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Estado de Minas ARTES C�NICAS

Jos� Celso escreve livro sobre a hist�ria do Teatro Oficina

Com as atividades culturais suspensas em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus, dramaturgo e diretor aproveita o tempo para preparar a obra


25/07/2020 04:00 - atualizado 24/07/2020 19:35

O dramaturgo e diretor José Celso Martinez Corrêa em cena de O banquete, no Teatro Oficina, em 2014 (foto: Bob Souza/Divulgação)
O dramaturgo e diretor Jos� Celso Martinez Corr�a em cena de O banquete, no Teatro Oficina, em 2014 (foto: Bob Souza/Divulga��o)
Antes da pandemia do novo coronav�rus atingir o Brasil, o Teatro Oficina, em S�o Paulo, ensaiava uma cena que, talvez, nunca seja vista. Do alto do teatro projetado pela aquiteta Lina Bo Bardi, no bairro do Bexiga, na regi�o central da capital paulista, um grande objeto redondo em formato de v�rus descia, acompanhado pela trilha sonora ao vivo de violinos.

“Ensaiamos muitas vezes, estava bonito. Era uma forma de demonstrar a dor pelas pessoas que morreram em outros pa�ses, e que j� come�avam a morrer por aqui", conta o diretor e dramaturgo Jos� Celso Martinez Corr�a.

Como tudo na cena cultural do pa�s, o Oficina tamb�m precisou suspender as atividades. "Pelo menos tivemos o carnaval", ele aponta. "A gente ia voltar �s atividades logo em seguida. O Oficina n�o concorre com o carnaval.

"Durante a pandemia, entrevistas por telefone facilitam muito o trabalho jornal�stico, mas uma exce��o � quando se trata de falar com o diretor de 83 anos. Em ocasi�es anteriores, em entrevistas frente a frente, Z� Celso costumava parar entre uma resposta e outra para contar hist�rias, cantarolar qualquer trecho de alguma m�sica da pe�a, e repetir as coreografias. Uma divers�o � parte.

Agora, ele tamb�m reconhece a limita��o de uma conversa via telefone e traz na voz a preocupa��o de algu�m que n�o tem tempo a perder. "Estou confinado em casa h� mais de 100 dias, ou ser� mais?", questiona. "Ontem participei de uma live, gastei um temp�o e n�o deu certo."

RITMO A mudan�a de ritmo imp�s outros limites. "Sigo lendo, estudando. Essa coisa de home office � um trabalho danado." O que ele est� lendo recentemente � A queda do c�u – Palavras de um xam� yanomami, do escritor e l�der pol�tico Davi Kopenawa. "Ele narra como os �ndios enfrentaram essa infec��o chamada homem branco."

Z� Celso tamb�m est� escrevendo um livro. "� sobre a origem da nossa tragicom�dia-orgia do Oficina. Enquanto Nietzsche se inspirou na �pera - ele adorava a Carmen, de Bizet, vou me inspirar nos batuques e no candombl�. Para mim, m�sica n�o � esp�rito. � corpo."

O investimento de tempo na obra vem oportuno, longe dos palcos. Em S�o Paulo, n�o h� previs�o de reabertura de teatros e espa�os culturais, embora o plano do governo do Estado considere a pr�xima segunda-feira (27). A prefeitura deve emitir os primeiros protocolos ainda neste m�s, para ent�o aguardar a aprova��o da Vigil�ncia Sanit�ria. Para teatros privados e de terceiros, a volta deve ocorrer entre o fim de agosto e in�cio de setembro.

Antes da pandemia, no entanto, o Oficina j� enfrentava dificuldades financeiras. Nos �ltimos meses, realizou campanhas para arrecadar recursos e, h� alguns anos, o espa�o aguarda libera��o para realizar manuten��o das arquibancadas e da parede de tijolos que estava cedendo.

Apesar da aprova��o da obra pelos �rg�os de prote��o ao patrim�nio – O Oficina � tombado pelo Conselho de Defesa do Patrim�nio Hist�rico, Arqueol�gico, Art�stico e Tur�stico do Estado de S�o Paulo (Condephaat), o teatro ainda aguarda licita��o para contrata��o da empresa e in�cio das obras.

Al�m disso, h� o embate com o Grupo Silvio Santos em rela��o ao terreno ao lado do teatro. Um projeto de lei para o Parque Bixiga chegou a tramitar na C�mara Municipal. Foi aprovado, mas n�o sancionado pela prefeitura."

Lamento, mas a decis�o � discut�vel. Vamos continuar lutando", afirma. Enquanto n�o � poss�vel realizar temporadas, o Oficina promove a��es on-line e produz podcasts sobre suas montagens. Z� Celso reconhece que � preciso garantir o legado do espa�o, ainda em vida. "J� estou caminhando para ir embora, tudo que estou fazendo n�o � mais para mim."

E essa defesa do teatro tem tudo a ver com a quest�o ambiental, segundo ele. O projeto do Parque Bixiga representa um experimento que Z� Celso gostaria que se espalhasse para outros cantos da cidade e do pa�s. "A dissemina��o do coronav�rus tem tudo a ver com a destrui��o da natureza. Esse v�rus pegou cidades cimentadas. No Brasil, o primeiro caso foi em S�o Paulo. � uma esp�cie de sopro da natureza, que sofre em agonia. Olhe s� como o Minhoc�o violentou a cidade, separando, como foi em Berlim."

Subs�dio Entre as a��es de aux�lio voltadas aos artistas, ele comemorou a aprova��o da Lei Aldir Blanc, que transfere recursos para trabalhadores da cultura. Em S�o Paulo, mais de 115 mil pessoas receber�o o aux�lio. "Para n�s, que temos mais de 60 pessoas envolvidas nas pe�as, � um refor�o. Na Europa, por exemplo, os teatros mais importantes receberam subs�dios durante a pandemia."

Nos pr�ximos dias, Z� Celso adianta que participar� de outras lives. A programa��o de pe�as on-line que se multiplicou nos �ltimos meses n�o surpreende o diretor. O Teatro Oficina � conhecido por realizar transmiss�es ao vivo de suas montagens em seu canal no YouTube. "Teatro � outra coisa, n�o �?"

Z� Celso intui que a pandemia vai deixar impacto duradouro no Brasil e no mundo. "Tomara que as rela��es mudem. Um por cento da popula��o tem toda a grana do mundo", diz. "Como dizer para algu�m ficar em casa, se a pessoa nem casa tem? O Brasil � assim. Se for o nosso apocalipse, que seja o fim do capitalismo." (Ag�ncia Estado)


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