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Estado de Minas S�RIE

Sexy e feminista, 'Bridgerton' � a nova atra��o da Netflix

Trama sobre cl� da aristocracia brit�nica no s�culo 18 lan�a novo olhar sobre o universo que Jane Austen consagrou na literatura


24/12/2020 04:00 - atualizado 24/12/2020 09:30
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Jovens mulheres da família Bridgerton vão de encontro às rígidas regras sociais do século 19
Jovens mulheres da fam�lia Bridgerton v�o de encontro �s r�gidas regras sociais do s�culo 19 (foto: LIAM DANIEL/NETFLIX)


Uma hist�ria t�pica do universo de Jane Austen vista sob os olhos de hoje. A s�rie Bridgerton, que estreia na sexta-feira (25), �, por mais de uma raz�o, a grande aposta da Netflix deste per�odo. Marca tamb�m a estreia de Shonda Rhimes no streaming.
 
Primeira mulher negra a entrar no Top 10 das s�ries mais assistidas da TV americana – com Grey’s anatomy, cuja 17ª temporada entrou no ar em novembro, nos EUA –, h� tr�s anos ela assinou contrato para realizar oito produ��es para a Netflix (os valores s�o estimados entre US$ 100 milh�es a US$ 150 milh�es).
 
Na �poca, a sa�da de Rhimes e sua produtora, Shondaland, da tradicional�ssima ABC (onde ela lan�ou Scandal e Private practice, tamb�m narrativas com protagonistas femininas) causou rebuli�o no meio do entretenimento.

STREAMING Liberdade criativa, grandes or�amentos, n�o se preocupar com classifica��o et�ria nem tampouco ter que fazer piloto para depois ser aprovado (ou n�o) como s�rie e s� depois ver se o p�blico embarca na hist�ria. Essas s�o as principais raz�es pelas quais nomes de peso t�m apostado no streaming – outro exemplo recente � o de Ryan Murphy, que est� na Netflix.
 
Para come�ar a trabalhar no streaming, Shonda Rhimes delegou a fun��o a outro. Ainda que seja a produtora-executiva de Bridgerton e tenha acompanhado todo o processo, quem comanda a trama � Chris Van Dusen, que come�ou a carreira como roteirista de Grey’s anatomy 15 anos atr�s.
 
Rhimes teria entregado a ele um exemplar de O duque e eu, primeiro livro da franquia Os Bridgertons, saga inaugurada h� 20 anos pela escritora americana Julia Quinn, que hoje conta com nove volumes. Publicada no pa�s pela editora Arqueiro, Quinn tem no Brasil seu maior p�blico de l�ngua n�o inglesa.
Os Bridgertons s�o uma fam�lia da aristocracia inglesa do in�cio do s�culo 19. Vi�va de um visconde, Violet Bridgerton tem recursos em excesso, como tamb�m filhos. � m�e de oito – quatro homens e quatro mulheres, cada qual com um nome que acompanha o alfabeto. Anthony, o mais velho, herdou tanto o t�tulo de visconde como a fun��o de chefe da fam�lia; Hyacinth � a mais jovem da prole.
Violet tem uma �rdua miss�o: fazer bons casamentos para os filhos. O ideal � que sejam por amor, como foi o dela, mas, acima de tudo, todos eles devem se consorciar com jovens de boas fam�lias da aristocracia. � esse o plano geral da saga – cada volume se dedica a um dos personagens –, que na adapta��o televisiva ampliou v�rias quest�es.
 
Golda Rosheuvel faz o papel de Charlotte, a rainha negra da Grã-Bretanha e da Irlanda
Golda Rosheuvel faz o papel de Charlotte, a rainha negra da Gr�-Bretanha e da Irlanda (foto: LIAM DANIEL/NETFLIX)
 
 
Adapta��es de romances de �poca n�o s�o comuns no universo das s�ries. � exce��o de Outlander, n�o h� outra produ��o do g�nero de destaque na atualidade. Caso Bridgerton vingue – o que � dado como certo, dada a qualidade da produ��o –, poder� abrir caminho para novas temporadas e a cria��o de outros seriados do g�nero.
 
Mas no mundo de 2020 n�o h� muito sentido em fazer adapta��o sem levar em considera��o as mudan�as que nos separam de dois s�culos atr�s. Bridgerton coloca uma rainha negra comandando o per�odo da reg�ncia brit�nica (a diversidade do elenco � marca das produ��es da Shondaland). Interpretada por Golda Rosheuvel, Charlotte � uma soberana dif�cil, que sofre com a senilidade do marido e acompanha as fofocas da vida da alta sociedade com avidez.
 
Teria sido por meio do casamento real que Charlotte abriu caminho para que outros negros al�assem os postos mais altos da aristocracia brit�nica, explica a s�rie em dado momento. Da� se inclui o protagonista, o duque de Hastings (vivido por Reg�-Jean Page). Chris Van Dusen se valeu de um debate que acompanha a verdadeira rainha Charlotte (soberana da Gr�-Bretanha e da Irlanda de 1761 a 1818): desde 1940, uma vertente de historiadores do Reino Unido defende que ela trazia distante ascend�ncia africana.

AUSTEN Bridgerton � uma narrativa cl�ssica, e Julia Quinn se mostra leitora atenta de Jane Austen. O casal central � formado por Simon Basset, o duque de Hastings, e Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor), a quarta filha (e primeira mulher) da numerosa fam�lia. Ele, filho �nico que nunca se deu com o pai, ap�s longa viagem pelo mundo e a morte do progenitor, retorna a Londres para assumir o ducado. Ela, bonita, educada, inteligente, � a debutante perfeita para a temporada de bailes que acaba de ter in�cio.
 
Um casamento para Daphne � o objetivo de sua m�e e de seu irm�o, que come�am a acompanh�-la na exaustiva e estressante s�rie de eventos sociais. O duque, amigo de Anthony de longa data, n�o demora a ver que por baixo da aparente perfei��o e frivolidade que a cerca, h� em Daphne uma mulher forte e obstinada. S� que como o Sr. Darcy, de Orgulho e preconceito, o duque tem valores r�gidos que o prendem a uma vida solit�ria.
 
Bridgerton e sua profus�o de personagens conta com uma voz onipresente. Julie Andrews � a narradora da saga, fazendo as vezes de Lady Whistledown, autora do tabloide rec�m-lan�ado que analisa a fundo a vida pessoal dos que cercam a realeza. Com sua l�ngua afiada, n�o poupa ningu�m.
A misteriosa fofoqueira torna-se uma obsess�o da sociedade inglesa. Eloise Bridgerton (Claudia Jessie), a filha rebelde de Violet, que n�o se conforma com o futuro de um casamento arranjado (tem pretens�o de se tornar escritora, ser independente e nunca se casar), decide tomar para si a tarefa de desmascarar Whistledown.
 
A hist�ria principal e suas subtramas – amores imposs�veis por diferen�a de classes, gravidez indesejada, rela��o homossexual, discuss�es feministas – ocorrem num cen�rio de sonhos. S�o bailes coreografados em que m�es v�o atr�s de pretendentes para as filhas como a ca�a ao tesouro.
Apresenta��es de �pera se tornam desculpa para acompanhar como a sociedade age no espa�o p�blico – no privado, as m�scaras caem e toda a pompa vai embora. Jardins de cores m�ltiplas servem como moldura para o desfile intermin�vel de vestidos de luxo. Os di�logos s�o r�pidos, bem-humorados, e a a��o � incans�vel.
 
Daphne n�o demora a constatar o fardo que � ser mulher. Mesmo privilegiada, ela toma consci�ncia de que sua fun��o no mundo � se casar e procriar. Mas n�o se resigna. A personagem vai se modificando aos poucos. Boa parte dessa transforma��o se d� por meio do sexo, que ela, ignorante de tudo (n�o sabe nem como os beb�s s�o gerados), vai descobrir aos poucos.

SEXO Bridgerton � pr�diga em cenas de sexo, ora sutis, ora provocadoras, algo raro em hist�rias de �poca. Um dos epis�dios mostra v�rias sequ�ncias – na cama, nas escadas, no corredor. O ponto de vista � sempre feminino, o desejo da mulher � o que importa. As sequ�ncias foram filmadas como um bal� de corpos. O sexo n�o est� apenas no ato em si, mas em di�logos de alta combust�o. Um deles, sobre masturba��o feminina, destaca-se pela delicadeza.
 
� medida que epis�dios v�o se sucedendo, Bridgerton, a partir de um romance a�ucarado, torna-se uma narrativa sobre personagens que desejam tomar as r�deas da pr�pria vida. At� onde � poss�vel, vale dizer, pois mesmo com liberdades, a s�rie � ambientada dois s�culos atr�s. Tal escapismo, diante da realidade da pandemia que nos engole neste momento, pode ser o melhor presente deste Natal.
 
 
BRIDGERTON

A s�rie, em oito epis�dios, ser� 
lan�ada na sexta-feira (25), na Netflix
 
(foto: ARQUEIRO/DIVULGA��O)
 
 
LAN�AMENTO

Arqueiro, editora de Julia Quinn no Brasil, lan�ou nova edi��o de O duque e eu (288 p�ginas) com a imagem da s�rie da Netflix na capa. A autora vendeu 10 milh�es de exemplares em todo o mundo, 1 milh�o em nosso pa�s. O romance est� dispon�vel em livro (R$ 39,90), 
e-book  (R$ 19,99) e 
audiobook (R$ 27,99). 


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