Grande Teatro do Pal�cio das Artes volta a receber plateia neste domingo (22)

Um dos palcos mais importantes de Minas Gerais, o Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes volta a receber o p�blico neste domingo (22), depois de oito meses inativo, devido � pandemia do novo coronav�rus.

No palco, dois artistas. A soprano Eliane Coelho e o pianista Gustavo Carvalho fazem recital com composi��es de Richard Strauss e Hugo Wolff. Na plateia, um p�blico reduzido, de acordo com os protocolos sanit�rios estipulados para a reabertura dos espa�os culturais, de forma a evitar a dissemina��o do v�rus.

A apresenta��o marca o encerramento da Temporada de �pera On-line da Funda��o Cl�vis Salgado e tamb�m o lan�amento da nona edi��o do Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, que neste 2020 ocorrer� no ambiente virtual.

"Tem sido um ano de cuidar de outras coisas, al�m de m�sica. A m�sica continuou no cora��o, mas no teatro, n�o. Mesmo sendo uma coisa ainda limitada, para n�o encher o teatro, acho essa reabertura importante. Uma coisa que traz muitas esperan�as”, diz Eliane. 

A esperan�a � de “poder retomar uma vida cultural, que � nossa grande paix�o, e o nosso grande amor, que � a m�sica", diz a carioca de 69 anos e longa trajet�ria internacional no canto l�rico. Com passagens pela �pera de Frankfurt e pela �pera Estatal de Viena, ela se apresentou ao lado de Pl�cido Domingo, Jos� Carreras, Bryn Terfel, entre outros.

''H� muita gente com medo e com raz�o, pois tudo � imprevis�vel. Mas � necess�rio ter esse consolo, esse momento de paz, de felicidade, para seguirmos em frente. Temos que lutar, ir em frente, pois a vida continua''

Eliane Coelho, soprano

 

Para Eliane Coelho, � fundamental que h� esses “momentos de conforto para nossas almas, principalmente agora, em que h� tanta gente com medo”. N�o que ela menospreze o clima geral de apreens�o com a pandemia. “H� muita gente com medo e com raz�o, pois tudo � imprevis�vel. Mas � necess�rio ter esse consolo, esse momento de paz, de felicidade, para seguirmos em frente. Temos que lutar, ir em frente, pois a vida continua."

Para acalentar o p�blico, o repert�rio foi montado com obras do alem�o Richard Strauss (1864-1949) e do austr�aco Hugo Wolff (1860-1903). "Os dois t�m import�ncia no Lied, a can��o alem�, e o que eu mais gosto nos dois � a forma de cuidar do texto, que � muito importante para mim. Se o compositor n�o fizesse o texto, escreveria para a clarineta, n�o precisaria da voz humana. Com o texto, h� uma mensagem. Ele n�o est� ali por acaso, s�o mensagens de esperan�a, e os dois faziam isso com muita paix�o", diz a cantora.

Ela se diverte com relatos segundo os quais Wolf se movia "como um tigre na jaula, de uma lado para o outro", enquanto recitava seus poemas, durante o processo criativo. "N�o parava enquanto n�o chegava na mensagem que queria."

O pianista mineiro Gustavo Carvalho � um parceiro art�stico de longa data de Eliane Coelho. "Esse repert�rio, de Lied, � muito sens�vel, musicalmente, devido � interpreta��o tanto da m�sica quanto do texto. � preciso ter uma afinidade entre instrumento e voz. E � bom quando encontramos algu�m com quem temos afinidade musical”, afirma a cantora. 

Em raz�o da afinidade, aponta ela, “o di�logo acontece de forma mais f�cil e prazerosa”. Eliane e Gustavo se conhecem h� muitos anos, conforme ela ressalta. “Para mim n�o existe cantor e acompanhador. Existem os dois, no mesmo n�vel. Os dois fazendo m�sica."

Nesse ponto tamb�m ambos concordam, at� porque,"o piano n�o � um mero acompanhamento”, como ela observa. Argumentando que “� importante que cada pessoa tenha a possibilidade de ter um momento cultural na dire��o que gosta”, Eliane afasta a ideia de que a m�sica cl�ssica seja elitista.

“Muitas pessoas acham que � um luxo. N�o � luxo. � uma coisa que faz parte da cultura brasileira. Ela veio para c� com a corte, ou seja, antes do futebol. Faz parte da nossa hist�ria. E existe um amor pela m�sica cl�ssica por parte de pessoas que j� a conhecem e por parte de pessoas que come�am a conhec�-la agora. � uma coisa espont�nea."

''Muitas pessoas acham que a m�sica cl�ssica � um luxo. N�o � luxo. � uma coisa que faz parte da cultura brasileira. Ela veio para c� com a corte, ou seja, antes do futebol. Faz parte da nossa hist�ria. E existe um amor pela m�sica cl�ssica por parte de pessoas que j� a conhecem e por parte de pessoas que come�am a conhec�-la agora. � uma coisa espont�nea''

Eliane Coelho, soprano

 

LUGARES

O Grande Teatro do Pal�cio das Artes disp�e de 1,7 mil lugares. De acordo com os protocolos sanit�rios de reabertura gradual desses espa�os, poderiam ser utilizados no m�ximo 600. No entanto, a Funda��o Cl�vis Salgado (FCS) optou por uma restri��o ainda maior e o p�blico presente ser� de 400 pessoas. 

Para evitar aglomera��es, o teatro contar� com sinaliza��o nas �reas externas e internas, estabelecendo distanciamento m�nimo de dois metros entre os presentes, segundo Eliane Parreiras, presidente da FCS. O uso de m�scaras para visitantes e funcion�rios ser� obrigat�rio. 

Com uma plateia t�o reduzida, o recital ser� transmitido ao vivo pelos sites da Funda��o Cl�vis Salgado (www.fcs.mg.gov.br) e do Festival Artes Vertentes (www.artesvertentes.com). 

Embora comemore a reabertura do principal espa�o do Pal�cio das Artes, Parreiras diz que o momento � de cautela e estudo, sem garantias do retorno de um fluxo constante de novas apresenta��es ao Grande Teatro. 

"Estamos em negocia��o com espet�culos para ter alguma outra a��o em dezembro, mas os produtores est�o avaliando com muito cuidado a viabilidade, o funcionamento, o desejo do p�blico, entre outras v�rias coisas nesse retorno. � uma avalia��o profunda", diz ela. 

Nessa readequa��o, a presidente da FCS deixa claro que o formato de p�blico reduzido e transmiss�o simult�nea pela Internet dever� ser adotado mais vezes. "A ideia � permitir essa experi�ncia cultural, presencial, mas com esse formato h�brido, que ser� mais frequente."

Os outros espa�os do Pal�cio das Artes tamb�m tiveram adequa��es aos novos protocolos e j� est�o recebendo p�blico h� algumas semanas. Segundo Eliane Parreiras, a presen�a tem sido menor do que em tempos anteriores � pandemia, mas satisfat�ria, sem grandes picos positivos ou negativos. 

"Nos espa�os culturais como um todo, temos percebido extremo cuidado com p�blico, artistas e produtores. Entre todas as atividades que retornaram na pandemia, talvez sejam as mais seguras em rela��o a esses cuidados, de medi��o de temperatura e de uso obrigat�rio de m�scara", opina. 

Na �ltima quinta-feira (19), foram abertas as exposi��es do Pr�mio D�cio Noviello de Artes Visuais, que substitui o antigo Edital de Ocupa��o FCS de Artes Visuais. Foram contemplados o artista Froiid (MG), que ocupa a Galeria Genesco Murta com a exposi��o � hora da on�a beber �gua, e a curadora Joyce Delfim (MG), respons�vel pela exposi��o Figurar o imposs�vel, composta por obras da artista visual Marcela Cantu�ria (RJ).

Froiid exp�e "um site specific, criando um ambiente l�dico que estimula a participa��o do p�blico na constru��o da obra", segundo a FCS. Enquanto Figurar o imposs�vel constr�i "a sistematiza��o que torna o espa�o f�sico e simb�lico da galeria um local de reflex�o". As pinturas de Marcela Cantu�ria escolhidas pela curadora destacam a representa��o do feminino na luta de classe. As mostras permanecem em cartaz at� o fim de janeiro.

A soprano Eliane Coelho e o pianista Gustavo Carvalho interpretam obras de Richard Strauss e Hugo Wolff. Neste domingo (22), �s 19h, no Grande Teatro Cemig Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada gratuita, mediante retirada de ingressos no site Eventim. Transmiss�o gratuita nos sites da Funda��o Cl�vis Salgado e do festival Artes Vertentes. Mais informa��es: (31) 3236-7400.