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Estado de Minas VAI DAR SAMBA

Daniela Mercury leva o carnaval para a internet com live superproduzida

Isolada em Salvador, cantora e compositora baiana desce do trio el�trico e entra em obra de arte de J Cunha na pr�xima sexta-feira (12/02)


07/02/2021 04:00 - atualizado 07/02/2021 12:41

(foto: Célia Santos/Divulgação)
(foto: C�lia Santos/Divulga��o)

Carnaval sem Daniela Mercury n�o � carnaval. Senhora absoluta da avenida h� exatos 39 anos, n�o ser� desta vez, em meio a uma pandemia, momento triste e muito cansativo para o pa�s, que ela vai abandonar os foli�es. 

A baiana prepara para a pr�xima sexta-feira (12/02)  aquele que pode ser o maior carnaval de sua vida. Calma. Nada de p�nico.  Daniela n�o vai �s ruas provocar aglomera��o. � no canal do YouYube da cantora que o carnaval virtual da rainha vai rolar, com os grandes sucessos de sua carreira e algumas novidades.

"Vou mergulhar na obra dele (o artista baiano Jota Cunha), nesse cen�rio de sonho e quero que o p�blico, os f�s fa�am parte do meu bloco, que eles sintam-se homenageados. A arte � o �nico jeito de inventar outro lugar"

Daniela Mercury, cantora e compositora


O link ser� disponibilizado tamb�m para plataformas de emissoras p�blicas, como a RT Play, de Portugal. At� o meio da semana passada havia negocia��es em andamento com emissoras da Am�rica Latina.  “Sobre a audi�ncia, s� podemos falar depois que acontecer”, diz ela, que, no ano passado, com a “Live da Rainha”, foi classificada pelo jornal The New York Times entre as 10 melhores realizadas durante a pandemia do novo coronav�rus. 

Daniela diz que a live (a terceira que ela faz desde 2020) � o carnaval dos sonhos, “o mais perto do que � poss�vel de se fazer”. Isolada em um condom�nio na Estrada do Coco, em Salvador, onde est� com a mulher, Malu Ver�osa, e tr�s filhas, a cantora conta que n�o sai de casa para quase nada. Tanto que os ensaios e toda a produ��o da live est�o sendo realizados em reuni�es virtuais.

TRIO 

Daniela conta que quebrou a cabe�a para encontrar alguma ideia que fosse diferente da beleza do carnaval. Pensou em colocar um trio el�trico em uma rua vazia ou andando em uma estrada. Foram v�rias as possibilidades, at� que ela resolveu descer do trio para entrar em uma obra de arte. 

“Foi o meu jeito para levar todos ao meu mundo imagin�rio.” A live ser� apresentada em cen�rio em espa�o aberto, longe do p�blico, com os bonecos gigantes e coloridos do artista baiano J Cunha. “Vou mergulhar na obra dele, nesse cen�rio de sonho e quero que o p�blico, os f�s fa�am parte do meu bloco, que eles sintam-se homenageados. A arte � o �nico jeito de inventar outro lugar”, disse ela, em entrevista por telefone ao Estado de Minas.

A cantora reconhece que o carnaval, neste formato, � um exerc�cio art�stico. Cita “Eu sou o carnaval”, trecho de O canto da cidade, um dos seus maiores sucessos, para garantir que ser� esse ponto de luz em um momento t�o sombrio e exaustivo.

“Estaremos conectados no mais rico protesto art�stico. Por isso escolhi a obra Viva o povo baiano, que me emociona muito”. Para a artista, o carnaval sempre foi espa�o para expressar uma mensagem.  “A vida toda os nossos carnavais trazem quest�es pol�ticas, trazem as lutas. A gente precisa lutar. Tudo isso que estamos vivendo � um grande aprendizado. A sociedade � de extrema import�ncia dentro da democracia.”

RESPEITO 

Bem antes da necessidade de lutar para mostrar a import�ncia das artes e da cultura em um momento em que elas est�o sendo desprezadas no pa�s, Daniela chamava a aten��o para a import�ncia das artes, do alto do trio el�trico, com a Rainha M�, seu alter ego. 

“Respeitar as artes � nos respeitar. � respeitar cada cidad�o, cada pessoa. N�o estamos dissociados.” Embora mantenha seu alto astral, a baiana reconhece que o momento � muito dif�cil. “As interfer�ncias nas �reas de cultura e educa��o, com retirada de autonomia, empobrecendo culturalmente o Brasil, s�o sinais subjetivos de autoritarismo que podem estar caminhando para talvez alguma coisa at� mais grave. � preciso ficar muito alerta. Precisamos tomar conta da nossa democracia”, diz a cantora, que participa do Observat�rio de Direitos Humanos, dedicada ao tema da liberdade de express�o.  

Diferentemente de muitos casais que andaram se estranhando durante o per�odo da quarentena, Daniela conta que ela e a mulher est�o enfrentando bem os dias de isolamento social. “Desde que nos casamos, n�o nos desgrudamos. Agora estamos aproveitando mais o tempo e nossas horas de lazer. Pelo condom�nio, conseguimos passear juntas de bike”, comenta. Ela ressalta, no entanto, que todo percurso de vida tem dificuldades e que o casamento � “uma escolha e nessa escolha, o caminho � interessante”. 

Daniela se considera a mais introspectiva do casal. Malu, por sua vez, est� sempre lendo, acompanhando tudo o que est� acontecendo.  As filhas de Daniela – Bela, de 11 anos, Alice, de 19, e M�rcia, de 22 – est�o com elas. O contato com as meninas t�m sido proveitoso. 

“A nossa pequeninha disse que � o melhor momento, por estar com as m�es.” A garota tem raz�es para estar feliz. Daniela, que j� foi professora de bal�, est� dando aulas de dan�a. “Foi �timo para a Bela, que conheceu a m�e professora.”. Presente nas lives anteriores da m�e, Bela tamb�m estar� presente na apresenta��o da pr�xima sexta-feira. 

J� no quesito educa��o em casa, Daniela e Malu se revezam nas aulas de ingl�s e matem�tica. “Bela ajuda cuidando do jardim, das coisas da casa. Num momento como este, todo mundo tem que ser colaborativo”, comenta.  

Assim como Daniela Mercury representa o carnaval para gera��es, outros artistas e g�neros musicais s�o essenciais � cantora. Na sexta-feira passada (5), ela lan�ou o frevo Quando o carnaval chegar, uma homenagem a Moraes Moreira (1947-2020), em que ela divide os vocais com Gal Costa. 

 “O frevo sempre foi muito importante no carnaval da Bahia. Moraes criou frevos importantes, comp�s alguns para mim. Gal deu voz a Festa no interior e Bloco do prazer”, lembra Daniela, que cita o frevo como uma de suas grandes influ�ncias.

“Quando ouvi a grava��o de Gal, fiquei louca. Chorei tr�s dias. E ainda choro quando ou�o. � lindo”. Moraes Moreira morreu de infarto, em abril do ano passado. 

Daniela conta que a morte a deixou muito sentida. Ela n�o era amiga de frequentar a casa de Moraes, que morava no Rio, enquanto ela vive em Salvador, mas diz que era uma alegria s� quando estavam juntos. Um ano antes da morte do baiano, os dois se encontraram em um restaurante na capital baiana. Com a m�sica que escreveu durante a pandemia, ela encontrou certo aconchego para essa tristeza. 

As raz�es para ter Gal nos vocais s�o v�rias e todas ligadas � hist�ria do frevo e da carreira de Daniela. “Ela � a melhor cantora do mundo. Acompanho a sua carreira desde menina. Ela � refer�ncia fundamental para todos n�s que amamos a MPB,  especialmente para mim, baiana. Tem uma versatilidade incr�vel.” Daniela diz ainda que Gal � a cantora nordestina de proje��o nacional que mais gravou frevos. 

Quando o carnaval chegar representa para Daniela uma forma de recuperar a sua rela��o com o frevo e a import�ncia dele dentro do carnaval baiano. O ritmo pernambucano, comenta a cantora, foi muito tocado nos carnavais da Bahia nos anos 1980. A partir dali, cedeu espa�o a outros ritmos. 

“Quando ouvi a grava��o de Gal, a m�sica trouxe a mem�ria de minha vida. Quando Festa do interior, frevo de Moraes, sucesso na voz de Gal, estourou, eu estava come�ando em um bloco pequeno no qual cantava os frevos, (os hits de) Gal, Amelinha. Cantava pouco, porque naquela �poca 90% do repert�rio nos trios era da guitarra baiana.” 

S� em 1987 as percuss�es ganham os trios el�tricos e o resto � hist�ria. Uma hist�ria na qual Daniela escreveu diversos cap�tulos.

 



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