
Palco de tantas experi�ncias di�rias, passando pela comunica��o instant�nea no ambiente privado ou de trabalho, discuss�es acaloradas em grupos por conta (ou n�o) de fake news, memes e �udios de dura��o question�vel, o WhatsApp � usado pela maioria da popula��o brasileira com incont�veis finalidades. Agora, a dramaturgia ser� uma delas.
Nesta segunda-feira (14), estreia a microfic��o Amor de quarentena, adapta��o brasileira do texto escrito pelo cineasta argentino Santiago Loza. O projeto se vale do popular aplicativo de mensagens para levar ao p�blico uma trama em que cada espectador ganha o “papel” de interlocutor de um artista. Esse, por sua vez, se apresenta como um romance do passado que reaparece em tempos de distanciamento social. A hist�ria � contada com o uso de mensagens, fotos, �udios e a linguagem coloquial caracter�stica do aplicativo.
O “ingresso” para o espet�culo dom�stico custa R$ 40, na plataforma Sympla. Ao adquiri-lo, o espectador opta entre Reynaldo Gianecchini, Mariana Ximenes, D�bora Nascimento e Jonathan Azevedo. O artista escolhido viver� o personagem que, durante 13 dias, aparecer� em seu celular no papel de ex. Independentemente da escolha, o texto � o mesmo.
“O que muda � a forma como o texto � dito. Cada artista construiu seu personagem de uma maneira. Um mais alegre e otimista, outro mais afetado com a quarentena. Ent�o, a forma � bem diferente. Al�m disso, cada um est� em um lugar. A D�bora est� no campo, num s�tio no interior. O Jonathan mora no Vidigal (no Rio de Janeiro). Fizemos quest�o de trazer esses universos diferentes, porque h� essa preocupa��o com a diversidade", detalha Luciana Rossi, tradutora do texto original.
Ela comenta que o contexto da hist�ria de amor em uma quarentena vem com contornos ainda mais fortes, j� que o pa�s vizinho foi mais rigoroso do que o Brasil nas medidas de isolamento para prevenir a dissemina��o do novo coronav�rus.
"Eles ficaram realmente confinados (na Argentina). Ent�o, o texto teve uma dimens�o um pouco diferente daqui. Havia um sentido mais forte em receber uma mensagem na sua casa, sem poder sair. Tivemos que fazer algumas adapta��es por conta disso”, afirma.
A tradutora aponta, por�m, que “� uma trama muito universal, sobre dist�ncia, sobre estarmos confinados, sobre lugares que desejamos revisitar, al�m de falar desse tema t�o comum que � o amor". O texto j� foi adaptado na Espanha, Uruguai, Chile, Equador e Paraguai e, em breve, chegar� � Alemanha, Austr�lia, M�xico, Peru, Col�mbia, Holanda, Fran�a e Portugal.
CONEX�O
Escolhido para dirigir os artistas brasileiros, Daniel Gaggini diz que o WhatsApp foi tamb�m o meio de conex�o com o elenco para preparar o trabalho. “Entender o formato � algo que come�a no ensaio, mesmo no teatro e no cinema tradicionais. Se vamos usar WhatsApp como forma de difus�o desse projeto, temos que come�ar a us�-lo no ensaio. Ent�o, s� conversamos por ele e todas as grava��es foram feitas pelo elenco, em suas casas, com seus pr�prios celulares, e enviadas para mim pelo aplicativo. A arte � contato. Quando vamos ensaiar, em tempos normais, sentimos at� a respira��o do outro. Extrair isso nessa coisa remota foi o grande desafio”, diz. O diretor afirma ter dado “muita liberdade aos artistas para propor, criar e trazer o pr�prio cotidiano para a grava��o" e cita a diversidade de cen�rios em que o texto foi gravado. “Temos o Jonathan, no Vidigal, contrapondo o Gianecchini, que est� em Ipanema. A D�bora vem com essa coisa da natureza, do interior, enquanto a Mariana Ximenes est� em S�o Paulo. Sa�mos bem da caixinha, sem perder a poesia do texto."
Novas hist�rias, novos caminhos
Depois de mais de 40 anos dirigindo programas da Globo como Malha��o, Arma��o ilimitada, For�a tarefa e Encontro com F�tima Bernardes, M�rio M�rcio Bandarra aposta em novos formatos para contar hist�rias. H� mais de um ano fora da emissora, ele lan�ou no m�s passado o podcast Biblioteca Monstro, voltado ao p�blico infantojuvenil. Em 10 epis�dios, quatro crian�as presas a um feiti�o que transformou a maior biblioteca do mundo num monstro capaz de aprisionar pessoas eternamente precisam vencer uma maratona de enigmas m�gicos para voltar ao mundo real. Bandarra lan�ou tamb�m a audioss�rie policial A soma das horas, de oito epis�dios, com casos livremente inspirados em crimes reais. As duas produ��es est�o dispon�veis na plataforma Orelo (www.orelo.audio).