
''Lua cheia � sin�nimo de mudan�a, e a gente tem tratado esse EP como o s�mbolo de uma transi��o. Ele representa o fim de uma fase e o come�o de outra'', afirma Matheus Bragan�a. Essa nova fase come�a com a sa�da da vocalista Marina Sena – que integra tamb�m a banda Rosa Neon e recentemente iniciou sua carreira solo. A partir de agora, o grupo segue com Matheus Bragan�a, Edssada, Andr� Oliva, Mateus Sizilo e Daniel Mo�o.
''Ela [Marina] comunicou � gente que se desligaria da banda em agosto do ano passado. A partir da�, come�amos uma corrida contra o tempo para produzir um trabalho para marcar essa despedida. Foi um desafio, ainda mais considerando todas as dificuldades trazidas pela pandemia. Mas, em dezembro, j� estava tudo pronto'', conta.
A for�a-tarefa deu conta de levantar cinco m�sicas gravadas no Est�dio Guella Music, em Montes Claros, e produzidas por Rafael Carneiro. Para coloc�-las na pra�a, a banda tamb�m lan�ou m�o de uma campanha de financiamento coletivo, que arrecadou R$ 10 mil.
'Com essas cinco m�sicas, nosso objetivo era remeter �s nossas origens e influ�ncias. O Norte de Minas tem uma cultura de transi��o que bebe tanto de Minas Gerais quanto da Bahia. E isso nos influencia demais. Por isso nossa volta para sons ancestrais. � como um novo marco zero para o grupo'
Matheus Bragan�a, integrante d'A Outra Banda da Lua
RA�ZES
Assim como no �lbum A Outra Banda da Lua, lan�ado em abril de 2020, Catapoeira traz m�sicas compostas ao longo dos cinco anos do grupo, ou seja, n�o necessariamente planejadas para um trabalho espec�fico. O que as une � odi�logo com as ra�zes norte-mineiras, africanas e ind�genas, que, colocadas num caldeir�o de refer�ncias que inclui at� rock ingl�s, se transformam em faixas pop.
''Com essas cinco m�sicas, nosso objetivo era remeter �s nossas origens e influ�ncias. O Norte de Minas tem uma cultura de transi��o que bebe tanto de Minas Gerais quanto da Bahia. E isso nos influencia demais. Por isso nossa volta para sons ancestrais. � como um novo marco zero para o grupo'', diz Matheus.
A m�sica que d� nome ao EP, tamb�m respons�vel por abrir o trabalho, � um samba robusto, com direito a guitarras e percuss�o pesadas. Essa est�tica continua em Vento que bate e nela s�o adicionados elementos do ax� baiano.
O trabalho ganha tons psicod�licos na terceira faixa, Liga essa vitrola, que reverencia Z� Coco Do Riach�o, compositor e rabequeiro mineiro conhecido como 'Beethoven do Sert�o'. A m�sica percorre um caminho bastante semelhante ao de Weird fishes/Arpeggi, presente no disco In rainbows (2007), da banda Radiohead.
O regionalismo retorna em Batuque de catop�, cujo arranjo gira em torno da percuss�o, fazendo jus ao seu t�tulo.
� ineg�vel a import�ncia de Marina Sena no trabalho. Al�m de cantar em quatro das cinco m�sicas, ela assina a composi��o de tr�s faixas – Catapoeira, Vento que bate e Batuque de catop� –, todas elas em parceria com Matheus Bragan�a. Portanto, at� mesmo para os integrantes que ficam � dif�cil imaginar como ser� A Outra Banda da Lua sem a cantora e compositora. Com o perd�o pelo trocadilho, ser� 'outra' banda.
'Essa n�o � a primeira mudan�a na forma��o. Talvez seja a mais significativa, porque Marina (Sena) tem uma personalidade muito marcante, tanto nas grava��es quanto no palco, em termos de performance. Mas o grupo sempre foi um trabalho coletivo, ent�o a gente acredita que, daqui em diante, teremos uma nova concep��o de banda'
Matheus Bragan�a, integrante d'A Outra Banda da Lua
TRANSFORMA��O
''J� fizemos algumas proje��es, mas ainda n�o batemos o martelo. Al�m disso, estamos em transforma��o desde o in�cio da banda. Essa n�o � a primeira mudan�a na forma��o. Talvez seja a mais significativa, porque Marina tem uma personalidade muito marcante, tanto nas grava��es quanto no palco, em termos de performance. Mas o grupo sempre foi um trabalho coletivo, ent�o a gente acredita que, daqui em diante, teremos uma nova concep��o de banda'', comenta Bragan�a.
Uma pr�via dessa nova abordagem pode estar na faixa final, Chuva pra n�s, que faz uma ode ao sert�o mineiro, tanto na sonoridade quanto na letra – o que tamb�m est� registrado na foto de Thiago Botelho que serve de capa para o EP. A m�sica � predominantemente instrumental e n�o conta com o vocal de Marina Sena.
Catapoeira tamb�m celebra os cinco anos de exist�ncia do grupo. Em um balan�o do que esse espa�o de tempo representa, Matheus Bragan�a destaca as agruras de ser uma banda autoral do interior de Minas. ''� sobreviver. E a pandemia s� acentuou essa dificuldade de existir.''
Por outro lado, o m�sico celebra o reconhecimento, principalmente dos conterr�neos. ''� importante para n�s que o nosso p�blico se sinta representado e que a gente exalte esse pertencimento. Temos um �lbum lan�ado, fizemos uma s�rie de shows marcantes. Queremos continuar essa hist�ria'', afirma.

CATAPOEIRA
.A Outra Banda da Lua
.Independente
.Dispon�vel nas plataformas digitais
CARNE DOCE VAI AO DUB COM REMIX DE A CA�ADA

Destaque do �lbum Interior (2020), da banda goiana Carne Doce, a faixa A ca�ada, inspirada em conto hom�nimo de Lygia Fagundes Telles, ganha nova ambi�ncia com o remix que chega nesta sexta-feira (29/1) �s plataformas digitais.
A nova vers�o � assinada pelo m�sico, produtor e engenheiro de som norte-americano Victor Rice, que expandiu o universo sombrio da grava��o original. ''Victor nos enviou cinco dubs numa escala crescente de desconstru��o. A que lan�amos agora � a segunda, mas masterizamos tamb�m a quarta vers�o, bem mais desconstru�da, que devemos soltar em breve, em vinil'', conta Macloys Aquino, guitarrista da banda.
O primeiro contato da Carne Doce com Victor Rice se deu durante a grava��o do �lbum Princesa (2016). � �poca, o produtor colhia os louros por ter mixado e masterizado parte do �lbum A mulher do fim do mundo (2015), de Elza Soares.
''A ca�ada surgiu exatamente de um arquivo de bateria reggae do Fred Valle, que inspirou a linha de baixo do Aderson Maia, da� Salma J� chegou com letra e melodia e, por fim, colocamos as guitarras. Durante a mix, nosso guitarrista e produtor Jo�o Victor separou as tracks e estudou onde poderia criar os vazios e explorar efeitos de eco e delay, ent�o a nossa faixa mais reggae j� tinha um caminho aberto para o dub do Victor'', conta Macloys.