"Estou muito otimista e agradecido de poder voltar ao palco diante do m�sico. Fico feliz de ver que a situa��o no Brasil est� melhorando", diz o maestro Roberto Minczuk (foto: Trudie Lee/Divulga��o)
"Evidentemente que, em um certo momento, cuidarmos da sa�de f�sica se tornou prioridade. Agora que estamos mais resguardados, � poss�vel perceber que as pessoas est�o de fato com a necessidade de frequentar os teatros e alimentar a alma. Esse � o papel da m�sica. Ela � uma coisa quase espiritual, faz bem, traz tranquilidade e alegria"
Roberto Minczuk, maestro
Regente
titular da Orquestra Sinf�nica Municipal de S�o Paulo e da Filarm�nica de Novo M�xico, nos Estados Unidos,
Roberto Minczuk
diz que sempre fica fascinado quando desembarca em
Belo Horizonte
a trabalho. Nessas ocasi�es, o maestro gosta de destacar as qualidades da Sala Minas Gerais, que, segundo ele, "atende aos padr�es internacionais das melhores salas de concerto do mundo".
Nesta quinta (16/09) e sexta (17/09), �s 20h30, Minczuk ter� o prazer de pisar no palco do espa�o novamente, como maestro convidado da
Orquestra Filarm�nica de Minas Gerais
, que executa pela primeira vez a "Serenata nº 1", do compositor alem�o
Johannes Brahms
(1833-1897).
O concerto in�dito foi uma sugest�o do pr�prio Minczuk recebida de bom grado pelo maestro titular da Filarm�nica de Minas Gerais, F�bio Mechetti. "Trata-se de um Brahms desconhecido", explica o paulista.
"Ele j� era um compositor consagrado na Europa, mas tinha um grande receio em escrever sua primeira sinfonia, porque considerava muito dif�cil qualquer compositor fazer isso depois de Beethoven”, conta.
“Em 1855, ele fez uma primeira tentativa, mas desistiu logo da ideia, e ent�o come�ou a trabalhar nessa ‘Serenata’. Ao inv�s de uma sinfonia, ele decidiu fazer uma coisa n�o t�o pretensiosa", explica Minczuk.
RAR�SSIMA
Segundo ele, o compositor, uma das mais importantes figuras do romantismo musical europeu, inseriu nessa composi��o algumas das ideias que depois seriam desenvolvidas nas quatro sinfonias que o tornaram conhecido e celebrado. "� uma pe�a muito pouco tocada, rar�ssima em qualquer orquestra de qualquer lugar do mundo", afirma.
"Ao mesmo tempo em que ela tem a grandiosidade da m�sica sinf�nica, a 'Serenata nº 1' guarda momentos de muita intimidade musical, com uma abordagem mais camer�stica, em que Brahms explora a sonoridade das madeiras e da trompa de uma forma muito singela. Como ele sabia que n�o seria comparado com Beethoven, Brahms se sentiu muito � vontade para escrever essa ‘Serenata’. � uma pe�a muito leve, solta, de uma delicadeza que surpreende", aponta.
Durante os ensaios – no total, ser�o cinco antes da apresenta��o para o p�blico –, Minczuk nota a empolga��o dos m�sicos da orquestra e acredita que isso se justifica pelo ineditismo da pe�a que ser� apresentada. "Tenho certeza de que o p�blico vai adorar ouvir, porque � uma novidade para todo mundo", diz.
Nas duas noites, a Filarm�nica apresenta a abertura da �pera "O morcego", de Johann Strauss (1825-1899). Segundo Minczuk, as composi��es combinam porque foram feitas de forma despretensiosa por seus respectivos compositores.
"Assim como a 'Serenata nº 1' n�o tem a pretens�o de ser uma sinfonia, a �pera 'O morcego' n�o tem a pretens�o de ser uma �pera. � uma opereta, na verdade. Tem um car�ter leve, ligeiro, divertido e at� mesmo jocoso. � uma obra que combina muito com a composi��o de Brahms", avalia.
Os violoncelistas Robson Fonseca e Lucas Barros executar�o "Duplum".
Ensaios tiveram a presen�a do compositor carioca Jo�o Guilherme Ripper
(foto: Bruna Brand�o/Divulga��o)
VIOLONCELO
Os violoncelistas da Filarm�nica de Minas Gerais Robson Fonseca e Lucas Barros participam do programa apresentando "Duplum", do compositor carioca Jo�o Guilherme Ripper, que acompanhou pessoalmente os ensaios na ter�a-feira passada.
"Foi uma coisa bacana", comenta Minczuk sobre a presen�a do compositor. "Estamos acostumados a tocar m�sicas de compositores que j� morreram, mas � importante tamb�m tocar a m�sica de um compositor vivo. Ter a presen�a dele foi a oportunidade para trocar ideias e trazer conte�do art�stico para a interpreta��o da m�sica", afirma.
No intervalo das duas apresenta��es, ser�o realizados os Concertos Comentados, palestras em que especialistas comentam o repert�rio da noite. Nesta edi��o, o convidado � o m�sico Alexandre Braga, flautista da orquestra.
E n�o � s� a Sala Minas Gerais que tem encantado o maestro. Sobre os instrumentistas da orquestra, ele afirma que "est�o em excelente forma". "Todos j� chegam muito bem preparados, recebem as partes individuais com muita anteced�ncia. Eles s�o altamente profissionais. O meu trabalho � juntar as partes e dar a interpreta��o, a forma e o fraseado. S�o detalhes."
Contente por poder testemunhar a retomada das atividades culturais ap�s um longo ciclo de aberturas e fechamentos, Minczuk tem motivo para comemorar. No �ltimo fim de semana, ocorreu a estreia da �pera "Maria de Buenos Aires", de Astor Piazzolla (1921-1992), no palco do Theatro Municipal de S�o Paulo.
"Ao longo do �ltimo ano, vivemos esse vaiv�m. Depois do in�cio da pandemia, pudemos retomar as atividades em outubro do ano passado. Depois disso, infelizmente, a gente teve que interromper novamente em mar�o deste ano. A retomada ocorreu em junho, com 30% da casa e o n�mero m�ximo de 50 m�sicos no palco. Agora, estamos conseguindo retomar n�o s� os concertos, mas tamb�m os espet�culos de �pera e dan�a", ele conta.
J� o trabalho na Filarm�nica de Novo M�xico, nos EUA, foi totalmente interrompido em virtude da crise sanit�ria. A primeira retomada se deu em 4 de julho passado, em um concerto comemorativo pelo dia da independ�ncia do pa�s norte-americano.
"Fizemos algumas produ��es virtuais, a dist�ncia. A partir de outubro, n�s vamos iniciar a temporada e torcer para que nada atrapalhe os concertos que j� est�o agendados", afirma.
"Estou muito otimista e agradecido de poder voltar ao palco diante do m�sico. Fico feliz de ver que a situa��o no Brasil est� melhorando. Ainda temos que ter muita cautela, usar m�scara, manter o distanciamento social e evitar aglomera��es, mas � bom saber que existe a possibilidade de frequentar os eventos culturais em seguran�a."
O maestro comenta que a pandemia o fez dar ainda mais valor para a cultura e a m�sica, o que ele considera "essenciais para a sa�de das pessoas".
"Evidentemente que, em um certo momento, cuidarmos da sa�de f�sica se tornou prioridade. Agora que estamos mais resguardados, � poss�vel perceber que as pessoas est�o de fato com a necessidade de frequentar os teatros e alimentar a alma. Esse � o papel da m�sica. Ela � uma coisa quase espiritual, faz bem, traz tranquilidade e alegria. Precisamos desse reconhecimento de que a cultura e a arte s�o servi�os essenciais."
Ambas as apresenta��es da Orquestra Filarm�nica de Minas Gerais contar�o com a presen�a do p�blico, com ocupa��o reduzida para 26% da capacidade total da Sala Minas Gerais, o que equivale a 393 pessoas. Em raz�o dos protocolos de seguran�a, o acesso � sala ser� encerrado cinco minutos antes do hor�rio do concerto, ou seja, �s 20h25. O concerto de hoje ter� transmiss�o ao vivo pelo canal da Filarm�nica no YouTube.
ORQUESTRA FILARM�NICA DE MINAS GERAIS
Concertos nesta quinta (16/09) e sexta (17/09), �s 20h30, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. O concerto de hoje ser� transmitido pelo canal do YouTube da Filarm�nica. Ingressos de R$ 50 (inteira, mezanino) a R$ 155 (inteira, camarote). Vendas pelo site
filarmonica.art.br
ou na bilheteria do local. Informa��es: (31) 3219-9000