
Uma d�cada e meia depois, � bem �bvio que n�o apenas tiveram �xito com sua inven��o, como tamb�m revolucionaram a difus�o audiovisual no mundo. O alcance da plataforma � tal que hoje ela se tornou pe�a-chave em um mercado que n�o era seu foco inicial: a m�sica.
Diante das transforma��es em uma ind�stria fonogr�fica que foi do CD ao streaming nos �ltimos 20 anos, tentando sempre driblar a pirataria, o site, que se tornou um reposit�rio n�o s� de videoclipes, mas de �lbuns inteiros, com acesso gratuito, vem fazendo a diferen�a, especialmente no Brasil.
J� h� alguns anos, � l� que surgem alguns dos principais lan�amentos, sobretudo nos g�neros mais populares, como pop, sertanejo e funk. Este �ltimo � a “mat�ria-prima” do canal Kondzilla, o maior do Brasil e s�timo maior do mundo, com 57 milh�es de inscritos. Ele supera de longe nomes poderosos do entretenimento e do humor, como Whindersson Nunes (39 milh�es) e Felipe Neto (37 milh�es).

LAN�AMENTOS
Com a incont�vel diversidade de conte�dos que o YouTube hospeda, a m�sica ocupava apenas 4,6% da totalidade dos v�deos em 2016, segundo pesquisa da empresa norte-americana Pexeso.
No entanto, seus resultados s�o expressivos. Tanto � assim que os v�deos mais assistidos na hist�ria do site s�o clipes: Despacito (2017), de Luis Fonsi com Daddy Yankee, que soma 6,89 bilh�es de visualiza��es, seguido de Shape of you (2017), de Ed Sheeran, com 4,9 bilh�es, e See you again (2015), de Wiz Khalifa com Charlie Puth, com 4,6 bilh�es.
Se a import�ncia como meio de lan�ar e fazer circular m�sicas e �lbuns j� vinha de antes, a pandemia do novo coronav�rus tornou o YouTube ainda mais fundamental para a m�sica pop. Com a suspens�o de shows para evitar a dissemina��o do v�rus, o recurso da transmiss�o ao vivo, dispon�vel h� nove anos, ganhou novo significado com o fen�meno das lives.
Um levantamento realizado pelo Google, que adquiriu o YouTube por US$ 1,65 bilh�o em 2006, aponta que as transmiss�es ao vivo j� foram assistidas por mais de 85 milh�es de pessoas no Brasil durante a quarentena. Cantores e artistas brasileiros dominam o ranking das lives mais vistas.
Segundo o levantamento, oito das 10 transmiss�es musicais ao vivo mais vistas no YouTube s�o de brasileiros. At� agora, a live de maior audi�ncia na plataforma � a da sertaneja Mar�lia Mendon�a, que atingiu 3,3 milh�es de visualiza��es simult�neas.
A empresa chegou aos n�meros a partir de uma pesquisa on-line com 1.007 entrevistados entre 18 e 54 anos, realizada em junho de 2020, para entender como as lives t�m sido consumidas. Dos entrevistados, 71% disseram ter assistido a pelo menos uma live, 38% disseram ter visto seis ou mais delas e 24% viram mais de 10.
O c�lculo do Google considerou que a popula��o digital, ou seja, com acesso � internet, no Brasil � de 120 milh�es e, portanto 71% dela resultaria em mais de 85 milh�es. Apesar do crescimento das lives, que existem no YouTube desde 2011, mas ficavam concentradas principalmente em canais de games e esportes, uma parte do p�blico consultado tamb�m expressa um desejo por inova��es. De acordo com a pesquisa, 22% dos entrevistados querem inova��es de formato e conte�do para continuar a assistir.
Por outro lado, o sucesso do YouTube � alicer�ado em um formato h� muito conhecido e adorado pelo p�blico, como assinala Renata Gomes, estrategista de marketing e comunica��o para marcas, startups e artistas do segmento musical e integrante da distribuidora multinacional Ingrooves.
“Esse consumo audiovisual n�o � novo. A ind�stria da m�sica se transformou por completo nos anos 1990, com a MTV e a cultura dos videoclipes. Eles j� existiam nos anos 1980, no Brasil, mas a chegada da MTV trouxe um outro padr�o de produ��o. Ou seja, essa cultura � antiga, s� que os programas de TV foram se extinguindo e esse consumo ficou represado. Ele tinha que ir para algum lugar e o YouTube apareceu como um grande facicilitador, que democratiza esse acesso”, afirma Renata.
A consultora participa, nesta sexta-feira (7), do evento virtual Formemus (inscri��es e programa��o dispon�veis em www.formemus.com.br), que procura discutir tend�ncias do mercado fonogr�fico nacional.
Ela ir� mediar o painel “O potencial de consumo da m�sica brasileira no YouTube e o boom de distribui��o na pandemia”, a partir das 18h15.
Renata observa que “n�o era qualquer artista que conseguia colocar um clipe na TV, mas, hoje, ao apertar um bot�o, voc� coloca seu conte�do ali no YouTube e o dissemina para todo o mundo”.
A facilidade oferecida pela plataforma estabelece, segundo ela, um novo modelo de neg�cios. “Existem artistas do funk, por exemplo, que n�o tocam nas r�dios, mas j� somam 5 milh�es, 10 milh�es ou 20 milh�es de acessos em suas m�sicas por l�. Isso se deve muito � acessibilidade da plataforma. Embora exista a op��o da assinatura premium, basta ter um telefone com acesso � internet para assistir, organizar playlists, etc. Al�m disso, h� uma pr�tica de us�-lo como buscador. Hoje � um dos buscadores mais importantes do mundo e muita gente, quando procura por um artista, j� encontra (os clipes) e consome ali mesmo”, diz. Segundo o Google, 1 bilh�o de visitantes procuram m�sica no YouTube a cada m�s.
HIERARQUIA
Embora isso possa n�o ser �bvio para muitos usu�rios, o YouTube tem seus m�todos de hierarquiza��o. A especialista em marketing afirma que, “como em qualquer ind�stria, quem bota mais dinheiro aparece mais”.
No entanto, “h� uma s�rie de boas pr�ticas no YouTube para indexar bem um videoclipe, como criar conte�dos de acordo com tend�ncias, colocar as tags, entre outras coisas relacionadas ao algoritmo”, que ser�o abordadas no painel de hoje.
Apesar de sua evidente import�ncia para o mercado musical, o YouTube est� longe de ser hegem�nico. Um exemplo disso foi o lan�amento do badalado novo �lbum visual de Beyonc�, Black is king, exclusivamente para assinantes do Disney +, servi�o ainda indispon�vel no Brasil. No YouTube, � poss�vel ver um �nico clipe do trabalho da estrela.
Taylor Swift, que tamb�m abalou o mercado h� poucos dias com o lan�amento do �lbum Folklore, vendeu mais de 1,3 milh�o de c�pias apenas no dia do lan�amento, em 24 de julho, sinalizando que modelos mais tradicionais de consumo musical ainda t�m for�a. Uma not�cia especialmente agrad�vel para ela, que questiona o modo e o percentual do pagamento de direitos que as plataformas fazem aos artistas. (Com Ag�ncia Estado)