Carne tamb�m est� qualificado para o Oscar 2021 – ou seja, pode ser indicado pelos membros da Academia –, est� na shortlist dos Pr�mios Goya 2021 e teve seu lan�amento on-line no New York Times Op-Docs (plataforma gratuita de curtas do jornal americano), onde segue dispon�vel.
Neste curta document�rio animado, cinco mulheres – Rachel Patr�cio (gordofobia na inf�ncia), Larissa Rahal (tabu da menstrua��o), Raquel Virg�nia (da banda As Ba�as, sobre as viol�ncias sofridas pelo corpo da mulher na fase adulta), Valquiria Rosa (climat�rio) e a consagrada atriz Helena Ignez (a liberta��o do corpo na terceira idade) – compartilham relatos �ntimos em rela��o ao corpo, da inf�ncia � terceira idade.
Cozimento
Cada segmento foi animado por uma artista diferente e com t�cnicas variadas. Na inf�ncia (cada cap�tulo � nomeado como um ponto de cozimento da carne; a primeira � “Crua”), a diretora Camila Kater utiliza stop-motion com objetos e pintura a �leo em cer�mica; em “Malpassada”, o que narra � a anima��o em aquarela criada por Giovana Affonso. Na fase “Ao ponto”, a anima��o digital 2D foi criada por Fl�via Godoy. Cassandra Reis fez stop-motion em argila para “Passada”, e Leila Monsegur ficou respons�vel pelas pinturas e pela interven��o em pel�cula 35mm no cap�tulo final, “Bem passada”.
Financiado pela Spcine e Prefeitura de S�o Paulo, o curta come�ou a ser amadurecido no edital de 2016, conta Camila Kater. “A escolha das personagens veio a partir da estrutura que defini previamente”, comenta. “Existia a ideia da associa��o ir�nica com as fases do cozimento do carne, limitei isso para cinco fases e criei um perfil de personagem para cada fase, com perfil de idade e tem�tica. A gente fez pesquisa bem aprofundada em rela��o aos temas e a poss�veis mulheres que se encaixariam.”
'Com aquela hashtag #meuprimeiroass�dioo tema ficou borbulhando, com mulheres se abrindo e contando hist�rias em rela��o a abuso e ao corpo'
Camila Kater, diretora
Durante os 12 minutos do filme, fica clara a associa��o entre consumo de carne, cujo combate vem ganhando cada vez mais aten��o na pauta ambientalista, e a percep��o do corpo feminino como objeto de consumo pela sociedade. “Comecei a pensar no corpo feminino, com experi�ncias pessoais e hist�rias da minha fam�lia, etc… Em 2016, com aquela hashtag #meuprimeiroass�dio, o tema ficou borbulhando, com mulheres se abrindo e contando hist�rias em rela��o a abuso e ao corpo. Durante o processo do filme, a gente havia criado essa associa��o a partir do livro A pol�tica sexual da carne, de Carol J. Adams, que faz a compara��o entre o corpo da mulher e o consumo da carne. � uma teoria feminista vegetariana.”
Al�m de Locarno, na Su��a, Carne foi apresentado no Toronto International Film Festival, no Canad�, e no 44º Annecy International Animation Film, na Fran�a, bem como nos principais festivais brasileiros, Rio, Bras�lia e S�o Paulo (Curta Kinoforum), conquistando pr�mios de melhor curta, roteiro e anima��o.
Na briga pelo Oscar, Carne corre em paralelo com a produ��o brasileira Umbrella, de Helena Hilario e Mario Pece, em outra categoria, curta de anima��o (Carne concorre como curta documental).
Sonho
“Tive sorte”, garante a diretora de Carne. “Consegui pegar alguns apoios da Ancine e do Itamaraty enquanto isso ainda era poss�vel. Fui para Locarno, Toronto, Egito e alguns festivais na Europa. Foi uma experi�ncia incr�vel, um sonho. N�o fazia ideia do tamanho desses espa�os para a anima��o, foi muito emocionante ver a rea��o das pessoas. Mulheres vinham conversar comigo, foi muito especial. Acho que as pessoas, principalmente a mulher, conseguem se conectar muito com o filme. Isso vem da pot�ncia das personagens, mas tamb�m do potencial que a anima��o d� ao filme. De voc� praticamente sentir pelas t�cnicas.”
“Tive sorte”, garante a diretora de Carne. “Consegui pegar alguns apoios da Ancine e do Itamaraty enquanto isso ainda era poss�vel. Fui para Locarno, Toronto, Egito e alguns festivais na Europa. Foi uma experi�ncia incr�vel, um sonho. N�o fazia ideia do tamanho desses espa�os para a anima��o, foi muito emocionante ver a rea��o das pessoas. Mulheres vinham conversar comigo, foi muito especial. Acho que as pessoas, principalmente a mulher, conseguem se conectar muito com o filme. Isso vem da pot�ncia das personagens, mas tamb�m do potencial que a anima��o d� ao filme. De voc� praticamente sentir pelas t�cnicas.”
Kater desenvolve s�rie com a mesma pegada. “Mesmo na anima��o independente, ainda faltam filmes dirigidos por mulheres. O filme e a s�rie vieram da demanda das pessoas por esse tipo de conte�do. Tenho muito orgulho”, conclui Camila Kater.