
Paco Pigalle est� h� 56 anos neste mundo. Cidad�o franc�s nascido em Casablanca, filho de marroquino com espanhola, chegou ao Brasil nos anos 1980 e aportou em Belo Horizonte em 1989. Sempre com um p� l�, outro c�, h� mais de 30 anos o DJ e produtor cultural � refer�ncia de noite, boa m�sica e bom papo na capital mineira.
O bar dan�ante que leva seu nome, a partir do primeiro local, na Avenida Jo�o Pinheiro com Rua Bernardo Guimar�es, j� teve 12 endere�os na cidade. Mas, desde 2003, ele sentou o p� no n�mero 2.314 da Avenida do Contorno, no Floresta.
“A nossa profiss�o n�o teve chance de adapta��o. Voc� pode entregar pizza, jornal, mas n�o pode fazer festa. E aglomera��o � a ess�ncia da nossa atividade”, diz ele, que est� com o Paco Pigalle, obviamente, fechado desde mar�o.
Pois como tanta gente, Paco tamb�m vem se reinventando na pandemia. Leva o nome de Prato Pigalle o servi�o de entrega de pratos criados sob influ�ncia da cultura mediterr�nea. Foram concebidos em parceria com o chef Alain Patrick Ducasse, franc�s radicado em BH, que vem de uma experi�ncia de mais de uma d�cada com o Taste Vin – e n�o tem, diga-se de passagem, parentesco algum com seu hom�nimo, c�lebre papa da cozinha.''Cresci na periferia de Paris, morava em um pr�dio de 12 andares, com 10 apartamentos por andar. Nesses pr�dios da periferia, nem sempre o elevador funciona. Pela escada, quando passava no s�timo andar, eram s� moradores dos Andes; no sexto, da antiga Iugosl�via; no quinto, s� africanos. Quando sa�a do meu apartamento, no 11� andar, eu passava pelos quatro continentes''
Paco Pigalle, DJ e produtor cultural

MOUSSAKAS
Entre as op��es est�o as moussakas (R$ 33, para uma pessoa), tradicionais na culin�ria do Oriente M�dio, � base de berinjela, molhos branco e de tomate. H� duas vers�es: a cl�ssica (berinjela, molho bechamel, molho de tomate e carne mo�da) e a vegetariana (troca-se a carne pelo tofu).J� a espanhola paella tem tr�s op��es, com por��es tamb�m para uma pessoa: Hueartana (arroz condimentado e cozido com piment�o vermelho, ervilha, vagem, cenoura, champignon e br�colis, R$ 33), Campesina (arroz condimentado e cozido com lingui�a de paio, cortes de frango e porco, R$ 38), Valenciana (arroz condimentado e cozido com frutos do mar, R$ 45). O card�pio ainda abriga quiches e pratos executivos.
Os pratos saem de uma casa em frente ao bar. Antes da pandemia, Paco havia alugado a casa de n�mero 2.419 na Contorno. Faria ali o Pigallossaurus. “Eu, com a minha idade, estava achando menos gra�a na discoteca. Vou l� a trabalho para tocar para os filhos da galera. A ideia � fazer o Pigallossaurus para o pessoal do mil�nio passado, os ‘pigallianos’ das antigas”, ele diz.
''A nossa profiss�o n�o teve chance de adapta��o. Voc� pode entregar pizza, jornal, mas n�o pode fazer festa. E aglomera��o � a ess�ncia da nossa atividade''
Paco Pigalle, DJ e produtor cultural
Mesmo que o projeto do bar tenha sido interrompido, assim que as coisas se normalizarem ele planeja reabrir a antiga casa e inaugurar a nova. “A estrutura estava pronta, com cozinha e tudo. Mas, pela primeira vez na minha vida, todas as portas se fecharam e os projetos ca�ram (ele tinha contratos para tocar em festas em outros pa�ses)”, comenta.
Viver da noite por tantas d�cadas nem sempre � f�cil. “Vivo bem. Mas quando vejo novos bares abrindo e fechando, vejo que tive sorte. Meus pais tinham um restaurante em Pigalle (bairro bo�mio de Paris), mas nunca trabalhei nele. Quando cheguei aqui e abri meu bar, fui extremamente amador. Acho que o sucesso veio do amadorismo, pois n�o entendia a profiss�o. Por isso nunca fiz igual aos outros. Toco samba, mas n�o no carnaval, posso tocar Fernanda Abreu em 2020, mas n�o em 1995 (quando ela estava no auge). Estou sempre na contram�o.”
''Virei mineiro, ent�o sou desconfiado. S� vamos reabrir quando liberarem mesmo. N�o tenho pressa, n�o vou fazer adapta��o da famosa fita de dois metros (entre as mesas)''
Paco Pigalle, DJ e produtor cultural

PERIFERIA
A m�sica do mundo, o que se ouve nas festas e nos bares de Paco – por anos ele teve o programa de r�dio N�made – � algo que vem de sua pr�pria trajet�ria. “Cresci na periferia de Paris, morava em um pr�dio de 12 andares, com 10 apartamentos por andar. Nesses pr�dios da periferia, nem sempre o elevador funciona. Pela escada, quando passava no s�timo andar, eram s� moradores dos Andes; no sexto, da antiga Iugosl�via; no quinto, s� africanos. No meu pr�dio havia umas 20 nacionalidades. Quando sa�a do meu apartamento no 11º andar, eu passava pelos quatro continentes.”E m�sica e comida s�o os primeiros passos para a descoberta de uma nova cultura. “Virei mineiro, ent�o sou desconfiado. S� vamos reabrir quando liberarem mesmo. N�o tenho pressa, n�o vou fazer adapta��o da famosa fita de dois metros (entre uma mesa e outra). Como cortaram a corda da m�sica, da aglomera��o, do show, agora a viagem tem que ser gustativa”, diz.
PRATO PIGALLE
• Pedidos devem ser feitos pelo aplicativo iFood de segunda a sexta, das 11h �s 15h. Informa��es: (31) 98313-7980.