Fundado em 1967, o Jethro Tull � uma das maiores bandas da hist�ria do rock progressivo, unindo elementos de folk, blues, rock e psicodelia.
Com 75 milh�es de �lbuns vendidos e um Grammy conquistado em 1988, entre as caracter�sticas mais not�veis do Tull est� o casamento improv�vel entre a guitarra de Martin Barre e a flauta de Ian Anderson, dupla que se manteve � frente do conjunto de 1968 at� 2011, quando a banda entrou em hiato.
Desde ent�o, flautista e guitarrista se mantiveram afastados, para tristeza dos ouvintes. Mas esses f�s t�m finalmente um motivo para comemorar: se n�o h� perspectiva de que a dupla reate as rela��es, Barre lan�ou, nas principais plataformas de streaming, o �lbum duplo 50 years of Jethro Tull.
Nesta entrevista, o guitarrista ingl�s fala sobre sua carreira, sua rela��o com Anderson e suas expectativas para o futuro.
Como foi a sensa��o de revisitar m�sicas cl�ssicas com uma nova abordagem?
Eu me diverti muito gravando. Tinha de soar fresco, vital, ter essa vitalidade. Mas n�s realmente aproveitamos. Muitas delas n�s costum�vamos tocar ao vivo.
Voc� j� afirmou em entrevistas que Benefit � seu �lbum favorito do Jethro Tull. Por qu�?
Simplesmente, gostei mais de grav�-lo. Todas as can��es s�o muito boas, mas em Benefit n�s t�nhamos mais confian�a. Foi um disco com boa aceita��o em todo o mundo. Essencialmente, o melhor disco foi Stand up, mas de modo geral gostei mais de gravar Benefit.
Voc� comp�s por quatro d�cadas com a dicotomia entre guitarra e flauta em mente. Esse processo criativo mudou em sua carreira solo, sem a flauta?
N�o mudou muito, porque a flauta toca uma linha mel�dica, um riff, mas a guitarra � muito mais expressiva musicalmente. Se h� uma flauta passando pela m�sica, n�s podemos replic�-la com minha guitarra. No Jethro Tull, as m�sicas funcionam bem porque Anderson e eu sab�amos dar espa�o um ao outro.

No in�cio de sua carreira, o rock progressivo era sempre inovador. Como manter esse sentimento experimental ap�s cinco d�cadas?
Se pudesse colocar esse sentimento em uma garrafa e vend�-lo, ficaria rico. Tenho isso em meu cora��o. Sempre que pego a guitarra para tocar, todos os dias, penso que � a primeira vez que fa�o pelo resto da minha vida.
Nos anos 1970 e 1980, as bandas de rock precisavam arrastar multid�es para se manter relevantes. Hoje, com o streaming, a banda pode cativar um p�blico mais fiel e capilarizado, sem precisar ser t�o comercial. Essa mudan�a de din�mica teve algum impacto em sua m�sica?
N�o, porque n�s nunca nos importamos com modas. Poder�amos ter replicado f�rmulas de sucesso, fazendo um Aqualung 2, por exemplo, mas nunca quisemos ser esse tipo de banda. A boa m�sica sempre vai se sobressair, independentemente de ser tocada para 20 pessoas ou para 20 mil. Prefiro, claro, tocar para 20 mil, mas n�o h� diferen�a, a m�sica � sempre a mesma.
Seu show em S�o Paulo este ano foi um dos �ltimos antes que a pandemia for�asse o cancelamento das apresenta��es ao vivo. Como voc� tem passado a quarentena e o que espera para o futuro?
Tenho composto m�sicas, provavelmente vou gravar um �lbum solo no ano que vem. Pretendo lan�ar um DVD gravado ao vivo neste Natal. Enquanto isso, tenho tocado guitarra diariamente, como sempre fiz, estou praticando mais a flauta… Adoro jogar t�nis de mesa. Tenho uma m�quina que arremessa bolinhas para mim. Estou frustrado por n�o poder tocar para meu p�blico, mas espero que logo isso seja poss�vel novamente.
O que voc� acha da cena contempor�nea do rock?
N�o invejo os m�sicos mais jovens. Fazer shows se tornou, em algumas �reas, menos importante do que manufaturar m�sicas em computadores.
H� alguma chance de uma reuni�o do Jethro Tull com voc� e Ian Anderson?
N�o acredito. Essa chance fica menor e menor... O maior ind�cio � que o anivers�rio de 50 anos da banda passou e n�o houve qualquer iniciativa nesse sentido, nenhuma celebra��o ou �lbum, nem sequer uma reuni�o dos m�sicos.