
“� teatro com uma nova forma de pensar. N�o tem a presen�a do p�blico, mas � importante consider�-lo. � filmado, mas n�o � cinema. A filmagem precisa dar conta do que o espectador v�, e a� tamb�m entra a vantagem de poder mostrar detalhes da encena��o. Antes de tudo, o ator n�o pode atuar para a c�mera”, explica o diretor mineiro Nando Motta.
Ele e sua equipe pesquisaram bastante o novo formato. Uma das conclus�es a que chegaram foi a necessidade de dar autonomia a operadores de c�mera para n�o realizar filmagens que registrassem o plano geral do palco.
“N�o queria algo igual ao processo de cinema. No in�cio, a gente at� tentou seguir esse caminho, mas ficou muito claro que o ator estava trabalhando para a c�mera. Foi quando invertemos esse papel: a c�mera trabalha para o ator. Em tr�s dias, fizemos a pe�a de ponta a ponta, sem parar”, conta ele.
Assista ao trailer:
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Antes da pandemia, o Coletivo Bin�rio planejava circular por palcos do exterior. O registro audiovisual tamb�m supre essa lacuna, pois algumas sess�es ter�o legendas em ingl�s e espanhol. Com isso, o grupo conseguiu se inscrever em festivais de teatro de Barcelona, na Espanha, e Londres, na Inglaterra.
Inspirada no texto “Minha fantasma”, do multiartista Nuno Ramos, “180 dias de inverno” narra os seis meses que o autor passou cuidando de Sandra, sua mulher, que enfrentava uma grave doen�a. Camilo L�lis, Michelle Barreto e Fabiano Persi representam os personagens Ele, Ela e o Outro, que travam batalha di�ria contra um inimigo invis�vel.
Denso e dram�tico, o espet�culo tem como cen�rio um grande espelho d'�gua e m�veis semissubmersos. Numa cena, o p� branco cobre o corpo de um dos atores para simbolizar a morte e o renascimento. Como � comum nas montagens do Coletivo Bin�rio, h� a conflu�ncia das linguagens da dan�a-teatro, instala��o, v�deo mapping e live cinema.
“A transitoriedade est� presente no nosso trabalho. Esse tr�nsito foi reativado e refor�ado com a entrada do digital. Cinema e dan�a j� s�o linguagens com as quais temos grande afinidade, e as artes visuais tamb�m serviram de grande refer�ncia para que a gente chegasse ao resultado que o p�blico vai ver”, diz Nando Motta.
Um dos destaques � a trilha original, assinada pelo compositor mineiro Barulhista. Dispon�vel no site do coletivo, ela mistura a paisagem sonora da pe�a com sons sintetizados.
Para o diretor, retomar o espet�culo no contexto da COVID-19 joga nova luz sobre a hist�ria, que fala sobre o isolamento. “A pandemia ampliou o debate que � pr�prio da pe�a: como � um confinamento e as sensa��es que ele traz ao corpo. � um retrato do cansa�o, das restri��es e da resili�ncia”, pontua.
De hist�ria real a relacionamento como tema
A pe�a ganhou novos significados ao longo dos anos. “Come�ou como uma hist�ria real e j� n�o � mais sobre o Nuno Ramos. Atualmente, nossa montagem � sobre relacionamento, sobre viver com o outro. Tem muito mais a ver com as rela��es cotidianas, do dia a dia, do que com o amor ideal. Gosto de dizer que a gente mostra um tipo de amor que a Globo n�o mostra. � um amor que cansa, mas ao mesmo tempo nos faz continuar na rela��o”, diz Motta.
Apresentada h� cerca de 10 anos, Nuno Ramos nunca assistiu � pe�a, “por incompatibilidade de agenda”. “Quem sabe agora, no formato virtual, ele consiga. Vou mandar o link para ele”, conclui o diretor mineiro.