
No pr�ximo dia 13, quando os trabalhos estiverem finalizados, as telas produzidas ficar�o em exposi��o permanente no site do projeto. Todo o processo ser� documentado em um v�deo, a ser exibido no canal do Bolinho no YouTube. "Sinto que as pessoas em geral n�o t�m ideia de como � feito o grafite. Veem na parede, mas n�o sabem dos processos. Muita gente me pergunta como �, quais materiais eu uso, tem d�vidas sobre as t�cnicas. Ainda h� um certo misticismo. Por isso � uma coisa legal abrir esse processo", afirma Maria Raquel.

DESAFIO
A artista, que j� grafitou centenas de bolinhos por BH desde 2009, destaca que a pandemia configura um per�odo "muito desafiador" para a arte urbana. "Meu trabalho � feito na rua, e vivemos uma �poca em que n�o podemos sair na rua. Nesses 12 anos, esse foi o per�odo mais dif�cil. Tive que trazer as caracter�sticas do Bolinho da rua para casa atrav�s da tela, do desenho. Foi a parte mais complicada", comenta Maria Raquel, que � graduada em artes visuais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), e em letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Diante da flexibiliza��o das medidas de isolamento e da possibilidade de retornar aos cen�rios urbanos, o Bolinho reencontra sua miss�o de dialogar com o tempo presente. "Depois que as coisas se afrouxaram, o Bolinho tinha at� a obriga��o de falar disso, de como tem sido a vida nesse tempo, do uso de m�scara, etc. Ele sempre teve essa caracter�stica de falar do momento, do meme, das coisas atuais. E isso � bem natural para mim", diz Maria Raquel, que se define como uma pessoa "bem louca da internet, muito ligada em tudo o que est� rolando, e o Bolinho pegou isso".
'Meu trabalho � feito na rua, e vivemos uma �poca em que n�o podemos sair na rua. Nesses 12 anos, esse foi o per�odo mais dif�cil. Tive que trazer as caracter�sticas do Bolinho da rua para casa atrav�s da tela, do desenho. Foi a parte mais complicada'
Maria Raquel Bolinho, artista�
M�SCARA
Esse aspecto � um dos motivos que justificam o carisma da personagem, na opini�o de sua criadora. "Gosto muito de contar a hist�ria das �pocas, do que foi acontecendo em BH e no mundo. Tivemos o Bolinho das manifesta��es, em 2013, por exemplo. Agora � o Bolinho de m�scara", diz a grafiteira, que compara a atividade com a dos cartunistas."Tem isso de ir contando, de forma bem-humorada, o que vem acontecendo no nosso tempo. A hist�ria do Bolinho se mistura com a hist�ria de BH. Ele surge no Duelo de MCs, quando conheci outros grafiteiros, numa cena que crescia bastante", relembra.

"� muito legal participar desse projeto dessa artista, que � um �cone da arte urbana de BH. Fico muito honrada. Nosso trabalho � bem distinto um do outro, mas o Bolinho se insere em tudo. Vou fazer meu trabalho, e ela vai inserir o Bolinho ali, nessa atmosfera mais ligada � natureza", diz Clara, que refor�a a import�ncia do evento para a coletividade da arte urbana na cidade. "O Bolinho tem muitos seguidores. Assim, muita gente que n�o conhece nosso trabalho fica conhecendo”, prev�.
Clara diz j� ter um esbo�o articulado com Maria Raquel. O p�blico poder� ver essa ideia ir para a tela de 1,5m x 1,5m. Para a criadora do Bolinho, essa produ��o compartilhada � tamb�m um grande atrativo. "Fazer uma pintura com outra pessoa � um processo dif�cil. No grafite, gostamos de fazer parcerias, mas muitas vezes s�o desenhos separados dentro de um mesmo tema. Ent�o, isso � legal de acompanhar, principalmente isso de pensar um trabalho a dois, um incorporando coisas do trabalho do outro", argumenta Maria Raquel Bolinho.
Os outros cinco convidados se juntar�o a ela, um a cada dia, at� o pr�ximo dia 12. A ideia � produzir grandes telas com o personagem principal, sempre utilizando as t�cnicas do grafite, com spray.
Nesta sexta-feira (4/6), ser� a vez de Lucas Skritor, grafiteiro, tatuador e artista pl�stico, que desde 2009 espalha letras e pain�is por Belo Horizonte. No s�bado (5/6), o convidado ser� Nowone, que marca presen�a nos muros da cidade com a pintura h� pelo menos 10 anos.
Na pr�xima semana, a programa��o ter� o multiartista Comum, na quinta-feira (10/6). Desde 2004, ele desenvolve trabalhos em diferentes modalidades da arte urbana e das artes pl�sticas, como grafite, stencil, muralismo, lambe-lambe e gravura. No dia seguinte, Bolinho receber� a artista, grafiteira e ilustradora autodidata F�nix. Atuante na cena de arte urbana mineira desde 2016, seu trabalho prioriza as culturas afro e ind�gena.
Por fim, no s�bado (12/6), o convidado ser� Jo�o Marcelo Goma, um dos mais cultuados nomes da arte urbana da capital mineira, respons�vel por diversos murais e grafites espalhados pela cidade. "BH tem uma cena muito grande, mas muitas pessoas n�o sabem como procurar, como chegar at� os artistas, nem quem s�o os autores dos trabalhos que veem por a�. Nem todos t�m uma popularidade. Nossa mostra tem objetivo de promover isso", afirma Maria Raquel Bolinho.
Mostra de Arte do Bolinho – BH � quem?