
"Quero usar a internet n�o como veneno, mas como rem�dio. N�o gostaria de ver o meu nome todo dia l�. Ali�s, tenho horror a isso"
Guinga, compositor
Para comemorar os 70 anos do compositor, cantor e violonista Guinga, completados em 10 de junho, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) idealizou uma s�rie de musicais em homenagem ao artista carioca. Por�m, a pandemia atrapalhou os planos. Apenas o show de 11 de mar�o, no Rio de Janeiro, com a participa��o da cantora M�nica Salmaso, p�de ser realizado antes do “ataque” do novo coronav�rus ao Brasil.
Nesta quinta-feira (8), o projeto Guinga e as vozes femininas ser� retomado, agora em formato on-line, sob coordena��o da curadora, produtora e cineasta Fernanda Vogas. Estar�o presentes o homenageado, a cantora Leila Pinheiro e violonista Marcos Tardelli.
Carioca de Madureira, Carlos Althier de Sousa Lemos Escobar trocou o gabinete de dentista pelos palcos, partituras e est�dios de grava��o. Com meio s�culo de carreira, � parceiro de Chico Buarque, Aldir Blanc e Paulo C�sar Pinheiro, entre outros.
FELIZ
Um dos nomes mais respeitados da MPB, com suas melodias sofisticadas e surpreendentes, Guinga est� feliz com a volta do projeto, enfatizando que as lives ser�o uma forma de divulgar sua obra tanto no Brasil quanto no exterior.
“O projeto � da Fernanda Vogas. Durante a pandemia, ela teve essa ideia com o objetivo de alegrar a minha vida e tamb�m para que eu possa sobreviver. Sou muito agradecido a ela. Tenho certeza de que o p�blico vai adorar as lives, que ser�o feitas com muito carinho e compet�ncia por todos os envolvidos”, diz Guinga.
Foi f�cil chegar ao repert�rio, revela o homenageado. “Na realidade, n�o sou um compositor de sucesso, mas procuro fazer o melhor que posso. Tenho algumas coisas mais conhecidas, que jogo no palco para que os m�sicos e as cantoras possam desenvolver e cantar”, explica. “A live � tamb�m um registro da minha obra, que ficar� disponibilizado nas plataformas.”
O coronav�rus impactou o processo de cria��o de Guinga. “Consegui compor alguma coisa nesse per�odo de pandemia. Umas tr�s m�sicas somente, que pretendo tocar nos shows.” Por�m, ele avisa: continua fiel a seu m�todo de trabalho. “N�o estou preocupado em ficar lan�ando singles, como todo mundo faz hoje. Passo longe disso. N�o tenho nada contra, mas prefiro pensar mais na poss�vel eternidade do que na modernidade.”
Guinga reconhece a import�ncia dos avan�os da tecnologia, mas sem deslumbramento. “Acredito que tudo tem o lado bom e o lado ruim. Quero usar a internet n�o como veneno, mas como rem�dio. N�o gostaria de ver o meu nome todo dia l�. Ali�s, tenho horror a isso. Por�m, quero v�-lo dentro do cora��o das pessoas. Confesso que n�o entendo essa 'religi�o' moderna de ter algo na internet todos dos dias, n�o faz a minha cabe�a.”
At� 12 de novembro, o projeto receber� as cantoras C�ntia Graton, Simone Guimar�es, Bruna Moraes, Ana Carolina e Lu�sa Lacerda, al�m dos instrumentistas Jean Charnaux, Pedro Paes e Z� Nogueira.
O evento n�o se limitar� a performances musicais. Ciclo de palestras ser� comandado pela cantora, violonista, compositora e pesquisadora Anna Paes. Primeiramente, ser� abordada a parceria de Guinga com Paulo C�sar Pinheiro. Outros temas ser�o “Guinga, mem�ria, hist�ria e identidade” e “Viva Aldir!”, voltado para a parceria do homenageado com Aldir Blanc, que morreu em maio.
Neste s�bado (10), �s 20h, Guinga vai ministrar masterclass sobre a influ�ncia de Villa-Lobos e Tom Jobim em sua obra.
"A live � tamb�m um registro da minha obra, que ficar� disponibilizado nas plataformas"
Guinga, compositor
CINEMA
Transmitidas ao vivo do CCBB/Rio, as lives ser�o dirigidas por Fernanda Vogas. A fotografia � assinada por Thais Taverna, com cenografia de Carmen Slawinski. Cada noite ter� diferentes repert�rios e arranjos para a obra de Guinga.
Fernanda Vogas comemora a oportunidade de fazer a m�sica dialogar com a linguagem cinematogr�fica. “Ambas trabalham com o tempo. A identifica��o de Guinga com as vozes femininas � algo bastante caracter�stico dele. Para se ter uma ideia, ele tocou com Clara Nunes, Elis Regina, Elza Soares, Nana Caymmi, Ala�de Costa, Zez� Gonzaga, Mi�cha, Maria Jo�o, Leila Pinheiro e M�nica Salmaso.”
O projeto foi idealizado em 2018, relembra a diretora. “Sabia que Guinga completaria 70 anos em 2020. Como admiradora de sua obra, pensei em criar algo para homenage�-lo Suas composi��es t�m a capacidade de emocionar as pessoas, � um dos maiores compositores brasileiros. Mesmo com sua m�sica rebuscada e sofisticada, as can��es dele conseguem atingir tanto o cora��o das pessoas mais simples quanto de grandes m�sicos e estudiosos.”
A ideia inicial era fazer shows com plateia nas quatro unidades do CCBB, que funcionam em BH, Rio de Janeiro, Bras�lia e S�o Paulo. “A pandemia impediu isso, ent�o pensei em lives tendo mais cantoras como convidadas, al�m da M�nica Salmaso”, conta Fernanda.
A cineasta explica que as lives n�o repetir�o o “tratamento televisivo” que domina projetos dessa natureza. A transmiss�o direta, compara, ser� como um “document�rio ao vivo” com Guinga.
“Al�m das m�sicas apresentadas pelas cantoras, ele far� coment�rios sobre sua obra. Teremos todo um cuidado com os movimentos de tr�s c�meras de qualidade.” A alta defini��o das imagens ser� viabilizada por lentes apropriadas, adianta a cineasta.
“A cada show, eu e a diretora de fotografia faremos um roteiro para todas as c�meras, como se estiv�ssemos montando esse filme, s� que ao vivo. A obra de Guinga � muito imag�tica. Quando escuto a m�sica dele, imagens sempre me v�m � cabe�a”, conclui Fernanda Vogas.
GUINGA E AS VOZES FEMININAS
Hoje (8) – Com Leila Pinheiro e Marcus Tardelli
15/10 – Com C�ntia Graton e Marcus Tardelli
22/10 – Com Simone Guimar�es e Jean Charnaux
25/10 – Com Anna Paes e Pedro Paes
29/10 – Com Bruna Moraes e Jean Charnaux
1º/11 – Com Ana Carolina e Jean Charnaux
5/11 – Com Ilessi e Jean Charnaux
8/11 – Com Lu�sa Lacerda e Jean Charnaux
12/11 – Com Leila Pinheiro e Marcus Tardelli
Sempre �s 20h, as lives ser�o transmitidas no canal oficial do Banco do Brasil no YouTube