
ME TOO
“Adoraria fazer trabalhos de dire��o, mas � dif�cil. E me parece que, sendo mulher, � uma experi�ncia diferente”, comenta. “Atuar � diferente e, claro, com o #MeToo � outra coisa. Mas me pareceu interessante tentar fazer o meu filme com perspectiva muito feminina. Por�m, a resposta � diferente do que vi com meus amigos homens.”
O desafio enfrentado pelas diretoras de cinema � um dos temas principais do drama “Bergman island” (“A ilha de Bergman”), protagonizado por Wasikowska e lan�ado recentemente nas plataformas de streaming, que dever�o exibi-lo no Brasil.
O filme independente retrata a hist�ria de um casal de cineastas que vai � antiga casa do diretor Ingmar Bergman. Enquanto o despreocupado Tony (Tim Roth) se encontra com f�s, sua mulher, Chris (Vicky Krieps), luta para escrever um novo filme na remota Ilha de Faro, o ref�gio do cineasta sueco.
Paira sobre ela o espectro de Bergman, que criou alguns dos trabalhos mais venerados do cinema, como “Persona” e “O s�timo selo”.
“� uma artista tentando encontrar sua voz e sentindo o peso da sombra de grandes artistas ao seu redor. Posso me identificar com esse conflito”, afirma Wasikowska.
Para ela, o caminho das mulheres para dirigir cinema � “sistematicamente diferente”, em parte porque “h� algo naturalmente experimental no sentido feminino da criatividade”.
“Precisamos, realmente, trazer muito mais compreens�o e gentileza ao nosso pr�prio processo criativo, porque ele pode ser outro devido � forma como os homens s�o criados. A forma como o mundo te responde pode ser diferente se voc� � homem ou mulher.”
OSCAR
Recentemente, Hollywood come�ou a emitir sinais de que est� atenta � produ��o que extrapola a cria��o vinda de cineastas masculinos, majoritariamente brancos. Prova disso � o fato de que, em abril, Chloe Zhao se tornou a segunda mulher – e a primeira negra – a ganhar o Oscar de dire��o com “Nomadland”.
Por�m, “A ilha de Bergman” levanta quest�es sobre a aura que prevalece sobre diretores can�nicos, como Bergman, que geralmente ignoram as vantagens de que desfrutam. O aclamado diretor teve nove filhos com seis mulheres, mas n�o exerceu qualquer papel na cria��o deles.
“Ainda n�o sou m�e, mas quero ser”, comenta Wasikowska. “N�o quero que isso seja limitante, s� quero ser uma boa m�e”.
Por�m, ela pondera: homens que seguem a carreira cinematogr�fica “provavelmente n�o sentiram tanto o peso da paternidade como as mulheres (em rela��o � maternidade)”.
“A ilha de Bergman” tamb�m discute sobre se � poss�vel separar o artista de sua obra. “Nesse ponto, temos as conversas sobre Woody Allen”, comenta a atriz, referindo-se ao diretor aclamado por muitos, apesar das acusa��es de abuso sexual.
Em “A ilha de Bergman”, Wasikowska interpreta Amy, estrela do filme criado por Chris, que tem um amante. Mia Hansen-Love, diretora do longa, abordou trama similar – e autobiogr�fica – num de seus primeiros filmes.
“Estou t�o orgulhosa dela por explorar abertamente essas coisas t�o presentes em sua pr�pria vida e com as quais a pr�pria Mia luta”, afirma Wasikowska.