
Foi em em 1993, com o lan�amento de seu primeiro �lbum de est�dio, Pablo honey, que o Radiohead provou que tinha chegado para ficar no cen�rio da m�sica. Quase 30 anos mais tarde, a banda brit�nica liderada por Tom Yorke tem um legado consolidado e segue influente, como provam as constantes reinterpreta��es de suas m�sicas.
Em pleno 2020, algumas das m�sicas da banda ganham uma nova abordagem ao ser interpretadas por artistas mulheres. Quem encabe�a essa tend�ncia � a tamb�m brit�nica Arlo Parks.
Cantora e poeta, Arlo tem um curr�culo enxuto de dois EPs – Super sad generation e Angel's song, ambos lan�ados no ano passado –, al�m dos singles Eugene, Black dog e Hurt, liberados neste ano. Em abril passado, ela chamou a aten��o ao fazer um cover de House of cards, do Radiohead, para a revista francesa Les Inrockuptibles.
Arlo citou a can��o lan�ada pelo Radiohead no disco In rainbows (2007) como uma das respons�veis por mant�-la mentalmente sadia durante a quarentena. A artista tamb�m recomenda Ok computer, o terceiro �lbum da banda, lan�ado em 1997, como trilha do confinamento.
Contrariando o recomend�vel pela cautela, Arlo Parks regravou a intoc�vel Creep, m�sica seminal do Radiohead, single anterior ao �lbum de estreia e uma das mais dif�ceis de se reinterpretar, considerando-se que a vers�o original j� � marcante o suficiente. Na sua vers�o, ela transformou a can��o numa balada de um piano s�, sem deixar de lado a abordagem � flor da pele que a original tem.

Piano
Foi tamb�m ao piano que Arlo tocou Fake plastic trees, do disco The bends (1995). Dessa vez, no entanto, ela somente acompanhou a estadunidense Phoebe Bridgers em uma apresenta��o especial para a BBC Radio 1. Gravada numa igreja abandonada, em Londres, a performance tamb�m contou com a m�sica Kyoto, do mais recente disco de Phoebe, Punisher, lan�ado em junho passado.
Outra brit�nica que encarou o desafio de dar nova abordagem para uma das m�sicas do grupo ingl�s foi Lianne La Havas. Revela��o de 2012, quando estreou com o �lbum Is your love big enough?, ela se apresentou no Brasil em 2016 como atra��o de abertura dos shows do Coldplay no Rio de Janeiro e em S�o Paulo. Naquela �poca, Lianne colhia os louros do disco Blood (2015).
Em julho passado, ela lan�ou o disco que leva seu nome e, al�m de trazer as faixas Courage e Sour flower, inspiradas em Milton Nascimento e no Clube da Esquina, conta com uma cover de Weird fishes.
A nova vers�o, com pegada soul, consegue transmitir o clima melanc�lico da original e oferece uma caracter�stica que n�o se imaginava combinada a uma faixa do Radiohead: � mais angelical do que a atmosfera fantasmag�rica que Thom Yorke imprime � sua interpreta��o. Destaque para a voz da cantora, que conduz o ouvinte por um caminho iluminado e marcado pela liberdade que s� o jazz permite.
''Tive uma experi�ncia maravilhosa gravando essa m�sica'', disse Lianne, em texto de divulga��o do disco. Ela explicou que a sess�o de Weird fishes norteou toda a grava��o. ''Foi a� que eu decidi: o resto do �lbum precisa ser assim. Tem que ser minha banda, e eu tenho que fazer isso em Londres.''
A original, do j� citado In rainbows, na verdade se chama Weird fishes/Arpegg. Ao primeiro nome atribui-se a letra, e ao segundo, o instrumental.
Curiosamente, Arpeggi n�o foi totalmente esquecida e ganhou uma nova vers�o pelas m�os de Kelly Lee Owens. A m�sica � a que abre o rec�m-lan�ado Inner song, segundo disco da produtora de m�sica eletr�nica.
“In rainbows � um dos meus �lbuns favoritos. Ele mistura perfeitamente a m�sica indie e eletr�nica, o que n�o � f�cil de se fazer bem”, afirmou Kelly Lee em entrevista � Pitchfork. “Eu ainda o ou�o periodicamente e sempre descubro algo novo. O que amo no Radiohead � que eles n�o t�m medo de ser melanc�licos e mostrar suas emo��es, e isso afasta muitas pessoas. Mas estou interessada em n�o ter medo de ir a esses lugares.”
Na mesma entrevista, ela confessou que chegou a considerar o cover uma ''blasf�mia'', j� que a nova vers�o � feita somente com sintetizadores, diferentemente da original. ''Admito, tentei cantar e, claramente, achei que seria uma decis�o ruim. Mas tive que gravar o vocal para saber que isso definitivamente nunca iria funcionar.''
O disco � um dos destaques deste segundo semestre. Minimalista e com uma tem�tica bem definida, o trabalho passeia por uma gama de estilos e ritmos comuns em g�neros, como a m�sica pop (caso da faixa L.I.N.E.) e o indie (na colabora��o Corner of my sky, parceria com John Cale, do Velvet Underground). Isso sem deixar de lado um quesito important�ssimo: a originalidade. O que deixaria at� o exigente Thom Yorke bastante orgulhoso.

COLET�NEA
Lan�ada no 10º anivers�rio do disco In rainbows, ou seja, em 2017, a colet�nea BR Rainbows traz reinterpreta��es do �lbum feitas por artistas brasileiros. Reunidos pelo cantor, compositor e produtor Kelton Gomes, os covers foram feitos por bandas como Bratislava e Peartree, de S�o Paulo; Tuyo, do Paran�; e Supercolisor, do Amazonas.
GAROTAS NACIONAIS
Confira os covers de cantoras brasileiras para can��es da banda brit�nica
Creep, por Bebel Gilberto
Dos v�rios covers que comp�em o EP ao vivo Live at the Belly Up (2017), o de Creep talvez seja o mais incomum. Mas Bebel Gilberto foi esperta. No meio de m�sicas j� conhecidas de seu repert�rio, como So nice e Preciso dizer que te amo, ela colocou a improv�vel can��o do Radiohead, que ganhou ares de bossa nova e emocionou a cr�tica internacional.
Fake plastic trees, por Letrux
Dispon�vel somente no YouTube, o cover da singular cantora carioca Let�cia Novaes, que tamb�m atende pelo nome Letrux, � de Fake plastic trees. A releitura vai um pouco al�m e �, na verdade, uma tradu��o literal da letra do ingl�s para o portugu�s. Portanto, o t�tulo vira �rvores falsas de pl�stico. Infame, mas divertida, a vers�o ganha ares de seriedade por conta do piano de Thiago Vivas e o vibrafone de Louren�o Vasconcellos.
