
L�der ind�gena e ambientalista, Ailton Krenak � um dos escritores brasileiros mais lidos e comentados ao longo deste ano. Seus dois livros mais recentes, Ideias para adiar o fim do mundo (2019) e A vida n�o � �til (2020), ambos pela Companhia das Letras, adaptados de confer�ncias e palestras, pautaram debates que procuraram refletir sobre o momento atual, a pandemia, os sucessivos desastres ambientais e a resist�ncia ind�gena, bem como sobre o impasse que a humanidade vive.
Krenak � o convidado da edi��o de encerramento do quinto ano do Letra em cena: Como ler. Nesta ter�a (15), ele participa de conversa com o curador do projeto, o jornalista Jos� Eduardo Gon�alves, no canal do YouTube do Minas T�nis Clube. O programa ainda ter� leitura de textos pelo ator Glic�rio Ros�rio. O bate-papo virtual, no entanto, ter� outro mote. Eleito intelectual do ano pelo pr�mio Juca Pato, concedido pela Uni�o Brasileira de Escritores, Krenak vai conversar sobre literatura ind�gena.
“At� 1990, a gente raramente encontrava alguma obra assinada por um ind�gena, ainda que eles sejam personagens da literatura brasileira, como s�mbolo de certa identidade nacional, desde a carta de Pero Vaz de Caminha”, comenta Gon�alves.
Romantizado na literatura, na pintura e no cinema, o ind�gena, na opini�o do curador, � muito presente enquanto personagem, mas pouco lido.
“� uma literatura que sempre existiu, mas de forma oral, pois faz parte da cultura ancestral. Desde a Constitui��o de 1988, quando foram ampliados os direitos dos ind�genas, sua literatura emergiu”, acrescenta o jornalista, destacando, al�m de Krenak, o autor infantojuvenil Daniel Munduruku e o xam� Yanomami Davi Kopenawa, autor de A queda do c�u (Cia. das Letras).
“S�o livros em que os autores falam de sua forma de enxergar o mundo, de sua cultura pr�pria, que � bem diferente do nosso c�none ocidental. A ideia (da conversa com Krenak) � observar que tipo de narrativa est� come�ando a aparecer, mostra como ela faz parte de um movimento de resist�ncia”, acrescenta Gon�alves.
O projeto, que at� a chegada da pandemia era apresentado mensalmente no caf� do Centro Cultural Minas T�nis Clube, foi reinventado para o meio digital. “Conseguimos ampliar nossa visibilidade. Uma coisa era ter 100 pessoas em um evento presencial liter�rio. Agora, temos milhares de acessos. Levamos o projeto para fora de Belo Horizonte e at� mesmo fora do Brasil. Ampliamos sem perder o p�blico original”, afirma Gon�alves.
Nos encontros virtuais, que passaram a ser quinzenais, o recorde de p�blico foi da escritora Marina Colasanti, que em agosto participou de edi��o comemorativa do centen�rio de Clarice Lispector.
Este ano, morreram dois grandes nomes da literatura brasileira, Rubem Fonseca e S�rgio Sant’Anna, tamb�m celebrados no projeto. “(O meio virtual) Abriu a possibilidade de conversar com pessoas com uma agenda dif�cil, que n�o poderiam vir a Belo Horizonte para um projeto de literatura”, conta Gon�alves, exemplificando com a participa��o de diretora de teatro Bia Lessa, que falou sobre Sant’Anna em outubro.
LETRA EM CENA: COMO LER
Com Ailton Krenak. Nesta ter�a (15), �s 20h, em youtube.com/minastcoficial