Indie Festival come�a nesta quarta com 35 filmes de 16 pa�ses

O que era novidade na fase inicial da pandemia, depois de sete meses de isolamento social deixou de ser. Mostras e festivais de cinema mundo afora, impedidos de ser realizados presencialmente, transformaram as plataformas em aliadas. Com os eventos no digital, e agora dispon�veis via banda larga, cada qual tem que buscar seu diferencial no mar de streaming que invadiu nossas vidas.

Tradicional para o p�blico cin�filo de Belo Horizonte, que o frequenta desde 2000, o Indie Festival chega � 19ª edi��o nesta quarta-feira (4) mantendo a mesma proposta. Filmes independentes, autorais, boa parte deles in�ditos no Brasil. As 35 produ��es de 16 pa�ses ser�o exibidas em 43 sess�es, dispon�veis em todo o territ�rio nacional.

“O que determina um festival � ter um grupo de curadores que programam o que ser� visto. No caso do cinema independente, em que o p�blico n�o conhece todos os nomes envolvidos na cena, � obviamente o curador quem orienta o olhar”, afirma Francesca Azzi, fundadora e curadora do evento.

''Cinema independente n�o � Netflix''

Francesca Azzi, curadora do Indie 2020

LIMITE

Ao contr�rio de outros festivais, que deixam os filmes dispon�veis por v�rios dias, o Indie fincou p� no hor�rio e na quantidade de sess�es. Longas e curtas ser�o exibidos uma ou, no m�ximo, duas vezes. E as exibi��es ter�o n�mero restrito de visualiza��es – de 200 a 800 por t�tulo (nesse �ltimo caso, se o filme tiver duas sess�es).

“As pessoas t�m de entender que existe um mercado de cinema paralisado e as perspectivas s�o p�ssimas. A gente acredita que os filmes (do festival) v�o entrar em cartaz, ent�o (a exibi��o restrita) � uma prote��o para que as salas de cinema n�o acabem. Cinema independente n�o � Netflix”, acrescenta Francesca.

Como forma de estimular a produ��o audiovisual, o Indie, pela primeira vez, ter� mostra competitiva. Oito produ��es selecionadas ser�o avaliadas pelo j�ri. A eleita ganhar� um contrato de distribui��o com a Zeta Filmes, tamb�m realizadora do festival.

O programa � dominado por latinos e asi�ticos. Do lado de c�, est�o produ��es como a mexicana Sanctorum – sexta-feira (6), �s 16h40, e s�bado (7), �s 21h40 –, de Joshua Gil, drama com elementos fant�sticos sobre um garoto que vive em regi�o dominada pelo tr�fico e pede aos deuses da natureza pela volta da m�e desaparecida, e a argentina Edi��o ilimitada – quinta (5), �s 17h30, e dia 10, �s 22h –, drama dirigido a oito m�os por Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin e Romina Paula.

No primeiro m�s da quarentena, o veterano americano James Benning rodou em sua casa, em Val Verde, na Calif�rnia, o filme On paradise road – atra��o de quinta-feira (5), �s 16h10, e do dia 11, �s 17h40.

O programa Premi�re re�ne nove longas em pr�-estreias on-line, com apenas uma exibi��o. O document�rio PJ Harvey: Um c�o chamado dinheiro – s�bado (7), �s 20h –, de Seamus Murphy, � uma das estrelas. A cultuada cantora e compositora inglesa deixou a zona de conforto e acompanhou o fot�grafo irland�s em viagens pelo mundo (Afeganist�o e Kosovo foram alguns dos lugares). Desse encontro nasceu o �lbum The hope six demolition project (2016) e tamb�m o filme.

Previsto (e impedido) de chegar aos cinemas em maio, Vitamina Varela – atra��o de sexta (6), �s 20h20 –, do portugu�s Pedro Costa, � outro destaque. Premiado nos festivais de Locarno, Dublin e Chicago, acompanha a personagem-t�tulo, uma cabo-verdiana recentemente vi�va que vai para Portugal logo ap�s o funeral do marido e descobre outra vida em Lisboa.

O Brasil est� representado na Premi�re com Rodantes – dia 8, �s 19h40 –, estreia em longa-metragem de Leandro Lara, belo-horizontino radicado em S�o Paulo, conhecido no meio audiovisual como Leandro HBL.

A narrativa acompanha tr�s personagens: Tatiane, jovem que tenta se reinventar ap�s um passado traum�tico; Odair, rapaz que deixa a influ�ncia dos pais em meio a descobertas sexuais; e Henry, imigrante haitiano que tenta sobreviver com os dois filhos ap�s a morte da mulher.

J� A barqueira – s�bado (7), �s 18h40 –, de Sabrina Blanco, � uma coprodu��o Argentina/Brasil sobre uma adolescente que vive numa favela na Prov�ncia de Buenos Aires e sonha se tornar barqueira. O diretor Wayne Wang, conhecido pelos dramas O clube da felicidade e da sorte (1993) e Cortina de fuma�a (1995), retorna � narrativa dram�tica em De volta para casa – dia 10, �s 20h30 –, protagonizada por um jovem escritor sul-coreano.

SALLITT

Al�m das mostras principais, o Indie traz tr�s programas. A se��o Retrospectiva � dedicada ao diretor americano Dan Sallitt, nome relevante do cinema independente contempor�neo de seu pa�s. Ser�o exibidos cinco longas e um curta, Caterina – dia 8, �s 19h20, e dia 11, �s 19h30 –, sua produ��o mais recente, sobre uma latino-americana que vive em Nova York.

Seis produ��es integram a chamada Sess�o especial, entre elas o curta Vapor – dia 8, �s 18h50, e dia 11, �s 19h –, do tailand�s Apichatpong Weerasethakul, queridinho do Indie. Convidado pelo festival para indicar uma de suas obras, ele selecionou o curta de 2015 em que mostra sua pr�pria cidade, o vilarejo de Toongha, envolvido por nuvens de inseticida. A escolha, de acordo com ele, tem rela��o com o momento presente, em que todos voltaram para casa, e as dificuldades ambientais no planeta.

Por fim, fazendo refer�ncia a seu pr�prio passado, o Indie elencou seis curtas para a Sess�o Fluxus. O programa remete ao festival criado h� duas d�cadas pela Zeta com exibi��o exclusivamente via internet.

Com produ��es do Ir�, Su��a, �ndia, Estados Unidos e Alemanha, Fluxus apresenta tamb�m a videoarte Motriz – nesta quarta (4), �s 16h40, e dia 9, �s 19h50 –, produ��o in�dita do mineiro Rodolfo Magalh�es.

Desta quarta-feira (4) a 11 de novembro, em www.indiefestival.com.br. Gratuito.