
“Carnaval”, com�dia brasileira que a Netflix lan�a nesta quarta-feira (2/6), usa a folia mais popular do pa�s como mote para uma reflex�o sobre o universo dos influenciadores digitais. No longa nacional dirigido por Leandro Neri, Nina (Giovanna Cordeiro) � uma aspirante a influencer que precisa lidar com sua crise de imagem ap�s ser tra�da pelo namorado e se tornar meme na internet.
Ainda de baixo-astral pelo fim do relacionamento, ela recebe um convite inesperado para participar do camarote do astro do pagode L�o Nunes (Micael Borges) no carnaval de Salvador, com todas as despesas pagas. Parece a oportunidade perfeita para ela alcan�ar seu primeiro milh�o de seguidores e superar o constrangimento da trai��o.
Na aus�ncia do ex, as suas melhores amigas, Michele (GKay), Vivi (Samya Pascotto) e Mayra (Bruna Inocencio), v�o acompanh�-la na viagem, em que Nina se v� dividida entre demandas afetivas e profissionais na busca por engajamento no carnaval.
“Acho que as redes sociais est�o a� para todo mundo agora, n�o tem como fugir. No carnaval, voc� inevitavelmente vai estar saindo no Instagram de algu�m, seja da sua amiga ou de uma influencer”, afirma Samya Pascotto, que interpreta Vivi, a geek do grupo, pouco apegada ao carnaval. As atrizes participaram de entrevista coletiva virtual para divulgar o filme.
“S�o temas que, hoje, s�o intr�nsecos (as redes sociais e o carnaval), n�o tem como separar, porque eles s�o mat�ria da vida j�. Nesse sentido, o filme faz um convite para refletir sobre as redes sociais no cotidiano, nas festas e nos nossos encontros”, avalia Samya.
Embora a trama retrate a vida p�blica na internet como um emprego que, assim como os demais, envolve diversas dificuldades, a influencer da vida real GKay (ela tem 1,64 milh�o de inscritos em seu canal no YouTube e 14,5 milh�es de seguidores no Instagram) diz que a inten��o “n�o � bem uma cr�tica; na verdade, o filme quis mostrar o outro lado das coisas, ele mostra que esse trabalho com internet tamb�m tem seu lado chato. N�o focou s� nessa magia das redes sociais em que as pessoas acreditam”. No longa, GKay vive a paqueradora Michelle.
“O filme mostra como a rede social � um trabalho como qualquer outro. Vai haver momentos em que voc� vai estar fazendo algo que talvez n�o queira tanto. Ou voc� vai estar num lugar em que n�o queria, mas precisa estar ali porque vai ser melhor para o seu trabalho”, diz ela.
COMPARA��O
Em Salvador, as quatro amigas convivem com a influenciadora Luana (Flavia Pavanelli), que soma mais de 10 milh�es de seguidores e vai aconselhar Nina na sua busca pela fama. A rela��o entre a celebridade e a aspirante � fama toca no tema da compara��o na internet, cujos efeitos nocivos para a sa�de mental j� s�o conhecidos.“Acho que todo mundo que est� nas redes em algum momento j� se comparou. Achou, por exemplo, que algu�m estava fazendo alguma coisa que voc� deveria. A gente tem muito isso o tempo inteiro. Abre as redes sociais e, de repente, na nossa casa, a gente est� em v�rios outros lugares, vendo pessoas fazendo coisas incr�veis”, afirma Giovanna Cordeiro.
“A gente precisa se reeducar como usu�rio dessa ferramenta para saber o que incorporar ao nosso dia a dia, o que faz sentido na nossa vida. E tamb�m saber que aquilo ali n�o � 100% realidade, � um fragmento de uma vida que foi projetada, de certa forma, para aquele momento”, diz a int�rprete da protagonista. Giovanna comenta que, assim como sua personagem, j� se sentiu insegura em expressar sua verdadeira personalidade na internet.
Gkay acredita que a compara��o rouba os m�ritos e conquistas dos usu�rios na web. “Eu trabalho com n�meros, internet e Instagram. Muitas vezes, tive, por exemplo, o sonho de chegar a 5 milh�es de seguidores. S� que, �s vezes, voc� se leva tanto a uma compara��o com outra pessoa, com viv�ncias distintas, que quando chega naqueles 5 milh�es nem comemora, porque j� est� focada na outra, que alcan�ou 10 milh�es. E isso vai virando uma bola de neve, algo que vai te consumindo.”
Na opini�o de Samya Pascotto, “Carnaval” tamb�m mostra a parcela de responsabilidade dos influenciadores no problema. “A personagem da Fl�via Pavanelli n�o � nada daquilo que est� entregando (virtualmente). � uma f�rmula, ela n�o vive aquilo. E a Nina consegue reverter isso. Quando ela se segura naquilo que ela � de verdade � quando a personagem brilha. Ent�o, acho que se a gente prestasse aten��o nisso como usu�rio e pessoas que produzem conte�do, a gente estaria melhor.”
O filme tamb�m procura ressaltar o valor da amizade na busca do autoconhecimento e do sucesso profissional, em tempos em que “parecer” � mais importante do que “ser”. E, lan�ado no contexto da pandemia, seu retrato do carnaval com as grandes aglomera��es na capital baiana ganhou um ar nost�lgico para o espectador.
“Senti que o carnaval tomou conta do filme e achei isso incr�vel. Quando a gente estava trabalhando o roteiro, esse universo da internet ficou muito evidente, mas n�o tem jeito, o carnaval tem uma for�a muito maior”, conclui Giovanna Cordeiro.
“Carnaval”
• Dire��o: Leandro Leri. Com Giovanna Cordeiro, GKay, Samya Pascotto e Bruna Inocencio
• Classifica��o: 14 anos
• Estreia na Netflix nesta quarta-feira (2/6)
*Estagi�rio sob supervis�o da editora Silvana Arantes