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Estado de Minas DISCO

Grupo Porco traduz o desastre da pandemia no CD 'O futuro vai ser pior'

Conhecida no cen�rio do rock alternativo de BH, banda trabalhou de modo remoto com parceiros na capital mineira e em outros estados


14/11/2020 04:00 - atualizado 14/11/2020 14:55

Thiago Machado, conhecido como Porquinho e líder da banda Porco, produziu o disco em sua casa, em Belo Horizonte
Thiago Machado, conhecido como Porquinho e l�der da banda Porco, produziu o disco em sua casa, em Belo Horizonte (foto: Poliana Marques/Divulga��o)

Em 2020, n�o faltam motivos para dizer que o presente n�o � dos melhores. No entendimento do Grupo Porco, h� 12 anos em atividade na cena do rock pesado alternativo de Belo Horizonte, O futuro vai ser pior, como anuncia em seu rec�m-lan�ado �lbum, totalmente produzido durante a pandemia. 

Apesar de refletir nas letras e melodias a ang�stia que os tempos atuais carregam, o trabalho possibilita um reencontro musical de artistas atuantes no underground da capital mineira e de outros estados, que seguem dando vaz�o � criatividade contestadora, mesmo em isolamento. 

Entre as 15 faixas, j� dispon�veis nas principais plataformas digitais, est�o parcerias com Polly Terror, Pedro Florez e Fernando Motta, presen�as recorrentes em festivais e eventos da m�sica autoral contempor�nea e pr�-pand�mica na capital mineira. Tamb�m aparecem convidados de outros estados, como Jo�o Lemos, do grupo paraense Molho Negro, Gus Lanzetta (SP), Jo�o Kombi, da banda paulista Test, e os alagoanos Smhir Garcia e Rodolfo Lima. 

Al�m disso, Thiago Machado, o Porquinho, vocalista, guitarrista e letrista, ganha duas novas companhias no grupo, que j� fizeram parte da grava��o: a baixista L�cia Vulcano, integrante tamb�m da Pata; e Malibu, do Jota Qu�rcia, que assume a bateria. Eles substituem Lucas Mortimer e Marcos Batista, que deixaram o Grupo Porco no ano passado.

Com hist�ria de longa data na m�sica independente e conhecido por outras atua��es musicais, como na amada, pol�mica e extinta UDR, e na banda Fodastic Brenfers, Porquinho diz que o plano inicial n�o era um �lbum. Por�m, at� pelos fatores ligados ao isolamento e � pandemia, veio a possibilidade de uma dedica��o maior ao acabamento das composi��es e assim surgiu a unidade necess�ria para o trabalho. 

MATUTAR 
“Para mim � muito dif�cil trabalhar no mesmo projeto por quase um ano. Costumo soltar as m�sicas mais rapidamente. Mas desta vez pensei em fazer diferente, matutar mais em cima de cada m�sica”, afirma o vocalista. A sequ�ncia de acontecimentos estarrecedores registrados desde o come�o do ano deu origem a uma cole��o de can��es experimentais que transmitem parte do sentimentos de quem testemunha essa desorganiza��o do mundo, temperadas pela criatividade sarc�stica de Porquinho. 

“Acabamos tendo a pandemia e, antes disso, aquele risco de guerra no come�o do ano (quando uma a��o militar dos EUA assassinou o general iraniano Qasem Soleimani). E a cereja do bolo que � o governo Bolsonaro, com tudo isso que a gente v�, como nessa �ltima declara��o dele chamando os Estados Unidos para a briga. Foi tudo isso, junto com o que j� v�nhamos passando”, afirma Porqui- nho, sobre as inspira��es. Ele teve ainda a colabora��o de parceiros com quem j� havia feito outros trabalhos e at� dividido o palco anteriormente. 

O resultado � um repert�rio que fala tamb�m de ansiedade, desesperan�a, medo (que � o t�tulo de uma das faixas), envelhecimento, cansa�o, entre outros temas. “Nas m�sicas que eu fiz,  as letras como Medo e Velho bobo e triste t�m essa vibe e s�o muito sobre essa ideia de que o futuro vai ser pior.”

Ele conta que a m�sica que d� t�tulo ao �lbum “nem surgiu para ser tema do disco, mas engloba muito do que temos passado, as expectativas com as coisas, essa paranoia em que estamos. Tem esse sentimento pelo qual passamos, sobretudo no in�cio da pandemia, nessa coisa de ficar isolado, lidando com aceita��o da situa��o, foi uma coisa muito doida. A gente foi obrigada a se confrontar, presa em casa, e uma das formas que fa�o isso � com a m�sica”. 

Apesar de contar com diversas  participa��es, praticamente todo o disco foi feito a dist�ncia, com cada um gravando em sua casa. Coube ao mentor do Grupo Porco reunir todo o material para a produ��o e trabalhos t�cnicos, conectando tudo sob arranjos que experimentam vertentes musicais diferentes. 

O caracter�stico grindcore da banda � distorcido com incurs�es pelo trap, industrial metal, black metal e at� o lo-fi voz e viol�o, dando um tom menos agressivo e mais ca�tico. Segundo ele, “comparando nosso primeiro lan�amento com esse, a diferen�a � que temos equipamentos muito melhores agora. S�o 12 anos de banda, tempo suficiente n�o s� para adquiri-los, mas tamb�m para domin�-los”. No aprimoramento das t�cnicas com os sintetizadores, Porquinho contou com as li��es de Retrigger, artista da m�sica eletr�nica de BH. 

Al�m de produzir todo o disco em sua casa, o m�sico gravou, editou e lan�ou clipes para quatro m�sicas, tamb�m de forma artesanal (confira um deles abaixo):

Outro v�deo foi feito pela baixista L�cia Vulcano e um sexto pelo videomaker GG Dimartino. Todos est�o dispon�veis no canal da banda no YouTube e em seu site oficial (grupoporco.com). 

A fim de produzir novos conte�dos audiovisuais ligados ao disco e cobrir parte do investimento feito em O futuro vai ser pior, o grupo lan�ou uma campanha de financiamento coletivo (www.evoe.cc/grupoporco2020), que oferece recompensas aos apoiadores. 

O futuro vai ser pior
15 faixas
Independente
Nas plataformas digitais 

O líder do System of a Down, Serj Tankian (à esq.), apoia o líder oposicionista armênio Nikol Pashinyan, em ato político em Erevã, capital da Armênia, em 2018
O l�der do System of a Down, Serj Tankian (� esq.), apoia o l�der oposicionista arm�nio Nikol Pashinyan, em ato pol�tico em Erev�, capital da Arm�nia, em 2018 (foto: Sergei GAPON/AFP)

System of a Down volta para a guerra

O contexto mundial com nuances apocal�pticas inspirou outro lan�amento no rock pesado, em escala global. Depois de 15 anos sem in�ditas, desde o lan�amento do disco Hypnotize (2005), o System of a Down divulgou duas novas m�sicas na �ltima semana. 

Dispon�veis nas plataformas digitais, Protect the land e Genocidal humanoidz, como os t�tulos sugerem (Proteja a terra e Genocida humanoidz, em tradu��o livre), trazem o peso caracter�stico das melodias do grupo tamb�m no protesto contra o conflito b�lico entre a Arm�nia e o Azerbaidj�o, intensificado em setembro. 

Os integrantes da banda californiana (Serj Tankian, Daron Malakianm, Shavo Odadjian e John Dolmayan), que � uma das mais populares de heavy metal do planeta, s�o descendentes de arm�nios. Portanto, t�m liga��o direta com o contexto.

Al�m das m�sicas, o grupo lan�ou uma campanha de arrecada��o de doa��es para as v�timas do confronto. Em texto publicado em sua p�gina na plataforma Bandcamp, o System of a Down  denuncia que “os atuais regimes corruptos de Aliyev, no Azerbaidj�o, e Erdogan, na Turquia,  agora querem n�o apenas reivindicar essas terras como suas, mas est�o cometendo impunemente atos genocidas contra a humanidade e a vida selvagem, para cumprir sua miss�o. Eles est�o apostando que o mundo est� muito distra�do com a COVID-19, elei��es e agita��o civil para denunciar suas atrocidades”.

Em comunicado divulgado pela revista norte-americana Variety, o guitarrista Daron Malakian declarou: “Provavelmente, somos a �nica banda de rock que tem governos como inimigos, a �nica banda de rock que est� em guerra, ent�o escrevi essas m�sicas para aumentar o moral de nossas tropas e dos arm�nios em todo o mundo”. 

O baixista Shavo Odadjian tamb�m fez um apelo, comparando a guerra a um 11 de setembro di�rio na Arm�nia, em entrevista a uma TV dos EUA.  



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