Atriz norte-americana Janeth Leigh, estrela do clássico 'Psicose', visita o Cine Metrópole, em 1961

Atriz norte-americana Janet Leigh, estrela do cl�ssico "Psicose", visitou o Cine Metr�pole, em 1961

Arquivo EM/D.A Press/17/11/61

Em cartaz em Belo Horizonte, o novo filme do diretor Kleber Mendon�a Filho, “Retratos fantasmas”, resgata a hist�ria dos cinemas de rua do Recife e seu ocaso. Esse recorte regional espelha um fen�meno brasileiro: o apogeu das salas de exibi��o comerciais nas d�cadas de 1930 a 1950 e seu decl�nio a partir dos anos 1970 e 1980.

Belo Horizonte j� contou com dezenas de cinemas de rua (a maioria concentrada na Regi�o Central), mas houve significativa expans�o rumo aos bairros na d�cada de 1940.

A partir de 1943, foram abertas, ao longo dos sete anos seguintes, mais de 15 salas – nove delas nos bairros Floresta, Calafate, Santa Tereza e Cachoeirinha. No final dos anos 1970, muitos desses espa�os fecharam as portas.

O fechamento mais rumoroso foi o do Cine Metr�pole, em 1983, derrubado para dar lugar a um banco. A sala fez parte da hist�ria da capital mineira, com seu estilo cl�ssico e elegante. Recebeu celebridades como a atriz norte-americana Janet Leigh (1927-2004), int�rprete de Marion, a famosa loura esfaqueada em “Psicose”, cl�ssico de Alfred Hitchcock.

O Estado de Minas relembra a hist�ria dos cinemas de rua de Belo Horizonte que sucumbiram com o passar do tempo, assim como as salas do filme "Retratos fantasmas". Atualmente, a cidade conta apenas com o Una Cine Belas Artes, o Cine Santa Tereza e o Cine Humberto Mauro do Pal�cio das Artes, como cinemas de rua, al�m de espa�os integrados a centros culturais, como as salas do Sesc Palladium e do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

Poucos cineclubes se mant�m em atividade. � o caso do Cine Quintal e do Filme de Rua.
 
O Sesc Palladium e o Cine Theatro Brasil Vallourec s�o complexos culturais criados a partir de cinemas ic�nicos, que ao longo do s�culo passado atra�ram multid�es: o Cine Palladium e o Cine Brasil, respectivamente.

Demoli��es implac�veis

V�rios cinemas de rua foram demolidos para dar lugar a edifica��es com finalidades distintas ou convertidos em templos religiosos, estacionamentos, ag�ncias banc�rias e estabelecimentos comerciais.

O olhar para o passado de Belo Horizonte revela algumas curiosidades. Uma delas � o fato de que boa parte das salas comportava p�blico numeroso, comparado �s que hoje proliferam em shopping centers. Algumas das antigas salas superavam 1 mil assentos. Tal dimens�o se tornou obsoleta com o passar dos anos. Em 1983, o p�blico m�dio de um filme de sucesso era de 450 pessoas.

Em seus estertores, v�rios espa�os de exibi��o apelaram para filmes pornogr�ficos, o que, em algumas situa��es, garantiu-lhes apenas sobrevida. Foi o caso dos cinemas Art Pal�cio, Alvorada, Candel�ria, M�xico e Regina.
 
 

Cinema de arte de Belo Horizonte, Pathé se confunde com a história da Savassi

Ex-cinema de arte de Belo Horizonte, Path� se confunde com a hist�ria da Savassi

Arquivo EM/D.A Press

O Pathé na Avenida Afonso Pena, na jovem capital mineira dos anos 1920

O Path� da Avenida Afonso Pena, na jovem capital mineira dos anos 1920

Igino Bonfioli/reprodu��o

Sala de exibição do Pathé virou estacionamento

Sala de exibi��o do Path� virou estacionamento

Leandro Couri/EM/D.A Press

CINE PATH�

. Avenida Crist�v�o Colombo, 1.328, Savassi
Com 750 lugares, a sala que fez hist�ria em Belo Horizonte teve dois endere�os. Aberta em 1920, funcionou por 13 anos na Avenida Afonso Pena, 759, no Centro. Em 1948, o novo Path� foi inaugurado na Avenida Crist�v�o Colombo, onde funcionou at� ser fechado em 18 de abril de 1999. Entre os espa�os da era de ouro das salas de rua de BH, foi o que mais resistiu ao decl�nio e ganhou fama como cinema de arte. A fachada, apesar do aspecto abandonado, � tombada pelo patrim�nio hist�rico. O interior do im�vel j� foi usado como sede de igreja. Atualmente funciona como estacionamento.

Fila em frente ao Cine Metrópole durante exibição de 'Grease: Nos tempos da brilhantina', em 1978

Fila em frente ao Cine Metr�pole durante exibi��o de "Grease: Nos tempos da brilhantina", em 1978

Arquivo EM/D.A Press

Em 1983,Cine Metropole demolido

Em 1983, a demoli��o do Metr�pole revoltou a popula��o, que se mobilizou para tentar impedir a destrui��o

Arquivo EM/D.A Press

Prédio bancário funciona no local onde havia o cinema mais famoso de Minas

Pr�dio banc�rio funciona no local onde ficava o cinema mais famoso de Minas

Leandro Couri/EM/D.A Press

CINE METR�POLE

. Rua da Bahia, 951, Centro
Situado na esquina da Rua da Bahia com Rua Goi�s, o Metr�pole era considerado um dos cinemas mais importantes de Minas Gerais. Costumava receber as produ��es mais caras de Hollywood e grandes lan�amentos. No in�cio, o p�blico comparecia �s sess�es como se fosse a eventos de gala, usando roupas elegantes e chap�u.

O Metr�pole funcionou como cinema de 1942 a 1983. Antes disso, o pr�dio abrigou o Theatro Municipal de Belo Horizonte, constru�do em 1906. O estilo ecl�tico foi substitu�do, no final dos anos 1930, pelo art d�co, a pedido do ent�o prefeito  da capital, Juscelino Kubitschek. Sob protestos da popula��o, o pr�dio hist�rico foi demolido em 27 de maio de 1983 para dar lugar a uma ag�ncia do banco Bradesco.

O prédio do Cine Guarani foi projetado pelo arquiteto Luiz Signorelli

O pr�dio do Cine Guarani foi projetado pelo arquiteto Luiz Signorelli

Arquivo EM/D.A Press

O Museu Inimá de Paula funciona no prédio da Rua da Bahia

O Museu Inim� de Paula funciona no pr�dio tombado do Cine Guarani, na Rua da Bahia

Leandro Couri/EM/D.A Press


CINE GUARANI

. Rua da Bahia, 1.189, Centro
Com 454 lugares, funcionava no pr�dio projetado por Luiz Signorelli, constru�do entre 1926 e 1930, no estilo art d�co. O perfil da programa��o mudou ao longo dos tempos. Em certo per�odo, os filmes em cartaz eram voltados para a alta sociedade de Belo Horizonte.

Considerado um dos melhores cinemas da capital em termos de proje��o e sonoplastia, posteriormente passou a buscar o p�blico mais jovem, exibindo filmes com censura livre.

O Cine Guarani fechou as portas em 31 de mar�o de 1980. Tombado como parte do Conjunto Urbano da Rua da Bahia e Adjac�ncias, foi reformado e restaurado em 2008. Atualmente abriga o Museu Inim� de Paula.

Pessoas em frente ao Cine Progresso, no Padre Eustáquio, no dia de sua inauguração

Pessoas em frente ao Cine Progresso, no Padre Eust�quio, no dia de sua inaugura��o

Arquivo EM/D.A Press

Prédio já abrigou a boate Phoenix e hoje tem academia de ginástica

Pr�dio j� abrigou a boate Phoenix e hoje virou academia de gin�stica

Leandro Couri/EM/D.A Press

CINE PROGRESSO

. Rua Padre Eust�quio, 2.545, Padre Eust�quio
Com 1,4 mil lugares, o Cine Progresso integrou um dos maiores corredores de salas de exibi��o em Belo Horizonte, nos bairros Carlos Prates e Padre Eust�quio. A Regi�o Noroeste teve seis
cinemas entre as d�cadas de 1960 e 1970, entre eles o Cine Azteca, na Pra�a S�o Francisco, em frente � igreja S�o Francisco das Chagas, e o Cine S�o Carlos, na Rua Padre Eust�quio, com capacidade para 780 espectadores. O S�o Carlos encerrou as atividades em 9 de fevereiro de 1980. Em 23 de fevereiro de 1980, foi a vez do Cine Progresso. Nas d�cadas de 1980 e 1990, funcionou no local a boate Phoenix. Atualmente, o endere�o abriga uma academia de gin�stica.

Prédio do Cine México foi projetado por Rafaello Berti, autor de obras importantes de BH

Pr�dio do Cine M�xico foi projetado por Rafaello Berti, autor de obras importantes de BH

Evandro Santiago/EM/D.A Press/1990

Cinema virou ponto comercial no Hipercentro

Cinema virou ponto comercial no Hipercentro

Leandro Couri/EM/D.A Press

CINE M�XICO

. Rua Oiapoque, 194, Centro
Com 1.130 lugares, funcionava no pr�dio art dec� constru�do em 1943, projetado pelo arquiteto Rafaello Berti. Inaugurado em 1944, o Cine M�xico recebia p�blico ecl�tico. Entre o final dos anos 1980 e in�cio dos anos 1990, j� em decad�ncia, a sala ganhou fama por suas sess�es duplas – um filme pornogr�fico era invariavelmente precedido por uma fita de artes marciais.

Outros cinemas da zona bo�mia de Belo Horizonte, na Rua Guaicurus, adotavam o mesmo formato.Fechado na d�cada de 1990, a fachada do Cine M�xico � tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha), dentro do Conjunto Urbano Rua dos Caet�s e Adjac�ncias. Atualmente, o Mercado Mineiro (feira de artesanato) funciona no local.

Art Palácio, com 1,2 mil assentos, surgiu como modelo de cinema moderno e abrigou o Centro de Estudos Cinematógráficos

Art Pal�cio, com 1,2 mil assentos, surgiu como modelo de cinema moderno e abrigou o Centro de Estudos Cinematogr�ficos (CEC)

Evandro Santiago/EM/D.A Press/1991

Loja que funciona no salão do antigo cinema exibe projetores e manteve a tela do Art-Palácio

Loja que funciona no sal�o do antigo cinema exibe projetores e manteve a tela do Art-Pal�cio

Leandro Couri/EM/D.A Press
Letreiro do Art Palácio

Letreiro do Art Pal�cio ainda 'resiste' na Rua Curitiba

Leandro Couri/EM/D.A Press
 

CINE ART PAL�CIO

. Rua Curitiba, 601, Centro
Com 1,2 mil lugares, foi inaugurado em 1951. Em sua primeira d�cada de funcionamento, foi considerado o cinema mais moderno de Belo Horizonte. A frequ�ncia era intensa, de domingo a domingo, com cinco sess�es por dia, das 14h �s 22h. Nos anos 1950 e 1960, foi ponto de encontro dos cineclubistas da capital. O Centro de Estudos Cinematogr�ficos (CEC-MG), fundado em 1951, acabou se estabelecendo no segundo andar do Art Pal�cio, depois de passar por v�rias sedes. Os s�cios do CEC montaram ali uma pequena sala de exibi��o para sess�es exclusivas, aos s�bados. No local, havia tamb�m cursos de cinema e debates sobre filmes em cartaz. Em 1983, o Art Pal�cio exibia o pornogr�fico “Garganta profunda”, indicando o per�odo de decad�ncia. Fechou as portas em 5 de janeiro de 1992.

Cine Amazonas, sala de bairro, tinha 1,2 mil assentos e anunciava projeções em Superama

Cine Amazonas, sala de bairro, tinha 1,2 mil assentos e anunciava proje��es em Superama

Arquivo EM/D.A Press

Prédio na Barroca hoje abriga uma igreja

Pr�dio na Barroca hoje abriga uma igreja

Leandro Couri/EM/D.A Press
Igreja Batista funciona no antigo cinema da Barroca

Fachada da Igreja Batista da Barroca, ex-Cine Amazonas

Leandro Couri/EM/D.A Press
 

CINE AMAZONAS

. Avenida Amazonas, 3.583, Barroca
Com 1,2 mil lugares, era considerado o cinema mais amplo e confort�vel fora da Regi�o Central de Belo Horizonte. Viveu sua �poca de gl�ria acompanhando a fase �urea do cinema mexicano. O Cine Amazonas chegou a receber atrizes estrangeiras famosas, como a argentina Libertad Lamarque e a francesa Christiane Martel. Fechou as portas em 29 de junho de 1983. Publica��es da �poca apontavam a lei da obrigatoriedade de exibi��o do filme nacional como uma das causas do decl�nio. Hoje, no local funciona a Igreja Batista da Barroca.

Cine Candelária, em BH, nos anos 1950

Cine Candel�ria, inaugurado nos anos 1950, era atra��o da Pra�a Raul Soares

Arquivo EM/D.A Press
Cine Candelária, em BH, destruído

Descaso aniquilou a antiga sala de cinema para 2 mil pessoas

Gabriel Werneck/divulga��o

Ruínas apagam o passado do Candelária

Ru�nas apagam o passado do Candel�ria

Leandro Couri/EM/D.A Press

CINE CANDEL�RIA

. Pra�a Raul Soares, 315, Barro Preto
Com 2 mil lugares, o Cine Candel�ria foi inaugurado em 11 de dezembro de 1952. Durante longo per�odo, foi considerado um dos maiores e mais confort�veis cinemas de Belo Horizonte. No primeiro momento, recebia filmes europeus e americanos de pequenas distribuidoras. De certa forma, acompanhou a din�mica urbana de seu entorno, na regi�o da Pra�a Raul Soares. Entre o final dos anos 1970 e o in�cio dos anos 1980, seu perfil social mudou. Com a falta de cuidados e o aumento da prostitui��o na �rea, o Cine Candel�ria passou a exibir apenas filmes pornogr�ficos a partir de 1983. Ap�s o fechamento, em 2000, o local virou estacionamento e posteriormente, em 2004, destru�do por um inc�ndio. Hoje resta a fachada em ru�nas.

Nazaré fez história com o CinemasCope e foi  subdividido em três salas, mas sucumbiu em 1994

Nazar� fez hist�ria com o CinemasCope e foi subdividido em tr�s salas, mas sucumbiu em 1994

Vera Godoy/EM/D.A Press/1994

Atualmente, o espaço do Nazaré vem sendo preparado para receber academia de ginástica

Atualmente, o espa�o do Nazar� vem sendo preparado para receber academia de gin�stica

Leandro Couri/EM/D.A Press

CINE NAZAR�

. Rua Guajajaras, 41, Centro
Com 846 lugares, foi a �nica sala de Belo Horizonte com CinemaScope (tecnologia com lentes anam�rficas criada 1953). O confort�vel espa�o no Edif�cio Nazar� foi inaugurado no final dos anos 1960. Oferecia programa��o ecl�tica. Tentou o quanto p�de resistir ao decl�nio dos cinemas de rua. Nos anos 1990, a sala foi dividida em tr�s, seguindo o modelo do Cine Belas Artes e da Usina Unibanco de Cinema. Em 31 de janeiro de 1994, o Nazar� fechou as portas definitivamente. Atualmente, o espa�o est� em obras para receber uma academia de gin�stica.

Cine Pax, com 300 lugares, foi importante para a cena cultural da Região Nordeste de BH

Cine Pax, com 300 lugares: espa�o importante para a cena cultural da Regi�o Nordeste de BH

Arquivo EM/D.A Press

Prédio na Cachoeirinha mantém traços originais

Pr�dio na Cachoeirinha mant�m os tra�os originais

Leandro Couri/EM/D.A Press
Letreiro do Cine Pax

O velho letreiro ainda se destaca no pr�dio inaugurado em 1946

Leandro Couri/EM/D.A Press
 

CINE PAX

. Rua Coronel Alves, 171, Cachoeirinha
Dotado de 300 lugares, o Cine Pax foi inaugurado em 1946, com a exibi��o da com�dia “Sem tempo para amar”. A constru��o de pequeno porte tinha caracter�sticas neocl�ssicas peculiares em rela��o a outras salas de cinema abertas na capital mineira. Assumiu lugar importante na cena cultural da Regi�o Nordeste da cidade. O Cine Pax funcionou por cerca de duas d�cadas. Ap�s o fechamento oficial, na d�cada de 1960, o pr�dio abrigou loja de m�veis e posto de sa�de. Hoje, o im�vel est� sendo reformado pela Igreja Nossa Senhora da Paz.