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Estado de Minas LITERATURA

Luiz Rufatto desvenda a obra de Campos de Carvalho

Escritor participa do projeto 'Letra em cena' nesta ter�a (13) e pretende mostrar como o contexto do p�s-Segunda Guerra e da Guerra Fria engendrou um autor da desesperan�a


13/10/2020 04:00 - atualizado 13/10/2020 08:44


Com seis romances publicados, todos entre 1941 e 1964, Walter Campos de Carvalho (1916 - 1988) n�o figura entre os autores de obras mais extensas na literatura brasileira. Por�m, seus romances guardam aspectos bem peculiares, que ser�o assunto de encontro virtual na noite desta ter�a-feira (13), como parte do ciclo Letra em Cena, promovido pelo Centro Cultural Minas T�nis Clube.

O respons�vel por elucidar “Como ler campos de Carvalho” � o tamb�m escritor mineiro Luiz Ruffato, na opini�o de quem o autor nascido em Ube- raba merece "um olhar um pouco mais atento".

"Quando recebi o convite, achei que seria bastante oportuno tratar de um autor n�o t�o conhecido, mas que merece uma releitura, pelo menos. Isso n�o significa que eu ache que ele � mais ou menos importante, mas que merecia esse olhar", afirma Rufatto.~

Dizendo-se apenas um leitor, e n�o um especialista na obra de Campos de Carvalho, Rufatto destaca a import�ncia de se deixarem de lado alguns r�tulos que, historicamente, associam ao surrealismo o autor de Banda forra (1941), Tribo (1954), Vaca de nariz sutil (1961), A chuva im�vel (1963), O p�caro b�lgaro (1964), al�m do mais conhecido, A lua vem da �sia, de 1956.

GAVETA


"Sinceramente, acho que quando se  tenta colocar determinado autor numa determinada gaveta, como surrealismo ou naturalismo, empobrece-se a leitura. Esse conceito de que a ideia dele seja surrealista � bastante discut�vel,  no meu ponto de vista. N�o sei quais par�me- tros poder�amos usar para de- terminar isso. A quest�o � que, pelo fato de a obra dele ser um tanto quanto estranha, quase sem nenhum parentesco com o resto da literatura brasileira, isso, sim, a fez ser mal compreendida, mal lida talvez."

Para Rufatto, "muito melhor do que cham�-lo de surrealista seria chamar a aten��o para que a obra dele seja lida sem nenhuma pr�-leitura ou preconceito, pois ela � importante justamente por abrir muitas possibi- lidades de interpreta��o". 

Embora seja alvo de admira��o, tendo alguns de seus t�tulos sido adaptados para o teatro, como � o caso de A lua vem da �sia, que ganhou montagem capitaneada pelo ator Chico Diaz, em 2011, Campos de Carvalho sempre despertou m�ltiplas rea��es no p�blico e na cr�tica por sua escrita pouco convencional. 

DESESPERO


"Talvez, o mais interessante nele hoje � a lite- ratura de desespero. � uma lite- ratura que n�o dialoga com a esperan�a. Ela tem um certo olhar de estupefa��o frente � realidade. � preciso lembrar que � uma obra escrita logo ap�s a Segunda Guerra Mundial, ap�s o advento da bomba at�mica e durante a Guerra Fria, quando n�s todos est�vamos sob a possibilidade imensa de que o mundo, de uma hora para ou- tra, acabasse", aponta o escritor convidado, que tra�a paralelos entre essa tem�tica e os acontecimentos atuais. 

"� uma obra muito centrada nessa ideia de fim, de fim coletivo, que � um pouco o que vivemos hoje. Em 2019, ela seria contempor�nea, mas em 2020 � ainda mais. N�o s� pela COVID-19, que � uma circunst�ncia, mas porque novamente estamos experimentando essa conjun��o de for�as armamentistas, novamente vendo grandes pot�ncias redefinirem o mundo, sem que n�s, meros espectadores, saiba- mos o que vir�. Essa desespe- ran�a, descren�a e desespero s�o a t�nica da literatura dele." 

O ator Glic�rio do Ros�rio far� leitura de textos de Campos de Carvalho. A conversa com Rufatto ser� conduzida por Jos� Eduardo Gon�alves, curador do Letra em Cena. 

SEMPRE UM PAPO COM HUMBERTO WERNECK

O jornalista e escritor Humberto Werneck e o cronista Altamir Barros, idealizador do Memorial Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, s�o os convidados do projeto Sempre um Papo, �s 18h desta ter�a-feira (13) . O tema da conversa � “Poesia de Drummond e Itabira”. Na quinta (15), no mesmo hor�rio, o convidado � Frei Betto, que apresenta o seu Di�rio de quarentena – 90 Dias em fragmentos evocativos, editado pela Rocco. A transmiss�o dos eventos � feita ao vivo, nos canais do Sempre um Papo no YouTube, Instagram e Facebook. O acesso � gratuito.  


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