Filipe Catto chegou ao final de 2021 com novidades. Em 17 de dezembro, a cantora e compositora ga�cha radicada em S�o Paulo lan�ou “O nascimento de V�nus tour”, seu segundo �lbum ao vivo. O trabalho � o registro fonogr�fico do �ltimo show presencial que ela realizou antes da pandemia da COVID-19, em 2020, e marca o in�cio de uma nova fase na vida da artista, que agora se identifica como uma pessoa trans n�o bin�ria.
O show ocorreu na capital paulista em 13 de mar�o. No dia seguinte, todos os palcos da cidade foram fechados para conter o avan�o da COVID-19. Na ocasi�o, foi captado apenas o �udio da apresenta��o. Diante do avan�o da crise sanit�ria e impedida de realizar shows com p�blico presente, Catto decidiu produzi-lo, com ajuda do DJ Jojo Lonestar.
“A 'V�nus tour' foi um momento maravilhoso da minha carreira art�stica. Viajamos para v�rios pa�ses com ela e est�vamos em um momento muito especial, de maturidade mesmo. Naquele dia, a gente fez o show e gravou despretensiosamente. Eu j� alimentava a vontade de registrar esse show de alguma maneira. Quando resgatamos o �udio durante a quarentena, foi como revisitar esse passado interrompido de forma t�o abrupta”, ela conta.
TAREFA
Ao lado de Jojo Lonestar, Filipe produziu e mixou o disco, tarefa �rdua, pois se tratava de material ao vivo. Apesar disso, ela avalia que foi importante atuar em todos os processos que envolvem a elabora��o de um disco.
“O trabalho me colocou em contato direto com a produ��o das coisas. Em geral, n�s, artistas, terceirizamos isso por causa da correria do dia a dia. Nesse caso, eu n�o tinha outro projeto para ocupar meu tempo, ent�o entrei de cabe�a na produ��o do disco ao vivo. � dif�cil, porque na capta��o ao vivo muita coisa vaza em diferentes canais”, ela explica.
Foi uma verdadeira alquimia. “Ao longo de todo o processo, testamos v�rias abordagens e pesquisamos uma s�rie de maneiras de usar a voz e as guitarras. Ao mesmo tempo, n�o queria que ficasse completamente limpi- nho. Queria sonoridade crua, suja, rock and roll. E acho que consegui fazer isso”, comenta.
“O nascimento de V�nus tour” descende da turn� hom�nima que Filipe p�s na estrada a partir de 2017, ap�s lan�ar o elogiado disco “CATTO”. Boa parte do repert�rio � dedicado �s m�sicas do �lbum, como � o caso das faixas “Como um raio”, “� sempre o mesmo lugar”, “Um nota um”, “Torrente”, “Can��o de engate”, “Eu n�o quero mais” e “Lua deserta”, de cuja letra surgiu o t�tulo do show.
“Sempre que lan�o um disco, elaboro uma apresenta��o que seja dedicada ao trabalho, mas tamb�m tenha um apanhado de v�rias outras coisas que j� fiz. At� porque, um disco s� nasce depois que voc� o lan�a. O show � a oportunidade que n�s, artistas, temos de mostrar outros aspectos do trabalho. � a hora em que a gente aprofunda a proposta daquilo que j� foi lan�ado”, explica.
Por conta disso, no repert�rio do disco ao vivo, com 15 faixas, est�o “Saga”, lan�ada pela artista em 2009 e respons�vel por sua proje��o nacional; o hit “Eva”, eternizado pela Banda Eva; e “Do fundo do cora��o”, da banda Gang 90.
O �lbum “O nascimento de V�nus tour” chega ao mundo acompanhado de um filme criado por Catto com Daguito Rodrigues e Juliana Robin. O registro audiovisual, disponibilizado virtualmente at� o in�cio deste m�so, transita entre o clipe, o document�rio e a videoarte ao misturar imagens de arquivo com takes de uma performance gravada pela artista em est�dio, em julho de 2021.
Para produzir o material, Filipe Catto precisou revisitar uma s�rie de imagens que mostram os bastidores da “V�nus tour”. Fazer esse movimento “foi muito duro”, j� que ela e sua banda (formada por F�bio Pinczowski, Jojo Lonestar, Magno Vito e Michelle Abu) n�o sabem quando far�o outra turn� assim novamente.
“Foi extremamente cruel rever as imagens. Tive muita dificuldade, porque me desafiou em lugares muito profundos. Tudo o que a gente viveu at� ali, de repente foi interrompido pela trag�dia. Mas o processo foi importante, � como transpor dores e transform�-las em poder. Diante de tudo o que vivemos nos �ltimos dois anos, esse trabalho � a prova da nossa for�a. A partir de agora, tenho outra rela��o com o meu trabalho, at� mesmo para trabalhar, apesar dos boicotes e da viol�ncia que sofremos nesses �ltimos anos”, ela afirma.
LOVE LIVE
Filipe Catto considera que a turn� “O nascimento de V�nus” chegou ao fim com aquele show de mar�o de 2020. Desde o segundo semestre do ano passado, a artista apresenta “Love Catto live”, show que traz sucessos de sua carreira, al�m de releituras de can��es que fizeram parte de sua vida e forma��o musical.
“A pandemia me jogou num lugar de experimenta��o. Hoje, sinto que sou uma artista mais h�brida e tenho muita dificuldade de me ver dentro da ind�stria musical. N�s, artistas do palco, fomos jogados para a internet nesse per�odo. Ela pode ser um lugar opressor e 'depressor'. Agora estamos passando por este momento de muita nebulosidade. N�o me vejo apenas como cantora e compositora, mas como diretora, produtora e artista. E isso traz verdade para o meu trabalho”, pontua.
� com essa vis�o que ela vai gravar, a partir de mar�o, seu quarto disco de est�dio, sucessor de “CATTO”, “Tomada” (2015) e “F�lego” (2011). Quando a pandemia come�ou, Filipe se preparava para entrar em est�dio. Dois anos depois, reconhece que o tempo de espera ajudou o trabalho a crescer.
“Sem d�vida, a minha rela��o com as can��es que v�o ser gravadas se aprofundou. Gosto do tempo. Gosto de fazer as coisas com tempo. Acho que vai ser um trabalho massa”, ela imagina.
DESCANSO
Al�m disso, Filipe Catto pretende disponibilizar nas plataformas digitais o EP “Saga”, lan�ado em 2009. Mas por enquanto ela tem aproveitado para descansar nestes primeiros dias de 2022 para, ent�o, cair na estrada com a nova turn�.
“Estou precisando me divertir e ficar tranquila. A experi�ncia que vivemos nos �ltimos dois anos foi complicada. Agora eu quero fazer o meu trabalho com leveza”, afirma.

“O NASCIMENTO DE V�NUS TOUR”
De Filipe Catto
15 faixas
Independente
Dispon�vel nas plataformas digitais