Um dos efeitos da longa quarentena em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus � o aumento da procura por aulas de canto e instrumentos musicais. Muita gente que est� confinada em casa tem procurado ocupar o tempo adquirindo ou incrementando uma habilidade musical, segundo a constata��o de escolas e profissionais de m�sica atuantes na capital mineira.
M�rcio Dur�es, diretor da Escola de M�sica Popular (ex-Pr�-Music), h� 25 anos em atividade, diz que “logo no in�cio da pandemia foi um desespero, pois muitos alunos desistiram por medo e desinteresse nas aulas virtuais”. Ele conta que a escola chegou a perder cerca de 40% de seus alunos, depois de ter tido um in�cio de ano promissor, com aumento do n�mero de estudantes.
A EMP oferece cursos para instrumentos e canto nos n�veis b�sico, intermedi�rio, profissionalizante e t�cnico. Al�m disso, a escola tamb�m oferece cursos de grava��o e produ��o musical, DJ e pr�-vestibular. Mesmo antes da quarentena, havia op��o de cursos on-line.
Mas a queda de inscritos foi acentuada, segundo Dur�es, porque “muitos alunos se assustaram” de in�cio, com a incerteza do momento. No entanto, o prolongamento do per�odo de isolamento social acabou contribuindo para a volta de grande parte desses alunos e o aparecimento de novos. “Nosso forte sempre foram as aulas de canto, por�m, com a pandemia, a procura migrou para as de viol�o”, conta.
Segundo o empres�rio, a escola recuperou mais da metade dos alunos que haviam desistido. “Felizmente, a procura vem crescendo a cada dia, pois professores e alunos j� se adaptaram �s aulas on-line. De certa forma, a quarentena possibilitou o aparecimento de novos interessados.”
H� 23 anos no mercado, a Cavallieri Escola de M�sica oferece mais de 25 cursos de instrumenta��o, al�m de canto e pr�-vestibular. O diretor In�cio Cavallieri conta que sua escola passou por uma experi�ncia semelhante � da EMP. “A princ�pio, os alunos ficaram meio receosos, mas, aos poucos, foram se acostumando com as aulas on-line e at� mesmo vendo muitas vantagens desse modo remoto.”
CANTO Cavallieri diz que o carro-chefe da escola s�o as aulas de canto e que muitos dos alunos t�m o objetivo de participar de programas de TV, como The voice Brasil. “Mas as aulas de viol�o, guitarra e piano tamb�m t�m uma boa procura. Recentemente, aumentaram as aulas de ukulele, que � um instrumento com apar�ncia de um cavaquinho, por�m f�cil de se aprender a tocar.”
O professor de viol�o e guitarra e empres�rio observa que, “infelizmente, a pandemia continua causando perdas nas fam�lias”, mas diz que “o fato de as pessoas estarem cumprindo isolamento social em suas casas faz com que elas busquem algo para passar o tempo. E aprender a cantar ou a tocar um instrumento vem sendo um dos lazeres preferidos”. Ele nota que os novos alunos “pertencem a v�rias faixas et�rias”.
Algo que Cavallieri tem ouvido dos alunos a respeito do modelo de aulas a dist�ncia � que a comodidade de n�o ter que se deslocar at� a escola � uma grande vantagem.
Professor de bateria desde os anos 1980, Dudu Batera estima ter ensinado a aproximadamente 3 mil alunos em sua escola. “Funcionamos de maneira presencial por mais de 30 anos em uma sala no Centro da cidade. Por�m, resolvi partir no ano passado para as aulas on-line. As despesas cresceram e acabei passando a sala e comecei a dar aulas de maneira remota”, relembra.
Batera diz que os alunos n�o estranharam as aulas virtuais e que, com a chegada da quarentena, a procura aumentou ainda mais. “Acredito que eles perceberam que � muito mais c�modo estudar e praticar em casa por meio de aplicativos. Mesmo porque no Centro era complicado, com assaltos e a dificuldade de estacionar o carro.”
Para o professor, a possibilidade de dar aulas sem ter se sair de casa e de perto da fam�lia e de seus pets � uma vantagem. “Dou minhas aulas por meio dos aplicativos Zoom e WhatsApp. Acredito que este ano a procura por minhas aulas tenha sido maior em decorr�ncia da pandemia.” Dudu acredita que as vagas que restam em sua agenda de professor devam estar preenchidas at� o m�s que vem. “Mesmo porque essa quarentena parece que ainda vai durar um bom tempo. Novos alunos aparecer�o com certeza.”