Cole��o Precursoras come�a com 'Ensaios' da primeira feminista

Com o objetivo de resgatar e divulgar obras de autoras brasileiras do s�culo 19 e in�cio do s�culo 20, a editora mineira Luas criou a Cole��o Precursoras. “Se n�s, mulheres, conseguimos chegar aonde chegamos hoje, n�o foi por causa dos homens ou de nada. N�o chegamos aqui do nada. E tem uma lacuna muito grande que faz com que pare�a que as mulheres n�o escreviam antes”, afirma Cec�lia Castro, de 34 anos, fundadora da editora. 

Para ela, essa iniciativa � importante para proporcionar a mais mulheres a chance de conhecer obras de escritoras que acabaram sendo neglicenciadas pela hist�ria. “Essas mulheres foram nossas precursoras, para que pud�ssemos estar hoje fazendo o que estamos fazendo. N�s, mulheres,  precisamos e estamos fazendo esse movimento de resgate da ancestralidade, da hist�ria do feminismo. E a cole��o � uma sequ�ncia disso”. 

 

O projeto ser� lan�ado oficialmente nesta quarta (18), �s 18h30, com bate-papo entre Cec�lia e as curadoras da cole��o, Const�ncia Lima Duarte e Maria do Ros�rio A. Pereira. A conversa ser� transmitida ao vivo pelo canal  da editora no YouTube. 

 

O livro Ensaios, de N�sia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885), � a primeira publica��o do projeto. Ele inclui Direito das mulheres e injusti�a dos homens (1832), considerado o primeiro texto feminista publicado no Brasil, e A mulher (1859), uma cr�tica ao comportamento burgu�s e ao abandono infantil de N�sia. “N�sia � considerada a primeira feminista do Brasil. Em 1832, j� falava que as mulheres tinham direitos. A obra dela ecoou em outras mulheres. Depois disso, tamb�m nessa �poca, come�aram a surgir os peri�dicos feministas”, aponta Const�ncia Lima Duarte, que � tamb�m professora da UFMG, al�m de ser uma das curadoras da cole��o. 

A editora Luas foi fundada no ano passado, com a meta de apoiar mulheres escritoras. “Muitas mulheres que escreviam n�o eram reconhecidas pelos cr�ticos. E, ainda hoje, grande parte das autoras independentes ou que publicam em editoras independentes est�o sendo conhecidas mais por causa dos movimentos de mulheres”, afirma Cec�lia. 

Const�ncia diz que sempre se incomodou com o fato de “abrir um livro de hist�ria da literatura e n�o encontrar nomes de mulheres. Eles s� come�am com Rachel de Queiroz (1910-2003) e Cec�lia Meireles (1901-1964)”. 

 

“As obras est�o perdidas e temos que encontr�-las. � um processo de investiga��o, quase como um quebra-cabe�as. Encontramos um nome, vamos atr�s da data, pegamos os detalhes”, diz a curadora. “Se a hist�ria das mulheres, a nossa hist�ria, n�o � conhecida, � porque foi sabotada. Falo que sofremos de memoric�dio, o apagamento, o assassinato da hist�ria das mulheres.” 

No in�cio de 2021, a editora pretende lan�ar as obras A mulher � uma degenerada, escrito por Maria Lacerda de Moura e publicado em 1932. E um ensaio com os textos Virgindade anti-higi�nica (1924) e Virgindade in�til (1926), de Erc�lia Nogueira Cobra. 

“O ant�doto desse memoric�dio, desse apagamento da hist�ria liter�ria e intelectual das mulheres, s�o eventos, congressos e esse projeto da editora Luas”, diz Const�ncia.

Para celebrar a vida dessas escritoras, todas as obras publicadas pela cole��o ter�o fotos, cronologia, biografia e notas escritas por pesquisadoras sobre a vida e a obra das autoras. 

• N�sia Floresta Brasileira Augusta

• Com os textos Direito das mulheres e injusti�a dos homens (1832) e A mulher (1859)

• Editora Luas

• R$ 48 

• Bate-papo de lan�amento da Cole��o Precursoras nesta quarta (18), �s 18h30, no canal de YouTube da editora Luas. Participa��o de Cec�lia Castro, Const�ncia Lima Duarte e Maria do Ros�rio A. Pereira