente falta e est� na expectativa do retorno. Vou retornar com os devidos cuidados, assim que as autoridades liberarem e as determina��es forem atendidas, n�o sei como ser�o as delimita��es da plateia.”

Ainda que tenha assistido de casa a um ou outro concerto, Modenesi chama a aten��o para a diferen�a entre o perto e o longe. “A Sala Minas Gerais, com a ac�stica maravilhosa, muito bem projetada, faz com que todos os m�sicos estejam pr�ximos dos espectadores. Isto faz toda a diferen�a”, comenta. 


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