
Conforme a carreira da banda progrediu, seu papel na m�sica alternativa tornou-se menos claro. A sonoridade p�s-punk-new-wave e a est�tica visual que une, num s� universo, jaquetas de couro e ternos brancos perdeu relev�ncia na cena musical, que evoluiu amplamente.
Nesse cen�rio, seu sexto registro de est�dio, Imploding the mirage (Island Records/Universal), lan�ado na �ltima sexta-feira (21), parece feito por uma banda que ainda luta para encontrar sua pr�pria identidade.
Em certo sentido, o trabalho leva os Killers em nova dire��o. Primeiro projeto ap�s a sa�da do guitarrista e cofundador Dave Keuning – que alegou ''frustra��o criativa'' ap�s o lan�amento de Wonderful wonderful (2017) –, o disco conta com a colabora��o do produtor Shawn Everett (conhecido por seu trabalho com o m�sico Beck e a banda The War on Drugs) e de Jonathan Rado, metade da dupla indie Foxygen.
PARCERIAS
Pouco acostumada a colabora��es, a banda acionou uma preciosa lista de contatos para determinadas faixas do trabalho. Caution, o single promocional, tem a guitarra de Lindsey Buckinham, do Fleetwood Mac, e Lightning fields ganha muito com a voz da canadense K. D. Lang. Em outros momentos, quem assume a guitarra � Adam Granduciel, do j� citado The War on Drugs.
A cantora californiana Natalie Mering, que usa o nome art�stico Weyes Blood, � a convidada de My god. A m�sica remete ao in�cio da carreira do The Killers, quando as m�sicas come�avam com um instrumental reduzido e ganhavam corpo para, mais tarde, explodir. O refr�o traz os bem-vindos backing vocals de Jess Wolfe e Holly Laessig, do grupo de indie pop Lucius. O arranjo barroco lembra a abordagem da banda canadense Arcade Fire.
Embora melodias instrumentais deem uma atmosfera suave a faixas como Dying breed e Running towards a place, elas tamb�m diluem o prop�sito j� limitado de Imploding the mirage, porque parecem n�o pertencer ao universo do disco – e, talvez por isso, possam ser consideradas os destaques (feliz ou infelizmente).
The Killers fez mais de 100 shows ao vivo por ano desde 2008. � �bvio que eles escrevem j� pensando nesse p�blico. Infelizmente, a f�rmula adotada para animar a plateia de um show pode se tornar exaustiva dentro de um disco. Imploding the mirage perde for�a quando essas sonoridades grandiosas se chocam.
FESTIVAIS
Carregada pelo vocal apaixonado de Brandon Flowers, Lightning fields, por exemplo, � uma aposta certeira para reverberar na multid�o em grandes festivais nos quais a banda costumava se apresentar. No �lbum, a faixa representa um dos pontos baixos. Ela � procedida por Fire in bone, cuja linearidade soa destoante no trabalho de uma banda que sabe produzir can��es sinuosas.
Originalmente previsto para maio e adiado em virtude da pandemia do novo coronav�rus, Imploding the mirage n�o prejudica a imagem de sucesso que The Killers construiu desde que emplacou hits como Mr. brightside, When you were young e a infame Human. Ainda assim, o trabalho peca pela falta de personalidade e carece da originalidade que marcou o in�cio da carreira do grupo.
Talvez prevendo que o disco ter� uma recep��o morna – e j� considerando o adiamento da turn� para 2021 –, Brandon Flowers afirmou que, durante a grava��o, a banda foi acometida por uma onda criativa t�o grande que j� tem material para um pr�ximo disco.
“Toda vez que algu�m grava um disco, eles dizem que eles t�m 50 m�sicas e v�o lan�ar outro disco. N�s realmente vamos”, afirmou � NME. “Vamos lan�ar outro em cerca de 10 meses. N�s j� voltamos ao est�dio. Eu tinha muito tempo em m�os. Antes, eu normalmente estaria me arrumando para sair em turn�, agora todo esse tempo foi investido de volta em fazer mais m�sicas. Tem sido muito frut�fero.”
Resta saber se esse novo material percorrer� o mesmo caminho do disco atual ou se a banda ir� pegar alguns atalhos para, finalmente, se encontrar.
IMPLODING THE MIRAGE
The Killers
Island Records/Universal
Dispon�vel nas plataformas digitais