
Com possibilidade de alcan�ar uma audi�ncia mais diversa, na contrapartida da impossibilidade de encontros presenciais, a curadoria tenta levar para o ambiente digital a diversidade do cinema brasileiro atual.
A plataforma de difus�o de filmes, hospedada no site www.mostratiradentes.com.br, exibir� um total de 114 t�tulos, entre longas e curtas-metragens, de 19 estados brasileiros. As produ��es estar�o divididas nas mostras Olhos Livres, Tem�tica, Homenagem, Foco, Panorama, Foco Minas, Pra�a, Forma��o, Sess�o da Meia-noite, Jovem, Mostrinha, al�m da Aurora, competitiva e mais aguardada a cada ano por reunir produ��es in�ditas de cineastas em in�cio de carreira. A programa��o, como se nota, foi estruturada de forma semelhante ao seu modelo presencial.
"Assumimos uma edi��o diferente e especial. N�o menos importante, mas diferente de tudo. N�o restam d�vidas de que estar em Tiradentes presencialmente traz ganhos que n�o existem no digital. Mas o digital tamb�m tem seus pontos positivos. O alcance e a abrang�ncia, que s�o muito gratificantes. Um mercado irrestrito, com audi�ncia at� de fora do pa�s, al�m de maiores possibilidades de mapear dados estat�sticos e de compartilhar conte�do, j� que os debates ficam dispon�veis depois de transmitidos ao vivo”, comenta Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra e diretora da Universo Produ��o.
Esse mesmo formato foi empregado pela produtora na realiza��o das mais recentes edi��es da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto e da Mostra CineBH, tamb�m impactadas pela pandemia.

DRIVE-IN
Quando come�ou a ser organizada, em setembro passado, a 24ª Mostra de Tiradentes considerava a hip�tese de que agora em janeiro fosse poss�vel algum tipo de proposta h�brida, com eventos na cidade. A organiza��o recuou dessa expectativa inicial para a previs�o de no m�ximo uma exibi��o em cine drive-in. Diante de novas restri��es no com�rcio local, em decreto municipal publicado ainda em dezembro, por causa do avan�o da COVID-19, optou-se por uma edi��o totalmente on-line.
Na plataforma, a maior parte dos filmes ficar� dispon�vel durante os oito dias de festival. Exce��o vale para os sete longas da Mostra Aurora, dispon�veis por apenas 48 horas ap�s cada estreia, e para o filme de encerramento, Valentina, do mineiro C�ssio Pereira dos Santos, que faz sua pr�-estreia em sess�o virtual �nica, no dia 30.
Ao todo, ser�o 31 longas. Na Mostra Aurora, dedicada a filmes de diretores e diretoras com at� tr�s longas-metragens na carreira, participam: A�ucena (BA), de Isaac Donato; Or�culo (SC), de Melissa Dullius e Gustavo Jahn; Rosa Tirana (BA), de Rog�rio Sagui; Kevin (MG), de Joana Oliveira; A mesma parte de um homem (PR), de Ana Johann; O cerco (RJ), de Aur�lio Arag�o, Gustavo Bragan�a e Rafael Sp�ndola; e Eu, empresa (BA/MG), de Leon Sampaio e Marcus Curvelo.
Coordenador curatorial do evento, Francis Vogner dos Reis dividiu a escolha dos longas com a pesquisadora Lila Foster. Segundo ele, a diversidade de caracter�sticas � que marca a competi��o desta edi��o.

PERSPECTIVAS
“Os filmes da Mostra Aurora nos revelam uma diversidade de perspectivas, de assuntos e de est�ticas. Ao mesmo tempo em que s�o atravessados por um mesmo sentimento de um tempo hist�rico, com um peso e certa melancolia, eles lidam com isso de maneiras muito diferentes”, diz o curador.
Ele comenta que “temia que os filmes fossem todos no mesmo tom, voltados para as mesmas elabora��es, mas, para nossa alegria, eles falam de coisas muito diferentes, muito para al�m desse momento hist�rico”.
Segundo Francis Vogner, n�o h� uma defini��o abrangente que contemple todos os sete longas, j� que eles “apontam para modos de produ��o diferentes, repert�rios distintos e para trabalhos de pesquisas formais muito singulares”.
N�o h� nem mesmo uma homogeneidade em termos de gera��o, pois, ainda que em in�cio de carreira, os diretores s�o de faixas et�rias distintas. “Eles v�o al�m do recorte geracional e nos mostram um pouco do que foi poss�vel construir no cinema braileiro nos �ltimos 15 anos.
N�o �, necessariamente, uma sele��o de uma gera��o. S�o cineastas de idades diferentes, de locais diferentes do pa�s, com meios de financiamento de produ��o diferentes, sendo alguns com recursos pr�prios, outros com campanhas coletivas ou aportes regionais que a Ag�ncia Nacional do Cinema (Ancine) fazia”, descreve.
"N�o restam d�vidas de que estar em Tiradentes presencialmente traz ganhos que n�o existem no digital. Mas o digital tamb�m tem seus pontos positivos. O alcance e a abrang�ncia, que s�o muito gratificantes. Um mercado irrestrito, com audi�ncia at� de fora do pa�s, al�m de maiores possibilidade de mapear dados estat�sticos e de compartilhar conte�do, j� que os debates ficam dispon�veis depois de transmitidos ao vivo"
Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra de Tiradentes
As particularidades se observam at� mesmo em rela��o aos tr�s filmes baianos selecionados. “A Bahia nunca apareceu t�o em peso na Mostra Aurora. Quase metade dos filmes s�o baianos, mas muito diferentes entre si. N�o s�o filmes da mesma turma, como v�amos aqui no cinema mineiro durante um tempo, ou no cinema cearense. Rosa tirana � de Po��es, que n�o tem a ver com o cinema de Salvador, visto em Eu, empresa” , compara. � poss�vel saber mais informa��es e conferir as sinopses dos filmes da Mostra Aurora no site oficial do evento.
Esse car�ter revelador sobre a contemporaneidade do cinema nacional aparece no restante da sele��o do festival. Na Mostra Olhos Livres, que se caracteriza justamente pela aus�ncia de crit�rios uniformizantes, est�o t�tulos com alguma repercuss�o anterior em outros eventos.
Est�o selecionados Irm� (RS), de Luciana Mazeto e Vin�cius Lopes; Amador (GO/MG), de Cris Ventura; Subterr�nea (RJ), de Pedro Urano; Nh?? y�g m? y�g h�m: Essa terra � nossa! (MG), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Cangu�u e Roberto Romero; Rodson ou (Onde o Sol n�o tem d�) (CE), de Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra; e Voltei! (BA), de Ary Rosa e Glenda Nic�cio.
Novidade nesta edi��o, a Sess�o da Meia-noite abre espa�o para o cinema de g�nero, com a exibi��o dos longas-metragens de terror O cemit�rio das almas perdidas (ES), de Rodrigo Arag�o, e Skull – A m�scara de Anhang� (SP), de Kapel Furman e Armando Fonseca.
Entre os 79 curtas, alguns abordam aspectos da vida na pandemia. Em rela��o aos demais, o curador observa que “� uma coisa um pouco louca olhar para os filmes e eles parecerem ser de um tempo distante, por vermos o mundo em funcionamento, pessoas sem m�scaras”.
A mostra ter� como homenageada a cineasta franco-colombiana Paula Gait�n, vi�va de Glauber Rocha (1939-1981). Na abertura do festival, �s 20h de sexta-feira (22/1), ser� exibido seu mais novo filme, o document�rio Ostinato, sobre o m�sico Arrigo Barnab�.
A sess�o ser� precedida por um debate com a presen�a da cineasta e de Ava Gait�n Rocha (cantora, compositora e cineasta), Clara Choveaux (atriz), Eryk Rocha (cineasta) e de Arrigo Barnab�, com media��o de Francis Vogner dos Reis.
24ª MOSTRA DE TIRADENTES
Desta sexta (22/1) a 30 de janeiro, no site do festival.
