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Estado de Minas TEATRO

O ator Leonardo Miggiorin garante que a arte salva nestes tempos de crise

Na pe�a 'N�o se mate', o mineiro interpreta um homem sem esperan�a diante do luto e do desespero. Texto de Giovani Tozi se inspira em poemas de Drummond


02/04/2021 04:00 - atualizado 02/04/2021 09:17

Em 70 minutos, Leonardo Miggiorin divide com o público medos e angústias de um homem em crise(foto: Priscila Prade/divulgação)
Em 70 minutos, Leonardo Miggiorin divide com o p�blico medos e ang�stias de um homem em crise (foto: Priscila Prade/divulga��o)


Mineiro de Barbacena e formado em psicologia, o ator Leonardo Miggiorin foi a escolha certeira de Giovani Tozi para sua estreia como dramaturgo. Ainda no fim de 2020, ele escreveu a pe�a “N�o se mate”, baseada na reuni�o do poema hom�nimo de Carlos Drummond de Andrade com outras tr�s poesias dele que compartilham o contexto ligado � ang�stia e � incerteza. O espet�culo estreia nesta sexta-feira (2/4) em temporada virtual, com tem�tica que conversa com os tempos atuais.
 
O verso “E agora, Jos�?”, do c�lebre poema de Drummond, pode ter sido recorrente nos �ltimos 12 meses, diante da pandemia ainda fora de controle. Tamb�m � uma das inspira��es para o texto de Tozi, assim como “Poema das sete faces” e “Uma pedra”. O resultado � a trama em que Miggiorin d� vida a Carlos, artista pl�stico que vive um momento complexo de perdas e desespero ap�s a morte da m�e, o div�rcio e a demiss�o do trabalho.
 
   A crise do personagem � tamanha que Miggiorin brinca com o fato de ter sido o escolhido pelo diretor e dramaturgo. “Tozi me procurou e disse que s� pensava em mim para o papel. Pensei: poxa, o cara est� numa crise terr�vel e voc� pensa logo em mim?”, comenta, bem-humorado. De acordo com ele, a montagem concebida para exibi��o virtual mistura v�rias linguagens, como dan�a, artes visuais e teatro “para falar sobre essa crise com leveza e humor”.

solid�o Em boa parte dos 70 minutos da pe�a, o ator est� sozinho no palco, compartilhando a agonia de Carlos com o p�blico. Fala sobre perdas, medos, seu estado depressivo e sobre n�o enxergar alternativas, a ponto de n�o se considerar capaz de seguir em frente.
 
Por�m, n�o se trata de um mon�logo. O quadro cr�tico de Carlos � modificado quando ele passa a receber mensagens inesperadas de um homem misterioso, chamado Jos�, interpretado remotamente pelo veterano Luiz Damasceno, de 79 anos.
 
Os dois contracenam virtualmente, e Damasceno atua a partir de uma janela digital. Os di�logos v�o construindo a resili�ncia do atordoado protagonista. Al�m da longa bagagem no teatro, TV e cinema, Miggiorin, muito lembrado por interpretar Zezinho na miniss�rie “A presen�a de Anita” (Globo), exibida em 2001, leva para o palco sua experi�ncia como psic�logo. Especialmente nesse papel t�o ligado �s complexidades da mente diante da adversidade.
 
“Procuro ver o contexto, crio o personagem olhando as rela��es dele e os pap�is que tem. O Carlos perde o papel de marido, filho e de empregado. Isso gera uma crise de identidade. Ele tem de achar a sa�da e � justamente na arte que a encontra”, comenta o ator.
 
“Carlos quase desiste de tudo, mas alguma coisa faz com que tenha for�a para continuar, construir um novo papel e nova identidade. O p�blico vai junto, passando por esse luto. E agora? Estou ferrado, no buraco, perdido. E agora, Jos�?, esta � a pergunta que fazemos”, afirma Miggiorin.
 
Concebida durante a pandemia, a pe�a dialoga com o cotidiano de perdas e incertezas dos �ltimos meses. “Acho que as pessoas v�o se identificar. Temos um personagem vivendo v�rios lutos, v�rias perdas, sempre com d�vida sobre o que fazer agora. � o 'e agora, Jos�?’ que pergunta Drummond, nosso grande artista. De um jeito ou de outro, estamos todos vivendo um momento de mudan�as, reflex�es, perdas e luto. Ent�o, � uma forma de passar por isso juntos”, diz o ator. “Pode ser bom olhar para tudo isso de um jeito diferente, atrav�s da arte.”

RESPOSTA Miggiorin diz ser “uma honra” interpretar o texto inspirado na obra de Carlos Drummond de Andrade. Para o ator, a resposta para as quest�es existenciais que a trama prop�e pode estar no pr�prio teatro e nas demais express�es art�sticas.
 
“A vida � chata sem arte, sem m�sica, sem abstra��o, sem piada. A vida � chata sem o lado l�dico da arte, do teatro, da dan�a. A gente ama a arte. Mas como chegar at� o p�blico hoje em dia? A psicologia e a arte t�m tudo a ver. Entendo tudo isso como maneiras terap�uticas de expressar a pr�pria emo��o”, argumenta o mineiro, que atualmente faz p�s-gradua��o em psicodrama.
O objetivo do artista � aliar a psicologia ao teatro. “� a cura atrav�s do teatro. Para mim, a dramaturgia � terap�utica, � poder elaborar esse homem em crise, apresentar isso com riso, de maneira mais l�dica. A arte salva todo mundo, porque nos d� leveza. Mesmo que estejamos muito saturados pelo excesso de informa��es on-line, precisamos de hist�rias com as quais nos identifiquemos”, diz.
 
Viabilizada pela Lei Aldir Blanc, “N�o se mate” ter� grava��es exibidas pela plataforma Sympla at� 11 de abril. Miggiorin revela que o espet�culo teve dire��o remota e foi cuidadosamente estruturado de acordo com medidas de combate ao novo coronav�rus.
 
“Estamos em fase de adapta��o, houve alguns projetos h�bridos e outros totalmente on-line. O nosso teve um estilo de palco italiano, mas com o audiovisual como linguagem, ou seja, ele foi feito para gravar com c�mera. Fizemos tudo com equipe reduzida, � uma adapta��o importante para que o espet�culo possa acontecer”, observa.
 
Leonardo Miggiorin encena sua terceira pe�a desde o in�cio da pandemia. E n�o ser� a �ltima. Atualmente, ele ensaia “Fome”, webs�rie teatral da Cia. do Faroeste, na qual reeditar� a parceria com Mel Lisboa, 20 anos depois de a dupla atuar em “A presen�a de Anita”.
 
 
“N�O SE MATE”

Desta sexta-feira (2/4) a domingo (4/4) e de 9/4 a 11/4, �s 20h, com
 transmiss�o pelo site Sympla. 
Gratuito. Ingressos devem ser retirados em www.sympla.com.br/espaco
culturalbricabraque 


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