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Estado de Minas

Arte h�brida e a reinven��o em tempos de pandemia

Produtores de eventos, artistas e coletivos t�m, cada vez mais, integrado diferentes linguagens, do circo ao cinema, em suas realiza��es


16/06/2021 19:36 - atualizado 16/06/2021 19:41

Soprano Nívea Freitas em ação no projeto
Soprano N�vea Freitas em a��o no projeto "Ophelia, a Hist�rica: 3 Can��es, 3 Reflex�es em 3 Epis�dios", dispon�vel nas redes da Casa H�brido Produ��es (foto: Eric Andrada/Divulga��o)

Com a presen�a f�sica em teatros, casas de shows, galerias, salas de cinema e afins restringida – quando n�o impossibilitada – pela pandemia, o setor cultural sofreu, desde a chegada do coranav�rus, um enorme baque.

Produtores de eventos, artistas e coletivos tiveram que se reinventar para oferecer, no formato remoto, experi�ncias relevantes para o p�blico. Esse movimento tem promovido, cada vez mais, uma aproxima��o entre diferentes express�es art�sticas.

Festivais on-line, que t�m sido realizados ao longo do �ltimo ano, comportam em suas programa��es as artes integradas, eventualmente com a preponder�ncia de uma espec�fica, mas sem perder de vista as outras.

E criadores em geral, de todas as �reas, t�m apresentado obras que ignoram fronteiras – teatro, dan�a, m�sica, performance, literatura, cinema, circo t�m, muitas vezes, se fundido em espet�culos h�bridos (as ferramentas do audiovisual, nesse aspecto, t�m se tornado imprescind�veis, j� que estamos falando de apresenta��es mediadas por uma tela).

A 10ª edi��o do festival Giro na Cidade, em curso at� o pr�ximo dia 20 em de Gon�alves, no Sul de Minas, re�ne em sua programa��o cerca de 30 atra��es, com shows, teatro, serestas, oficinas, mesas liter�rias e muito mais.

Com sua 4ª edi��o sendo realizada desde 4 de maio, e com programa��o que se estende at� o fim deste m�s, o Festival Cultura & Cidadania, que tem sua base em S�o Jo�o del-Rei, aposta em teatro, conta��o de hist�rias e oficinas de diferentes express�es, como artes visuais, m�sica e literatura.

O Festival de Artes Integradas P� na Pedra, criado em Ribeir�o das Neves pelo Coletivo Semifusa, traz j� em seu nome o prop�sito de abarcar uma variedade de manifesta��es art�sticas. Sua 8ª edi��o foi realizada em maio deste ano.
 
O grupo Ponto de Partida, de Barbacena, est� com as inscri��es abertas para a edi��o 2021 de sua resid�ncia art�stica para atrizes e atores, que acontecer� de 5 de julho a 10 de setembro.

Os encontros especiais programados para os residentes, com nomes como M�nica Salmaso, Djamila Ribeiro, Ti�o Rocha, M�rcio Abreu, Marina Colasanti, Andrea Nogueira, Wagner Moreira, Lu�s Melo, �der Santos e Maur�cio Tizumba, d�o uma ideia da interdisciplinaridade que o processo prop�e.

"Sempre trabalhamos com uma est�tica multifacetada, a maioria dos nossos espet�culos s�o fincados na literatura, e como pesquisamos a cultura brasileira, a m�sica tamb�m � um elemento fort�ssimo. Na pandemia, a tela te restringe. A gente pesquisou muito e, claro, as ferramentas do audiovisual se tornaram fundamentais. O que acontece na pandemia � que a gente est� descobrindo outros caminhos. Na resid�ncia, estamos pesquisando uma linguagem que funcione na telinha, que n�o seja uma coisa s� gravada, como se fosse apenas um v�deo, e nem uma coisa teatral, porque n�o �, n�o tem o fundamental, que � a presen�a, o ator falando para algu�m. Estamos tentando encontrar esse lugar. Esse � o desafio, encontrar uma linguagem que n�o existia ainda, que � uma mistura", diz Regina Bertola, diretora do Ponto de Partida.
 

O hibridismo como marca

A busca pelo cruzamento de express�es art�sticas est� n�o s� na programa��o de festivais, em workshops ou resid�ncias, mas tamb�m presente na concep��o e no cerne de obras que, nos �ltimos tempos, t�m vindo � p�blico.

A soprano N�vea Freitas, por exemplo, fechou recentemente o ciclo de seu projeto "Ophelia, a Hist�rica: 3 Can��es, 3 Reflex�es em 3 Epis�dios", que se consistiu em recitais camer�sticos em roupagem audiovisual concebidos a partir da personagem presente em "Hamlet", de Shakespeare.

"Sou da �rea do canto l�rico e sempre percebi uma dificuldade do p�blico para se engajar com esse tipo de repert�rio. Desde quando estava no bacharelado, busquei criar meus recitais de uma forma mais conectada com o mundo atual, trazendo, por exemplo, elementos audiovisuais. Em certo momento da minha forma��o, fui estudar na Alemanha e desenvolvi um projeto que misturava uma pe�a de teatro grega, can��es e uns filminhos de anima��o que a gente desenvolveu para essa apresenta��o. A ideia era para reformular esses conceitos estanques de concerto. Isso, que j� vinha desde antes da pandemia, agora, com ela, se alastrou, porque todo mundo teve que se adaptar, para estar presente tamb�m atrav�s de outras linguagens", diz N�vea.

Duna Dias � outra artista que tem apresentado, em trabalhos esparsos e com seu Grupo Contempor�neo de Dan�a Livre (GCDL), que tem bases em Contagem e Belo Horizonte, diversos trabalhos que primam pelo hibridismo de express�es.

Uma de suas cria��es de videodan�a mais recente, "apto. 15", postado no canal do YouTube do GCDL, � um exemplo, na medida em que lida com experimenta��es envolvendo movimenta��es de c�mera – incluindo planos sequ�ncia –, o uso de filtros anal�gicos, o desenvolvimento da fotografia com ilumina��o caseira e o flerte com a linguagem fant�stica, do suspense e do terror.

"Uma das nossas caracter�sticas como grupo – e que vem muito antes da pandemia – � o gosto pelo n�o defin�vel, pela fus�o de linguagens, e tamb�m a valoriza��o nos nossos processos de cria��o das m�ltiplas forma��es, experi�ncias e hist�rias que nos constituem como artistas. Isso contribui para, cada vez mais, encontros entre express�es art�sticas durante nossas cria��es. Com a pandemia, esse olhar para o virtual e a impossibilidade do encontro presencial intensificou esse nosso caminho. Ao trabalhar principalmente com videodan�a, v�deo arte e experimentos ao vivo, estamos nos aventurando e mergulhando num oceano de possibilidades que atravessam a dan�a, a performance, o audiovisual, a poesia, o som, a ilumina��o, tudo isso com uma intensidade muito maior", ressalta a artista.

"O que temos percebido � que muitas das nossas cria��es neste per�odo s�o dif�ceis de classificar, colocar em caixas muitas vezes impostas pelos editais. E nos interessa muito esse entre – quando existe essa d�vida em onde a obra se encaixa, o que ela �. E � muito bom quando n�s mesmos n�o decidimos totalmente. � uma provoca��o constante", completa Duna. 


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