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Estado de Minas M�SICA

'Tudo vibra': O voo solo e 'p� no ch�o' de Mariana Cavanellas

Ex-integrante das bandas Rosa Neon e Lamparina e A Primavera, cantora e compositora lan�a dois EPs com reflex�es sobre feminismo, f� e a revolu��o de valores


03/12/2020 04:00 - atualizado 03/12/2020 17:32

Mariana Cavanellas, de 29 anos, diz que seu novo trabalho é uma viagem íntima e atenta ao mundo (foto: Bruna Brandão/Divulgação)
Mariana Cavanellas, de 29 anos, diz que seu novo trabalho � uma viagem �ntima e atenta ao mundo (foto: Bruna Brand�o/Divulga��o)
Onipresente, a passagem do tempo � uma categoria universal. Ao ser dimensionada por meio de rel�gios, calend�rios, ampulhetas e outras tecnologias humanas, ela ganha significado e tamanho, ainda que continue metaf�sica. Na natureza, o amanhecer e o anoitecer s�o dois dos fen�menos que comprovam sua exist�ncia. Repetitivos, ainda guardam alguns mist�rios, segundo a cantora e compositora mineira Mariana Cavanellas, que se inspirou neles para fazer m�sica.

“Se tem uma coisa que se repete na vida � o dia e a noite. Durante meu puerp�rio, tudo parecia meio sem sa�da. Foi a� que algu�m me disse sobre o milagre que eles representam, sobre estar presente nos detalhes de cada um deles, observar e perceber que existem diferentes cores, contrastes e sons”, explica.

� por isso que Tudo vibra, projeto que marca o debute solo de Cavanellas, foi dividido em duas partes: os EP's Noite, lan�ado nas plataformas digitais � 0h de hoje (3), e Dia, que chega ao streaming �s 12h de amanh� (4). Produzidos por Rafael Fantini, re�nem 11 m�sicas in�ditas que contam com a percuss�o de Nara Torres e o viol�o de Andr� Mimiza.

Ex-integrante e cofundadora das bandas Lamparina e A Primavera e Rosa Neon, ela considera que esse trabalho inaugura uma fase almejada desde que come�ou a cantar. Aos 29 anos, Mariana Cavanellas embarca numa viagem existencialista de g�nero indefinido, disposta a abordar temas da ordem do dia.

“Meu desejo sempre foi ter um trabalho solo. Isso n�o � algo simples, requer esfor�o dobrado. A maternidade abriu o meu olhar para o tempo da vida. Al�m disso, as m�sicas foram feitas com inspira��o no momento que estamos vivendo, em todo esse processo de transforma��o de valores. Ent�o, fa�o uma viagem para dentro, �ntima, mas tamb�m atenta para o mundo � minha volta”, esclarece ela, m�e de Mayu, de 8 meses.

A grava��o ocorreu em moldes n�o tradicionais, ao longo de sete dias de setembro, no s�tio da fam�lia da cantora em Igarap�, na Regi�o Metropolitana de BH. Ela e tr�s m�sicos improvisaram um est�dio no quarto dos av�s de Cavanellas, onde gravaram cada faixa em apenas um take.

“Como, na �poca, eu n�o podia me enfiar num est�dio com os m�sicos por estar amamentando e por conta da pandemia, decidimos gravar nesta casa cheia de significado para mim. Foi uma imers�o art�stica de muito afeto, feita com leveza. Tamb�m foi a forma que encontrei de mostrar que � poss�vel ter um filho e n�o parar. Sem romantiza��o, com todas as dificuldades que isso implica”, conta.

Cheio de simbologias e significados, o trabalho trata de f�, ancestralidades e feminismo. Faixa de abertura do EP Noite, Curandeira foi escrita no in�cio da pandemia. Forte, a m�sica � dividida entre a primeira parte, a capella, e a segunda, quando entram percuss�o e sons sintetizados. “No meu corpo corre sangue de Oxum e de Iemanj�/ No meu corpo corre sangue da negra, da �ndia, da silenciada”, diz o verso da can��o.

Aro, escrita pelo baiano Coral, que tamb�m participa da faixa, continua sugerindo uma narrativa marcada pela voz, o que perde for�a em O santo, na qual os instrumentos come�am a ganhar for�a. Em L� fora, Cavanellas canta sobre a superficialidade do mundo e entoa alguns versos em espanhol.

Como o pr�prio t�tulo sugere, Ideias para adiar o fim do mundo faz refer�ncia ao livro de Ailton Krenak, lan�ado em 2019. Mais longa do registro, a faixa � constru�da em torno de uma paisagem sonora de sons da natureza.

O primeiro EP chega ao fim em Vov� me ensinou. “Compus essa m�sica no momento em que minha filha estava chorando e a levei para fora de casa. Fiquei amamentando e olhando os p�ssaros que estavam por l�. Por um instante, me senti como um deles. A� comecei a cantar”, revela.

Ainda que bastante conectado com assuntos contempor�neos, Dia traz can��es mais solares como O mar, de cad�ncia praiana e melodia envolvente, e Oz, que aponta para o futuro, constru�da sobre uma sonoridade org�nica.

Talvez a m�sica que mais reflita o in�cio de uma carreira solo, Coragem conta com a participa��o da cantora pernambucana Flaira Ferro e esclarece, de uma vez por todas, o rompimento da artista com os dois grupos de que fez parte. “Coragem ï¿½ muito mais sobre abrir m�o do que n�o faz bem/ Covardia � querer chegar ao fim de algo que n�o tem fim e adoece”, canta Mariana.

“Quando a gente faz parte de uma banda ou de um grupo, rola uma divis�o do objetivo. Doei muito da minha caminhada e agora recobro a r�dea da minha vida. Neste �lbum est� 100% de mim”, comenta. “Nos outros projetos, as coisas se afastaram do meu objetivo com a m�sica.”

destaque do segundo EP � Yanomami, faixa que ressalta a aten��o que se deve ter com os povos ind�genas e a forma como eles vivem. Po�tica e bem escrita, a can��o traz um arranjo simples, minimalista, mas tem muito a dizer, o que fica ainda mais evidente com a interpreta��o que Mariana Cavanellas lhe confere.

“Eles (os ind�genas) entendem que a terra � viva, t�m um respeito enorme pela natureza. � um povo que sabe o significado de reexist�ncia, que pensa no coletivo e tem consci�ncia sobre o consumo. Precisamos come�ar a questionar: qual h�bito posso mudar?”, alerta.

Com algumas certezas e uma s�rie de questionamentos, Mariana Cavanellas d� in�cio a seu voo solo, disposta a se manter atenta ao que vir�. Dona de uma voz potente, ela a usa para amplificar temas que considera importantes e garante que, no futuro, n�o pretende abrir m�o desse princ�pio.

TUDO VIBRA NOITE
.De Mariana Cavanellas
.Macacolab
.Dispon�vel nas plataformas digitais

TUDO VIBRA DIA
.De Mariana Cavanellas
.Macacolab
.Dispon�vel nas plataformas digitais a partir de sexta-feira (4), ao meio-dia


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