Luedji Luna lan�a disco que produziu enquanto estava gr�vida

Assim como fez com seu trabalho de estreia, Um corpo no mundo (2017), Luedji Luna lan�ou de mansinho seu segundo �lbum de est�dio, Bom mesmo � estar debaixo d'�gua, nesta semana. Anunciado em setembro com o lan�amento da m�sica-t�tulo, o trabalho foi constru�do durante a primeira gesta��o da cantora e compositora baiana, com a ajuda de escritoras e poetas de diferentes gera��es. Chegou �s plataformas digitais na �ltima quarta-feira (14). 

''Me sinto duplamente m�e. Este trabalho � como se fosse o meu segundo filho. Todo o processo de concep��o, pr�-produ��o e grava��o aconteceu durante a gesta��o, ent�o ele � atravessado por esse grande portal que � a maternidade'', afirma ela.

Composto por 12 faixas, o �lbum conta com um trecho de um poema da escritora mineira Concei��o Evaristo em Ain't got you, uma das duas m�sicas em que Luedji � somente int�rprete – a outra � Origam. Com Cidinha da Silva, outra escritora mineira, a artista escreveu Len��is, m�sica gravada com a participa��o da poeta brasiliense Tatiana Nascimento.

Recado marca a parceria de Luedji com a poeta baiana Dejanira Rainha Santos Melo. J� a m�sica Erro traz o segundo encontro da artista com a cantora e compositora brasiliense Marissol Mwaba, que assina a faixa Not�cias de Salvador no �lbum anterior de Luedji.

''Esse � um disco com can��es em parceria, majoritariamente. Acho que compor com outras pessoas me levou para outros caminhos mel�dicos, e isso traz ao disco uma sonoridade distinta'', comenta ela.

Musicalmente, o disco mistura jazz e ritmos africanos. As can��es nasceram entre a �frica – mais precisamente no Qu�nia – e o Brasil, com produ��o musical assinada pelo guitarrista queniano Kato Change e a pr�pria Luedji Luna. ''Qu�nia foi o primeiro pa�s em que fui no continente africano. Fiz rela��es estreitas com as pessoas e a cultura de l�'', conta a cantora.

Segundo ela, enquanto seu primeiro disco significou uma busca por uma �frica ancestral, no segundo, o continente � abordado de forma atualizada e moderna. ''Gosto de dizer que o Qu�nia � a minha Wakanda. Venho escutando muitos artistas novos da Nig�ria, de Cabo Verde, de Gana. Sinto que a sonoridade do disco muda, e foi uma busca proposital, mas ainda tem muita coer�ncia com o que foi produzido no disco anterior, a mesma identidade'', avalia.

As letras presentes no disco refletem sobre a afetividade de mulheres negras e os impactos das condi��es sociais em suas exist�ncias. ''Como essas opress�es atravessam a subjetividade das mulheres pretas? Como a sociedade enxerga as mulheres pretas no campo da afetividade? Como as mulheres pretas expressam essa afetividade?'', questiona a cantora.

Al�m de disco, Bom mesmo � estar debaixo d'�gua se desdobra num produto audiovisual dispon�vel no YouTube, com dire��o de Joyce Prado, cofundadora da Associa��o do Produtores do Audiovisual Negro (Apan). Ela � a diretora do clipe de Banho de folhas, m�sica que impulsionou o primeiro �lbum de Luedji Luna.

''Eu ainda sou daquelas pessoas que gostam de ouvir discos inteiros, assistir a clipes. E tamb�m gosto de fazer arte. Entendo que existe a parte do mercado, do game, mas, para mim, � importante fazer um v�deo para criar a imagem dessas can��es. Escrevi o roteiro na viagem de oito horas at� o Qu�nia, e a grava��o foi feita em Salvador, em pleno carnaval. Eu j� estava gestante, foi cansativo, mas o resultado � muito gratificante'', afirma ela.

Isolada em casa, em S�o Paulo, Luedji Luna lamenta n�o poder estar na estrada divulgando o disco. Para ela, lan�ar esse trabalho num momento como este � uma resposta ao que o mundo inteiro est� passando.

“Sinto esse disco como um filho e meu filho me traz vida a despeito de mortes, de doen�a, do fim do mundo. Ele vem para mostrar que n�o � o fim. Ainda h� muito por viver.”

Luedji Luna

Independente 

Dispon�vel nas plataformas digitais