(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas DOCUMENT�RIO

Assim como o Brasil, Rom�nia inscreve document�rio ao Oscar de Melhor Filme

'Collective' acompanha investiga��o jornal�stica sobre caso de inc�ndio em boate que � cercado de corrup��o e inoper�ncia governamental


23/01/2021 04:00 - atualizado 23/01/2021 07:52

O documentário romeno Collective é o representante de seu país no Oscar de melhor filme internacional. Filme trata do incêndio na boate Colectiv, que matou 64 pessoas em Bucareste, em 2015(foto: Samsa Film/Divulgação)
O document�rio romeno Collective � o representante de seu pa�s no Oscar de melhor filme internacional. Filme trata do inc�ndio na boate Colectiv, que matou 64 pessoas em Bucareste, em 2015 (foto: Samsa Film/Divulga��o)
Ao escolher Com Babenco – Algu�m tem de ouvir o cora��o e dizer: Parou, o Brasil n�o foi o �nico pa�s a selecionar um document�rio para tentar conseguir uma vaga no Oscar entre os cinco indicados a melhor filme internacional. A Rom�nia apontou Collective para ser seu representante. Ambos foram exibidos no Festival de Veneza de 2019, de onde o longa de B�rbara Paz saiu com o pr�mio de melhor document�rio. 

O t�tulo romeno de Alexander Nanau ganhou o European Film Awards na categoria document�rio e foi um dos indicados para a premia��o da Associa��o Internacional de Document�rios. 

Nanau foi movido pelos protestos de milhares de pessoas exigindo a queda do governo ap�s o inc�ndio da boate Colectiv, que matou 64 pessoas em Bucareste, em outubro de 2015. "Ali estava uma gera��o jovem, numa nova democracia, declarando-se cansada da classe pol�tica corrupta", afirma o cineasta. 

A Rom�nia teve uma hist�ria conturbada, ficou sob ocupa��o sovi�tica ap�s a Segunda Guerra Mundial e, durante 24 anos, viveu sob o governo autorit�rio de Nicolae Ceausescu, executado no Natal de 1989.

Imediatamente ap�s a trag�dia nacional, ficou claro que muita coisa estava errada. A boate n�o obedecia a normas b�sicas de seguran�a e estava aberta apenas por um misto de incompet�ncia e corrup��o – uma situa��o bem parecida com a da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde morreram 242 pessoas em janeiro de 2013.

Na Rom�nia, as autoridades estavam manipulando a popula��o sobre a capacidade do sistema de sa�de de cuidar dos feridos. Nanau e sua equipe logo toparam com Catalin Tolontan, experiente rep�rter investigativo e editor-chefe do jornal esportivo Gazeta Sporturilor. "Vimos que o melhor seria seguir esse jornalista para entender essa manipula��o e a rela��o entre o poder e os cidad�os", explicou o diretor. 

Como a ideia era fazer um document�rio de observa��o, sem entrevistas, a equipe precisava estar preparada para o que desse e viesse. E muita coisa veio, dando ao filme um ar de thriller, mesclado � emo��o das v�timas. Com a ajuda de denunciantes, a equipe formada por Tolontan, Mirela Neag e Razvan Lutac descobriu uma s�rie de irregularidades em hospitais, que causaram a morte de diversos pacientes. 

"A Rom�nia � governada por populistas", disse Nanau. "Quando vemos progresso na sociedade, muitas vezes � porque os jornalistas fazem seu trabalho." Para o cineasta, era importante mostrar os detalhes do trabalho de um rep�rter, desde o momento em que a informa��o chega, mas, acima de tudo, a sua responsabilidade de checar tudo antes de publicar, num contraponto com as fake news que abundam na internet. 
 

PODER

E para ele era essencial ver a rea��o do poder, que nega tudo. Nesse caso, os jornalistas provaram que estavam certos, e o ministro renunciou devido � press�o popular. "Nessa hist�ria, d� para ver como o jornalismo independente � importante", afirmou Nanau. "No mundo midi�tico de hoje, sem o jornalismo independente estar�amos vivendo no escuro, porque a �nica informa��o dispon�vel viria dos poderosos, que est�o construindo uma realidade paralela que nada tem a ver com a verdade. Se tiv�ssemos apenas o Twitter e o Facebook controlando os pol�ticos, Richard Nixon ainda seria presidente."

O novo ministro da Sa�de romeno, Vlad Voiculescu, n�o era um pol�tico, mas sim um ativista da sa�de. Ele deixou a equipe de Nanau filmar o que acontece atr�s das portas fechadas. "� fundamental entender o que est� por tr�s das decis�es pol�ticas", disse o diretor. "Existe uma cadeia de delibera��es antes da declara��o oficial. Muitas vezes, no populismo, uma coletiva de imprensa � s� uma plataforma para lan�ar uma falsa realidade."

Mesmo focado em seu pa�s, Nanau percebeu logo que se tratava de uma quest�o mundial. "Quando est�vamos rodando em 2016, aconteceu o Brexit, que nos chocou", disse. Na mesma �poca, Rodrigo Duterte assumiu o governo nas Filipinas e, logo depois, Donald Trump venceu nos EUA. "Entendemos que o mundo estava ganhando o mesmo panorama pol�tico que film�vamos na Rom�nia", disse Nanau, incluindo o Brasil na equa��o. 

Para ele, a demanda feita pelos jovens romenos � simples: eles querem viver num Estado que toma conta de seus cidad�os. "� algo b�sico n�o morrer num inc�ndio porque algu�m foi subornado, ou n�o morrer num hospital porque algu�m roubou os recursos", disse. Segundo o diretor, mais jovens est�o votando nas elei��es, mas, no �ltimo pleito, um partido de extrema-direita ganhou votos suficientes para ocupar 10% do Parlamento. 

"Muita gente est� tentando punir os pol�ticos votando em populistas, que s� prometem acabar com a corrup��o e lutar contra o establishment, mas n�o cumprem. O que vimos nos Estados Unidos nas �ltimas semanas � que basta um mandato de governo populista para destruir institui��es e a democracia. E isso na mais s�lida democracia do mundo." 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)