
S�o 20 anos de carreira, com grande hiato entre seus discos. Cantora que emergiu na gera��o Reciclo Geral – Mostra de Composi��es In�ditas, projeto belo-horizontino realizado em 2002, Ma�sa Moura tinha, at� ent�o, dois �lbuns: “Danaide” (2006, com Makely Ka) e “Moira” (2009, o primeiro solo). “O azul daqui”, gestado antes da pandemia e finalizado durante a crise sanit�ria, n�o � apenas o novo �lbum de Ma�sa, mas tamb�m um reencontro com a pr�pria m�sica.
“Nunca admiti, mas foi uma longa pausa. De 2011 at� 2018, trabalhei em uma escolinha com crian�as pequenas. Ficou dif�cil conciliar”, ela diz.
Ainda que em segundo plano, o canto n�o foi esquecido. “Tenho uma vontade enorme do palco, de me comunicar atrav�s da m�sica. � quase necessidade”, continua Ma�sa, que no per�odo de “hiberna��o” chegou a fazer pequenos shows.
Com 14 faixas, “O azul daqui”, disco acalentado h� tempos, traz in�ditas de antigos colaboradores. A cantora volta a gravar in�ditas de parceiros de gera��o – Renato Villa�a � autor de “Faz de conta”; Renato Negr�o e Rodrigo Torino, de “Grilo”.
Onipresente, Makely Ka, al�m de dividir a produ��o do �lbum com Ma�sa, assinou a dire��o art�stica, gravou viol�es e comp�s algumas faixas, como a ora��o “Senhora Jana�na”, que abre o �lbum, e “Transeunte”.
O repert�rio ainda traz can��es de Z� Miguel Wisnik (coautor de “Valsa azul” com Nelson Ferreira), Elomar (“Acalanto”) e da dupla Caetano e Moreno Veloso (“Sert�o”).
“O disco n�o tem m�sica minha. Para mim, o sentido vem do todo. � como se a minha composi��o (no caso, a interpreta��o) fosse a costura de tudo”, explica Ma�sa.
Capa e encartes trazem telas da irm� dela, a artista pl�stica Gisele Moura. “S�o imagens da exposi��o ‘Cartas para o menino azul’, trabalho que ela iniciou ouvindo as guias de voz e viol�o que fiz para este disco”, conta Ma�sa.
A sonoridade � muito baseada nas cordas – viol�o, contrabaixo ac�stico, cello. Mas aqui e ali h� forte presen�a percussiva, como no primeiro single, “Forr� em Oeiras”, letra de Makely e melodia de M�rio S�ve, colorida pela presen�a de Yuri Velasco (percuss�es) e participa��es de S�ve (flauta e p�fano) e de Rafael Martini (sanfona).
“Quando escolhi o forr� para ser o single, fiquei num processo de digerir (a escolha). As pessoas est�o morrendo e vou lan�ar um forr� alegre e feliz? Fui encontrar a justificativa para mim mesma. Tudo o que est� no disco � o que ele (o presidente Jair Bolsonaro) n�o gosta e despreza. Ent�o, o lan�amento n�o deixa de ser um grito, um outro lado”, comenta a cantora.
Optar por um �lbum extenso nesta �poca em que artistas lan�am EPs ou simplesmente singles tamb�m � remar contra a corrente. Ma�sa prefere firmar sua posi��o. “Dizem que n�o existe mais disco, que deve vir uma can��o de cada vez. Para mim, o sentido que existe � no todo”, refor�a a cantora, que est� come�ando a se acostumar com lan�amentos virtuais, apenas nas plataformas.
“Quando – e se – conseguir rodar com o show, ser� olho no olho, diferente”, garante Ma�sa Moura. Na impossibilidade de isso ocorrer agora, ela planeja para junho a grava��o de um show intimista em espa�o aberto, para ser lan�ado no ambiente digital.

“O AZUL DAQUI”
�lbum de Ma�sa Moura
Independente
14 faixas
Dispon�vel nas plataformas digitais