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Estado de Minas O MARECHAL E O PRESIDENTE

'O h�spede americano' � superprodu��o sobre dois gigantes da hist�ria

Miniss�rie que estreia neste domingo (26/9) reconstitui a expedi��o cient�fica que C�ndido Rondon e Theodore Roosevelt empreenderam no Norte do Brasil, em 1914


26/09/2021 04:00 - atualizado 26/09/2021 07:45

Chico Diaz (ao centro) diz que sempre teve vontade de interpretar o Marechal Rondon, em quem enxerga ''uma representação brasileira fundamental'' por seu caráter ''nobilíssimo''
Chico Diaz (ao centro) diz que sempre teve vontade de interpretar o Marechal Rondon, em quem enxerga ''uma representa��o brasileira fundamental'' por seu car�ter ''nobil�ssimo'' (foto: HBO/DIVULGA��O)

Na selva, o homem e seu filho saem para ca�ar. Quando retornam para o acampamento, se surpreendem ao ver o chefe da expedi��o chicoteando um menino que havia roubado comida. Mais tarde, o algoz vai at� a tenda do homem e desabafa: havia cometido o ato extremo para impor respeito. Seu interlocutor compreende o ocorrido, ele mesmo j� havia feito coisas das quais n�o se orgulhava. 

Apenas sete anos separavam o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1858-1919) e o coronel (futuro marechal) brasileiro C�ndido Rondon (1865-1958). Mas havia um mundo de diferen�as entre o pol�tico, historiador e naturalista e o engenheiro militar e sertanista. 
No entanto, naquele in�cio de 1914, quando os dois capitaneavam a dif�cil Expedi��o Cient�fica Rondon-Roosevelt para explorar o �ltimo rio n�o cartografado do Brasil (o Rio da D�vida, em Rond�nia, hoje chamado Rio Roosevelt), as diverg�ncias tiveram que ser colocadas de lado.

� sobre este per�odo que trata a miniss�rie brasileira “O h�spede americano”, com estreia neste domingo (26/9), na HBO e HBO Max. Produ��o dirigida por Bruno Barreto, protagonizada por Aidan Quinn (Roosevelt) e Chico Diaz (Rondon), com elenco e equipe mistos (brasileira e norte-americana), rodada no Brasil – Chapada dos Guimar�es e Alta Floresta, no Mato Grosso, e S�o Paulo – �, na opini�o do cineasta, uma hist�ria sobre complexidade.

“Hoje, mais do que nunca, em que voc� � (tachado) de esquerda ou de direita, a complexidade � fundamental. A polariza��o, a milit�ncia para um lado ou para o outro, acabaram simplificando tudo. E quando voc� n�o pode ser complexo, tem que ser A ou B, perde a liberdade”, diz Barreto. 

''Hoje, mais do que nunca, em que voc� � (tachado) de esquerda ou de direita, a complexidade � fundamental. A polariza��o, a milit�ncia para um lado ou para o outro, acabaram simplificando tudo. E quando voc� n�o pode ser complexo, tem que ser A ou B, perde a liberdade''

Bruno Barreto, diretor



O ator norte-americano Aidan Quinn diz que não sabia o quanto Theodore Roosevelt, seu personagem na série, ''tinha sido importante para a natureza e os trabalhadores''
O ator norte-americano Aidan Quinn diz que n�o sabia o quanto Theodore Roosevelt, seu personagem na s�rie, ''tinha sido importante para a natureza e os trabalhadores'' (foto: HBO/DIVULGA��O)

MATAR NUNCA

Foi Rondon, ele pr�prio descendente de ind�genas, autor da frase “morrer se preciso for, matar nunca”, em rela��o aos povos que encontrou enquanto desbravou os rinc�es do pa�s para construir linhas telegr�ficas, quem chicoteou o garoto.

Roosevelt, com uma canetada, transformou o Grand Canyon (e outras tantas �reas naturais dos EUA) em parque nacional, fazendo com que J.P. Morgan, o homem mais poderoso de sua �poca em seu pa�s, perdesse o equivalente a US$ 600 milh�es em minera��o. 

Este mesmo homem dan�ou em cima dos cad�veres de espanh�is em Cuba no final da guerra Hispano-Americana (1898). “S�o fatos terr�veis, quase macabros, mas n�o os fazem menos grandiosos do que foram”, afirma Barreto.

A s�rie foi rodada em 2018 e est� pronta desde o final de 2019. Segundo Barreto, a demora na estreia se deu porque a HBO quis esperar o lan�amento da plataforma HBO Max no pa�s – a miniss�rie tem quatro epis�dios. Com longos planos e explorando a diversidade brasileira, pode ser vista, na opini�o do cineasta, como um filme de 3h45. 

“O h�spede americano” trata do per�odo em que Roosevelt (presidente entre 1901 e 1909), ap�s perder a elei��o para o democrata Woodrow Wilson em 1912, abandona a pol�tica. Vem ao Brasil com a mulher Edith (Dana Delany) se encontrar com o filho Kermit (Chris Mason). Com Rondon, embarca na expedi��o – � dos que mais sofrem com as agruras da viagem, que debilitou sua sa�de definitivamente. Ele morreu cinco anos mais tarde. 

A produ��o entremeia tais acontecimentos com passagens da vida p�blica de Roosevelt – como chefe do Departamento de Pol�cia de Nova York, implementou reformas para acabar com a corrup��o na corpora��o; como presidente, criou a lei anti-monop�lio; recebeu o Nobel da Paz, entre outros feitos. “Era um cara muito progressista, republicano, mas da ala boa, o lado Lincoln. Fiquei apaixonado pelo personagem”, comenta Barreto.   

“O H�SPEDE AMERICANO”
• Miniss�rie em quatro epis�dios. Estreia neste domingo (26/9), �s 23h, na HBO e na HBO Max. Um novo epis�dio por domingo

''Adoro cinema de loca��o, de imers�o, pois � uma oportunidade de mergulhar n�o s� na hist�ria como no lugar. Havia uma opera��o de guerra di�ria para locomover equipamentos, 20 lanchas simult�neas. Ir e voltar para o trabalho era �timo, mas a operacionalidade na selva n�o � f�cil, tem escorpi�o, cobras, calor, mosquitos, espinhos e longas esperas''

Chico Diaz, ator



TR�S PERGUNTAS PARA...
Chico Diaz 
Ator

Qual a import�ncia de interpretar C�ndido Rondon?
Curiosamente, em v�rios festivais de cinema antigos, quando me perguntavam qual personagem eu pretendia fazer, sempre respondia: “Rondon”. Vejo nele uma representa��o brasileira fundamental. Foi um militar nobil�ssimo, tudo o que fez foi exemplar. (Para interpret�-lo) Consegui, via Bruno (Barreto) muito material f�lmico dele, uns cinco CDs que acredito que, infelizmente, tenham se perdido (com o inc�ndio, em julho passado) na Cinemateca Brasileira. Mas ali dava para entender a trajet�ria dele, al�m dos livros, como a pr�pria autobiografia (“Hist�ria da minha vida”). Agora, acho que Rondon merece um filme s� para ele. S� n�o vai mais caber a mim, por causa da idade.

O que voc� mais admira nele?
A fibra do homem brasileiro e a vis�o integradora entre a natureza e o homem, que os origin�rios da Amaz�nia sabem proporcionar. Isto juntamente com a vis�o positivista que adquiriu. Disciplina e quest�es t�cnicas fizeram dele um homem �mpar para aquela �poca. Em rela��o � defesa dos �ndios, h� discursos dele em 1930 que s�o fundamentais e atual�ssimos. Ainda � chamado de patrono das comunica��es por causa da vis�o da integra��o do territ�rio nacional. Ele percorreu toda a fronteira Oeste brasileira de mula, a p� ou de canoa, plantando postes telegr�ficos. Vindo de onde veio, de uma pequena cidade do interior do Mato Grosso (Santo Ant�nio de Leverger), e chegar onde chegou, mostra a capacidade e a fibra do povo brasileiro, algo que tem que ser resgatado.

A maior parte da s�rie foi filmada no Mato Grosso, em locais de dif�cil acesso. Como foi?
Adoro cinema de loca��o, de imers�o, pois � uma oportunidade de mergulhar n�o s� na hist�ria como no lugar. Havia uma opera��o de guerra di�ria para locomover equipamentos, 20 lanchas simult�neas. Ir e voltar para o trabalho era �timo, mas a operacionalidade na selva n�o � f�cil, tem escorpi�o, cobras, calor, mosquitos, espinhos e longas esperas. Eu, que sou bicho de cinema, sou fissurado por este tipo de vida e o desafio enorme (de filmar) acaba fazendo com que voc� as associe com as dificuldades dos que viveram a hist�ria que est� sendo contada. Era muita gente, uma grande produ��o, impens�vel para os dias de hoje, em que as coisas mais ousadas foram 

''Cobras, panteras, 30 esp�cies de mosquitos que podem te provocar uma doen�a, tudo foram coisas que deram medo. Mas a probabilidade de voc� ser atropelado por um carro numa grande cidade � muito maior. Foi dif�cil filmar, mas voc� aprende a respeitar a natureza. Se n�o, ela te derruba''

Aidan Quinn,�ator



TR�S PERGUNTAS PARA...
Aidan Quinn, 
Ator

O que descobriu sobre Theodore Roosevelt ao fazer a miniss�rie?
De uma maneira geral, sabia sobre as hist�rias dele em saf�ris na �frica. Mas n�o sabia o quanto ele tinha sido importante para a natureza e os trabalhadores. N�o ter�amos parques nacionais nos EUA se n�o fosse por Teddy Roosevelt. Seu legado � mais relevante do que nunca. Estou no Norte do Estado de Nova York, respirando a fuma�a de inc�ndios a 3 mil milhas (4,8 mil km), por causa das mudan�as clim�ticas. H� uma fotografia famosa do funeral de (Abraham) Lincoln na Union Square (em Nova York) e saber, agora, que as crian�as que assistiam de uma janela eram Teddy Roosevelt, a menina que se tornou sua mulher e seu irm�o mais velho � incr�vel. Ele lia um livro por dia quando estava ocupado; doente, lia tr�s. Era extraordin�rio. 

Como se preparou para o papel?
Eu tinha terminado uma s�rie que fiz durante sete anos em uma grande rede de TV (“Elementary”, na CBS). Foi bom ter um trabalho perto de casa, mas estava morrendo de vontade de fazer um papel que exigisse muito de mim. Pedi a Deus que me mandasse um personagem em que eu pudesse usar muito do que sei e Ele me levou muito a s�rio, pois o personagem literalmente levou tudo de mim. Ganhei 11 quilos, o que foi f�cil, mas n�o perd�-los. Ainda tenho alguns aqui (diz, apontando para a barriga). Li seis livros sobre ele, n�o deu para ler todos. E, principalmente, ouvi sua voz nas poucas grava��es que existem. Eu as ouvia constantemente para entender o ritmo.

Filmar em rinc�es do Brasil foi uma aventura?
N�o foi s�rio, ningu�m morreu, mas aconteceram coisas. Lembro da imagem de duas botas na �gua e era um camarada que estava sendo levado pela correnteza. Houve ainda um ator que, ao sair de um barco e ir para o outro, ficou preso entre os dois. Cobras, panteras, 30 esp�cies de mosquitos que podem te provocar uma doen�a, tudo foram coisas que deram medo. Mas a probabilidade de voc� ser atropelado por um carro numa grande cidade � muito maior. Por outro lado, quando eu ia filmar pela manh� e ficava 30 minutos no trajeto em um barco pelo Rio Amazonas, era acompanhado por aquele cen�rio lind�ssimo e tranquilo. Foi dif�cil filmar, mas voc� aprende a respeitar a natureza. Se n�o, ela te derruba. 


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