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Estado de Minas M�SICA

Fernando Moura e Carlos Malta fazem uma releitura viajante dos Beatles

Pianista e saxofonista lan�am ''Besouros: The Beatles songs 2'', que apresenta vis�o pessoal e orquestral das can��es do quarteto ingl�s


06/07/2021 04:00 - atualizado 06/07/2021 07:38

Pianista Fernando Moura e flautista e saxofonista Carlos Malta se uniram no projeto %u201CBesouros%u201D para colocar suas assinaturas nas canções dos Beatles
Pianista Fernando Moura e flautista e saxofonista Carlos Malta se uniram no projeto %u201CBesouros%u201D para colocar suas assinaturas nas can��es dos Beatles (foto: Daniele Yanes/Divulga��o)

Considerado por muitos como o maior grupo de rock de todos os tempos, os Beatles se separaram em 1970, por�m suas can��es continuam sendo gravadas e tocadas ao longo dos anos por artistas do mundo inteiro. Foram mais de 200 m�sicas gravadas e que seguem vivas, revelando nuances em trabalhos como “Besouros”, projeto do pianista Fernando Moura e do flautista e saxofonista Carlos Malta, juntos h� mais de quatro d�cadas. Eles est�o lan�ando nas plataformas digitais o �lbum “Besouros: The Beatles songs 2” (Deck). Em 2017, o duo j� havia lan�ado um disco com 12 cl�ssicos do quarteto ingl�s, no qual constam p�rolas como “Eleanor Rigby”, “Yesterday” e “Come together”.

Como a aposta acabou dando certo, a dupla resolveu partir para o volume 2. “O importante � dar carga na nota verdadeira, a que identifica a can��o. O discurso musical que adotamos � criativo, por�m sint�tico. A inten��o foi criar pequenas joias que o ouvinte ouvir� do come�o ao fim”, diz Malta. J� Moura acredita que o neg�cio � buscar os caminhos mel�dicos, o clima. “E isso influenciou na escolha dos instrumentos. Por exemplo, ‘Something’, que j� toc�vamos nos shows do primeiro disco, � m�sica para sax tenor. Ent�o, a ideia em cada arranjo foi conseguir a maior pot�ncia de emo��o poss�vel”, explica o pianista.

Malta conta que, para gravar o disco, a dupla procurou o repert�rio do cora��o, n�o necessariamente a can��o mais conhecida, por�m a que mais os tocava melodicamente. “E tamb�m aquelas m�sicas que abriam mais possibilidades para releituras. H� m�sicas na qual se pode dar uma viajada maior no arranjo e esse foi um dos nossos crit�rios. Mas o fato � que cada m�sica que regravamos ao longo desse repert�rio traz nela, no arranjo em si, uma hist�ria toda que tem a ver com a da pr�pria m�sica e uma forma de mostrar a can��o de novo, de outra forma.”

Ele explica que h� tamb�m a quest�o dos timbres, qual o melhor instrumento para ser tocado nessa ou naquela can��o. “Tamb�m foi uma viagem selecionarmos as sonoridades de cada faixa. S�o duas pessoas tocando, mas variamos a sonoridade, desde dueto at� algo mais orquestral. H� ainda essa coisa imag�tica nos arranjos. Eu e Fernando trabalhamos compondo trilhas, a nossa m�sica � muito visual e a dos Beatles tamb�m, quando a pegamos com essa vis�o de recolorir, reutilizar o elemento mel�dico, inserido num outro contexto harm�nico e de instrumenta��o. A m�sica sai daquele lugar que muita gente conhece e vai para outro”, diz Malta.

''O importante � dar carga na nota verdadeira, a que identifica a can��o. O discurso musical que adotamos � criativo, por�m sint�tico. A inten��o foi criar pequenas joias que o ouvinte ouvir� do come�o ao fim''

Carlos Malta, flautista e saxofonista


FLAUTA DE BAMBU

Para o saxofonista, a m�sica tamb�m tem esse poder de se transformar. “‘You’ve got to hide your love away’, que gravei com a flauta de bambu, a bansuri, � algo que tem uma vis�o e � completamente diferente da vers�o deles. Ent�o, essa versatilidade da obra de Lennon, McCartney e Harrison, passada dentro da nossa lente, gera esse som viajante. Conhe�o muita gente que passou a gostar mais dos Beatles a partir desse nosso trabalho.”

Malta esclarece que a dupla trafega neste universo “viajante”, mas endossa a vis�o original. “� tipo um filtro, a pessoa ouve a m�sica dentro dele. Isso tem a ver com a sele��o dos timbres, das harmonias, com a instrumenta��o e com essa versatilidade que eu e Fernando temos em utilizar muitos instrumentos. E o est�dio acaba sendo um instrumento a mais. Acho at� que ele passa a ser um elemento que torna isso poss�vel. Estamos preparando um show para quando as coisas voltarem ao normal e temos feito grava��es desse material novo de dueto, assim quase que ac�stico. Moura tocando um piano ac�stico e eu revezando em dois ou tr�s instrumentos. Essa vis�o n�o perde a for�a, pelo contr�rio, a m�sica ganha outra que � a de tocar ao vivo, os dois tocando juntos.”

Para o flautista, ao mesmo tempo, existe a possibilidade de apresentar o repert�rio sem perder a ess�ncia dele que j� est� gravada, por�m mostrando outra face. “�s vezes, h� aquela coisa de fazer da m�sica uma estrada, para improvisarmos, mas a nossa proposta � diferente. Essa que tivemos desde o primeiro disco � de sempre apresentar uma vis�o orquestral, algo que tem esse elemento da improvisa��o. Mas � um elemento do arranjo, no qual o improviso n�o � o centro das aten��es, � s� mais um momento. E colocamos tamb�m as nossas influ�ncias nos arranjos. Na verdade, a estrada continua a mesma, s� muda de nome. Continua bonita, mostrando uma paisagem e essa � a nossa vis�o, nossa forma de olhar para aquela beleza e falar: podia ser assim.”

Ele explica que, muitas vezes, a instrumenta��o dos quatro cabeludos de Liverpool era a base do disco, mas, quando se pega as coisas que George Martin colocava em volta, v�-se a quantidade de coisas que est�o escorando o som do quarteto. “Essa transcri��o � f�cil de ver no songbook da banda. A nossa vis�o tamb�m � usar os timbres para dar for�a � can��o. A nossa instrumenta��o, diferentemente da dos Beatles, � polivalente, no sentido de timbres. Temos uma infinidade de teclados na m�o do Fernando que os utiliza com parcim�nia e intelig�ncia.”

Para Malta, Fernando Moura toca a quantidade que precisa ser tocada. “S�o camadas de pensamentos, � linda a constru��o dele. E, ao mesmo tempo, v�m as minhas coisas, meus sons. Somamos essas potencialidades e d� esse resultado. Temos uma sintonia e um respeito m�tuo grande. Acho que isso ajuda na forma de trabalhar a confian�a. Confiamos muito um no outro. Fernando escreve e tem a certeza de que vou tocar do jeito que ele gostaria. Por outro lado, fico naquela expectativa das arma��es que ele faz, de me dar esse apoio para o som poder rolar. � uma coisa de dois e isso � que � bonito. Tamb�m tem algo da flu�ncia com que foram gravadas essas m�sicas. Fizemos isso ao longo de 2020, logo no come�o da pandemia”, detalha.

''N�o h� nem piano e nem sopro na forma��o original dos Beatles, embora Paul e John tocassem, fizessem algumas coisas nesse sentido... Sa�mos ent�o por esse lado, s�o timbres que n�o s�o os principais, pois n�o t�m guitarras''

Fernando Moura, pianista


SEM INVENTAR

Para Fernando Moura, o segredo ao regravar um cl�ssico � manter a melodia e n�o inventar muito. “N�o h� nem piano e nem sopro na forma��o original dos Beatles, embora Paul e John tocassem, fizessem algumas coisas nesse sentido. Basicamente, era um quarteto de duas guitarras, baixo e bateria. Sa�mos ent�o por esse lado, s�o timbres que n�o s�o os principais, pois n�o t�m guitarras. At� que nos shows convidamos alguns guitarristas para nos acompanhar. Mas isso � legal nos shows, n�o no disco, porque fazemos os arranjos tendo outros par�metros como base.”

Quanto ao repert�rio, a dupla foi selecionando de comum acordo. “Quando minha filha nasceu, quis aprender a tocar ‘Blackbird’ para ela. Achava a m�sica muito bonita. Acontece que ela parece ser uma can��o muito simples, mas n�o �, porque tem um monte de compasso quebrado. E fiquei intrigado com aquilo.”

Quando o maestro e arranjador ingl�s George Martin esteve no Rio de Janeiro, em 1993, Moura foi convidado para tocar com ele no Projeto Aquarius, um tributo aos Beatles, feito com banda e orquestra. “Notei como aquele universo era mais complexo do que imaginava e me encantei quando ouvi os violoncelos de “Eleanor Rigby”. Mas era algo orquestral, com os arranjos privilegiando a orquestra e no repert�rio n�o constava ‘Blackbird’. Aquilo me chamou a aten��o, mas realmente foi aprendendo a tocar ‘Blackbird’ que me despertou a inten��o de gravar um disco com m�sicas dos Beatles.”

Depois da escolha de “Blackbird”, Moura conta que a sele��o continuou. “Escolhi o ‘Golden slumbers’ e Carlinhos, ‘You’ve got to hide your love away’. Enfim, tentamos balancear as m�sicas, n�o quer�amos usar ritmo eletr�nico, pois ach�vamos que n�o combinava com a est�tica dos Beatles. A�, fomos alternando, por exemplo, ‘Paperback writer’ n�o tem instrumento de ritmo, mas ‘Get back’, que � uma m�sica parecida, bem na onda, traz a percuss�o de Bernardo e o Gabriel”, detalha.

Malta e Moura garantem que foram fazendo tudo na intui��o e, quando viram, j� estavam com o disco pronto. “E conseguimos que a gravadora novamente se interessasse em fazer essa ponte com as editoras para que liberassem as m�sicas. Acredito que, embora seja um dos repert�rios mais gravados, acho que conseguimos dar uma vers�o pessoal, sem descaracterizar. Na verdade, um pretexto nosso como instrumentistas de colocar nossa assinatura nas m�sicas, que s�o um ve�culo maravilhoso, pois as composi��es dos Beatles s�o lindas”, pontua o pianista.

NOVO DISCO

Malta revela que, por conta da pandemia, est� gravando em sua casa, onde montou um pequeno est�dio. “Tivemos que reinventar essa forma de colaborar o trabalho do outro. Gravo no computador preparando o som e mando para as pessoas gravarem em cima, com refer�ncia para o cara colocar o som no lugar certo. Tenho feito muitos trabalhos assim.”

No ano passado, o saxofonista chegou a fazer um show com o grupo Pife Muderno, no Sesc Instrumental. “Ainda gravamos um document�rio para o programa ‘Passagem de som’. Foi a �nica coisa que fizemos com p�blico. Este ano, fiz uma live em um teatro, mas sem p�blico. As coisas est�o bem devagar. Infelizmente, nossa �rea foi uma das mais afetadas.”

Malta revela que est� trabalhando em um novo disco do Pife Muderno. “Eu e Fernando gravamos outro �lbum que ainda vamos lan�ar, mas que s�o de m�sicas autorais. � um projeto chamado ‘Cidades sonoras’, que tem uma pegada contempor�nea.”

REPERT�RIO

»  “GOLDEN SLUMBERS”
»  “SOMETHING”
»  “JULIA”
»  “WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS”
»  “HELP”
»  “YOU’VE GOT TO HIDE YOUR LOVE AWAY”
»  “A DAY IN THE LIFE”
»  “LUCY IN THE SKY WITH DIAMONDS”
»  “WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS”
»  “NORWEGIAN WOOD”
»  “LET IT BE”
»  “PAPERBACK WRITER”

(foto: Daniele Yanes/Divulga��o)

“BESOUROS: THE BEATLES SONGS 2”
• Carlos Malta e Fernando Moura
• Deck
• 12 faixas
• Dispon�vel nas plataformas digitais



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