
Belo Horizonte � a primeira capital do pa�s a contar com um curso de gradua��o de cinema de anima��o. Mas muito antes de 2009, quando ele se formalizou na Escola de Belas-Artes da UFMG, a habilita��o j� era oferecida no curso de Artes Visuais da mesma institui��o. Tanto que a cidade carrega h� tempos uma tradi��o na forma��o de animadores, assim como mant�m intensa produ��o no formato.
Sete curtas mineiros integram a programa��o da vers�o on-line do Festival Animarte.! Em sua 16ª edi��o, o evento, que nasceu voltado para a produ��o estudantil e hoje abriga tamb�m a de profissionais, exibe at� o pr�ximo dia 13 de junho um total de 452 filmes vindos de 60 pa�ses.
A produ��o mineira que integra o festival dividida em tr�s se��es. A mostra Estudantes Brasileiros Maxi conta com os t�tulos "A lenda do Sol e da tempestade", de Hugo Tortul Ferriolli e Victor Laildher do Amaral, e "Muda", de Isabella Pannain; na se��o Culturas do Mundo est�o “Fa�sca de p�”, de Jackson Abacatu , “Gato the cat – O gato sem botas”, de Paula Abreu, “Meu melhor amigo”, de Laly Cataguases, e “Tzinga”, de Giuliana Danza; “Serf”, de Ramon Faria, faz parte da sele��o Filme Ambiental.
Formada no final de 2020 na UFMG, Isabella Pannain realizou “Muda” como filme de gradua��o. Durante tr�s semestres, ela desenvolveu o projeto, ao lado de outros colegas de curso. O curta de sete minutos acompanha Ana, uma garota teimosa que carrega sua mochila para todos os lugares. Uma mudan�a repentina vai trazer consequ�ncias para ela.
“Muda” contou com uma equipe de 16 pessoas. “A grande maioria era formada por estudantes. Os que n�o eram se voluntariaram. Na universidade, temos que entregar um cronograma de acordo com cada disciplina. Come�amos com a hist�ria, ficha dos personagens, se vai precisar de dublagem, quest�es t�cnicas”, descreve Isabella, que j� havia feito outro curta na UFMG.
DEMANDA
De acordo com ela, como cursos de gradua��o em cinema de anima��o ainda s�o raros no pa�s, Belo Horizonte acabou se tornando um polo. “A nova gera��o, que est� come�ando a trabalhar agora, � mais especializada, e ainda que o mercado esteja devagar, como a cultura em geral, existe mais demanda para anima��o do que alguns anos atr�s.”
Tamb�m cria da UFMG, mas j� com bons anos como profissionais, os animadores Giuliana Danza e Jackson Abacatu participam do Animarte! com curtas que t�m a linguagem de clipe. “Tzinga” � mais um trabalho de Giuliana com o Grupo Serelepe. Nascido como um projeto de extens�o da mesma universidade, o trio formado por Eug�nio Tadeu, Reginaldo Santos e Gabriel Murilo se dedica h� 15 anos � m�sica para crian�as.
“Tzinga” � uma l�ngua inventada. Giuliana escolheu essa can��o para fazer o v�deo para ter uma entrada mais f�cil em festivais internacionais, “j� que n�o requer legendagem”, conforme ela explica. Tanto que o trabalho estreou no in�cio deste ano no festival brit�nico Lift-Off. No curta, o trio executa a can��o enquanto interage com anima��es.
“A m�sica traz a possibilidade da mistura da cultura africana com a russa. Ent�o pensei na visualidade das babuskas russas (as bonecas de encaixe, tamb�m conhecidas como matrioskas)”, diz ela, que filmou o trio sobre uma tela verde e depois animou as bonecas, utilizando a t�cnica de stop-motion.
Formada na �ltima turma da Belas-Artes antes da cria��o do curso de cinema de anima��o, Giuliana diz que, apesar de os editais p�blicos para a produ��o audiovisual terem diminu�do muito nos �ltimos anos, existe uma crescente produ��o on-line voltada para a publicidade e webs�ries.
Para “Fa�sca de p�”, curta para a m�sica de Isabella Bretz, Jackson Abacatu trabalhou com v�rias t�cnicas. “Comecei com o processo de rotoscopia (filmou a cantora executando a m�sica para que o registro servisse de refer�ncia) e depois inclu� v�rias coisas. Pintura sobre papel, desenho sobre papel, tanto manual quanto digital. Ainda utilizei massinha, carv�o e at� p� de caf�. Foi um trabalho de experimenta��o de t�cnicas”, explica ele. “A anima��o traz infinitas possibilidades e a cada trabalho quero fazer uma t�cnica diferente”, diz.
16º. FESTIVAL ANIMarte!
At� 13 de junho, no animarte.kinow.tv. Acesso gratuito a estudantes e professores por meio de formul�rio na plataforma. Para o p�blico em geral, passaporte v�lido durante todo o evento pelo pre�o �nico de R$ 25

A CASA DAS PEQUENAS HIST�RIAS
A ambi��o � fazer uma esp�cie de Netflix dedicada aos curtas-metragens. Tomando o gigante do streaming como modelo, o casal de atores Daniel Jaber e Luciana Damasceno lan�ou no final de 2019 a Cardume, plataforma dedicada exclusivamente ao formato curta-metragem, com assinatura mensal e cat�logo selecionado via curadoria.
“Como somos atores, acompanh�vamos os festivais de cinema. Depois dos eventos, percebemos que a maior parte dos curtas desaparecia. A gente pensou em organizar os filmes e apresent�-los para as pessoas em um formato mais palat�vel, a partir da experi�ncia de usu�rio que temos com a Netflix. Al�m disso, quer�amos monetizar para fomentar o mercado e fazer a roda girar”, diz Daniel.
“N�o quisemos fazer um modelo de aluguel por filme, como h� em outros servi�os de streaming, e sim colocar a assinatura a um pre�o acess�vel, para que tent�ssemos popularizar o formato curta. De uma maneira geral, a grande maioria dos curtas n�o tinha uma janela comercial para existirem depois do circuito de festivais”, afirma Luciana.
Atualmente, o cat�logo da Cardume conta com aproximadamente 200 t�tulos, produzidos entre 2007 e 2021 e divididos em quase 50 categorias. “Temos uma comiss�o de 10 artistas audiovisuais, um grupo bastante heterog�neo de diretores, atores, roteiristas. Todos os filmes s�o avaliados por tr�s pessoas, que d�o notas em sete categorias. Caso atinja a nota m�nima estabelecida para a sele��o, ele entra para a plataforma”, explica Daniel.
Os filmes mais assistidos da Cardume at� o momento s�o os document�rios “Boca de fogo” (2017), de Luciano P�rez Fern�ndez, e “Ingrid” (2016), de Maick Hannder, e a anima��o “L� com cr�” (2018), de Cassandra Reis.
APLICATIVO
Ainda que prefiram n�o fornecer dados sobre o n�mero de assinantes, Luciana e Daniel comentam que 82% s�o profissionais do audiovisual. “Era o p�blico que est�vamos buscando no momento inicial da plataforma. J� num segundo momento (e esperamos lan�ar o aplicativo at� o final do ano) vamos buscar um p�blico maior”, diz ele.
No in�cio da empreitada, o casal pensou se seria vi�vel manter a plataforma em Belo Horizonte. Com a pandemia, uma mudan�a para S�o Paulo passou a n�o ter sentido. “O audiovisual acontece muito em S�o Paulo, mas temos tamb�m uma vontade de querer romper o eixo e levar para a plataforma n�o s� coisas feitas aqui, como tamb�m do Nordeste, Centro-Oeste”, comenta Luciana.
Com parcerias com festivais e mostras, a Cardume lan�a no m�s que vem seu primeiro edital para a produ��o de curtas. O projeto vencedor vai receber R$ 15 mil e servi�os t�cnicos para a realiza��o de um filme. “Queremos que os filmes sejam vistos, mas tamb�m temos uma vontade grande de que sejam produzidos mais curtas, tanto que pensamos na Cardume como uma comunidade para a difus�o e a produ��o”, diz Daniel.
CARDUME
Acesso pelo cardume.tv.br. Assinatura mensal: R$ 5.

Crian�as narram a vida na pandemia
Neste domingo (30/5), �s 16h, ser� lan�ado o curta “Heran�a”, de Rosana Dias. Atriz mineira radicada no Rio de Janeiro criou um workshop de interpreta��o para cinema voltado para crian�as. A iniciativa foi uma alternativa de trabalho para ela durante a pandemia.
O projeto, que reuniu 25 meninos e meninas de diferentes regi�es do pa�s, resultou no filme de 16 minutos. “A partir das hist�rias que as crian�as contaram sobre a pandemia, fiz o roteiro”, diz Rosana, que se surpreendeu com as conversas.
Ela conta que ouviu dos meninos hist�rias positivas, pois muitos comentaram que receberam mais aten��o dos pais no per�odo da quarentena. O curta foi realizado remotamente, via Zoom, com cada crian�a em sua pr�pria casa. O lan�amento ser� no canal da atriz no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCx2AnLdtv7zuYjGNhNHGGDw).