
Roteirista de “Bruna Surfistinha”, o filme que o presidente Jair Bolsonaro quis transformar em bandeira de sua cruzada contra o cinema brasileiro, h� cinco anos, Olivetto fez sua estreia em longas com “Reza a lenda”.
Como o faroeste nordestino, estrelado por Cau� Reymond, era um filme de a��o estiloso, muito bem fotografado e ambientado na �spera paisagem do sert�o. O diretor agora muda o tom, e a paisagem. Tr�s amigas, mulheres maduras, que embarcam numa jornada transformadora.
Nina trabalha duro no restaurante da fam�lia e s� encontra alento na liga��o com Rita e Nelita. As tr�s vivem apostando na Mega-Sena. Inesperadamente, ganham uma fortuna. Resolvem fazer uma loucura. Nina diz ao marido que o trio vai pescar no Pantanal, mas elas pegam um avi�o e rumam para o Uruguai, hospedando-se no chiqu�rrimo Hotel Casino, na Praia de Carrasco, numa su�te cuja di�ria custa a bagatela de R$ 15 mil.
''Sempre quis fazer cinema, o cinema � que n�o queria saber de mim. Agora, est�o me descobrindo. Al�m desse, tenho outro filme pronto para estrear, com a Vera Holtz e a Louise Cardoso''
Arlete Salles, atriz
M�O DE VACA
Dinheiro n�o � problema, mas as amigas acusam Nina de ser m�o de vaca. Arlete Salles diz que est� feliz da vida com o papel. "Sempre quis fazer cinema, o cinema � que n�o queria saber de mim. Agora, est�o me descobrindo. Al�m desse, tenho outro filme pronto para estrear, com a Vera Holtz e a Louise Cardoso", conta.Outras tr�s mulheres e a personagem de Arlete em “Tia Virg�nia” se arrepende da vida que n�o viveu. N�o � o que ocorre em “Amigas de sorte”. Terceira idade, melhor idade. "N�o precisa colocar a idade que tenho, at� porque, com todo esse desenvolvimento cient�fico, as pessoas est�o vivendo mais. Ainda vamos chegar aos 110 anos", brinca a atriz.
Mas fala s�rio – "Temos de agradecer por estar sobrevivendo nesta tempestade (da pandemia). Sinto-me privilegiada por estar me cuidando, com minha fam�lia, e por poder levar um pouco de alegria �s pessoas com nosso filme".
Rosi tem feito mais cinema do que Arlete e Susana. Achou o roteiro de “Amigas” bacana. Lusa Silvestre formatou o argumento de Fernanda e Machado. "Esse tema da amizade feminina � bem forte e verdadeiro. Sou a prova disso, porque continuo me relacionando com minhas colegas de escola. Quantos anos faz? Uns 40, e a gente segue se encontrando, agora n�o, por causa da pandemia, mas seguimos com nossos encontros on-line. O importante � compartilhar."
� o que fazem as “Amigas”. Susana, que vive a mais descolada, arranja um namorado jovem, interpretado por Klebber Toledo, com direito a reviravolta. "Para falar desse filme, tenho de falar dessas tr�s atrizes maravilhosas. Foi um privil�gio contracenar com elas. Aprendia o tempo todo", conta Toledo.
DESCOLADA
O clima de descontra��o entre as amigas se reproduzia no set. "Todo mundo se divertia muito, mas com profissionalismo", destaca Rosi. "O Homero � um diretor muito cuidadoso. Cuida da imagem, do elenco. A Susana, que � a mais descolada das tr�s, tinha sempre alguma ideia a acrescentar, e o Homero � receptivo. Foi uma �poca bem feliz, de troca para a gente."Para quem est� de quarentena, Arlete tem estado em evid�ncia. A Globo reprisou “Fina estampa” na faixa das nove. Na novela de Aguinaldo Silva, ela fazia a taxista Vilma, amiga da Griselda de L�lia Cabral. E, agora est� no “Toma l� d� c�”, que a emissora reapresenta nas tardes de s�bado.
"O Miguel (Falabella) foi muito feliz naquele texto. � meio clich� dizer que certas personagens s�o presentes para atores, mas a Cop�lia foi. O tema da sexualidade das pessoas maduras � tabu na sociedade, como se velho n�o pudesse ter desejo. Miguel criou essa figura transgressora, e o p�blico embarcou na nossa viagem”, diz a atriz.
Para Arlette, “aquele condom�nio Jambalaya virou um espelho do Brasil. Cop�lia poderia ser uma personagem chocante por sua liberalidade, mas as pessoas a adotaram. Mesmo muitos anos depois, ainda dava para sentir o carinho do p�blico por ela e, agora, com a s�rie no ar, o Miguel fica me falando das rea��es nas redes sociais. Sou meio tr�pega com a tecnologia, mas ele diz que ainda estamos bombando”.
Em “Amigas de sorte”, Nina � nordestina – como Arlete –, �s voltas com italianos numa cantina do bairro paulistano do Bexiga. J� viram a salada, n�o �? "Eu fazia meu melhor sotaque italiano, mas, de vez em quando, arranhava em alguma fala nordestina. Acho que essa descontra��o est� na tela. O p�blico vai gostar."
E Arlete revela: "Sempre fui muito t�mida, ent�o essas personagens me ajudaram a liberar facetas minhas que estavam reprimidas. A Nina � bem isso. A viagem termina sendo libertadora para ela. Ali�s, para todas, mas eu posso dizer com certeza que a Nina que volta para casa no fim do filme � outra. O empoderamento � uma realidade que se manifesta at� nas pequenas coisas do cotidiano. Com leveza, o filme mostra como o mundo e n�s, as mulheres, estamos mudando". (Ag�ncia Estado)