
S�o 20 anos que acompanham n�o s� a produ��o cinematogr�fica autoral como tamb�m a vida dos cin�filos de Belo Horizonte. Com o in�cio, nesta quinta-feira (9/12), de sua edi��o 2021, o Indie Festival mant�m a ess�ncia, a despeito de todas as mudan�as pelas quais o cinema, o Brasil e o mundo passaram desde a sua estreia, em 2001, no hoje extinto Usina Unibanco de Cinema.
De volta ao Cine Belas Artes, agora UNA Belas Artes, onde n�o era realizado desde 2015, o Indie vai exibir, at� o pr�ximo dia 15, um total de 27 longas, a grande maioria in�ditos na capital mineira.
Depois de uma edi��o virtual em 2020, a vers�o deste ano ter� tamb�m um bra�o on-line, com uma mostra de 11 curtas nacionais e estrangeiros. Os longas ser�o exibidos nas salas 1 e 2 do Belas Artes: de gra�a, como o festival nasceu. E tamb�m sem favoritismos: para conseguir ingresso, s� chegando com uma hora de anteced�ncia a cada sess�o.
A curadoria do evento, criado pela Zeta Filmes, nunca se rendeu a modismos. Sempre procurou um mix de filmes premiados nos grandes eventos mundiais com cinema independente alternativo e algumas apostas pessoais. Tendo isso em conta, encontrar “Mem�ria”, do cineasta tailand�s Apichatpong Weerasethakul, na qualidade de uma das estrelas da sele��o deste ano, n�o � surpresa.

LIVRO
Rodado na Col�mbia, com Tilda Swinton � frente do elenco, o filme, descrito pela curadoria do Indie como “sublime” foi um dos vencedores do Pr�mio do J�ri de Cannes. Apichatpong, ou Joe, como � apelidado, tem seus filmes exibidos no festival mineiro h� uma d�cada – em 2014, a Zeta Filmes inclusive lan�ou um livro sobre sua obra.
“Mem�ria” ser� exibido na mostra Premi�re. O longa anterior do cineasta tailand�s, “Cemit�rio do esplendor” (2015), integra a vertente da programa��o chamada de Sess�es Especiais.
A Premi�re ir� apresentar mais sete t�tulos. Pautando-se pela repercuss�o dos festivais deste ano, outros destaques levam a assinatura de cineastas mulheres. Todas francesas. Entre eles est� o pol�mico “Titane”, de Julia Ducournau, Palma de Ouro em Cannes, e “O acontecimento”, de Audrey Diwan, que levou o Le�o de Ouro em Veneza.
A sele��o ainda traz “Mi Iubita, meu amor”, primeira incurs�o na dire��o de longas da atriz No�mie Merlant, e “A boa m�e”, de Hafsia Herzi.
“A Premi�re traz filmes absolutamente in�ditos, de festivais, e que ganharam pr�mios. J� a Mostra Mundial traz in�ditos em BH. Como os cinemas ficaram 17 meses fechados aqui, n�o foram lan�ados. Selecionamos filmes que consideramos importantes para o ano do cinema que n�o aconteceu”, comenta Francesca Azzi, curadora e idealizadora do Indie.
ROND�NIA
Na sele��o de nove produ��es h� um longa brasileiro, “Rodantes”, de Leandro Lara (conhecido por aqui como Leandro HBL), realizador mineiro radicado em S�o Paulo.
Rodado em Rond�nia, o filme acompanha tr�s personagens em um lugar sem lei: uma jovem com um passado traum�tico, um imigrante haitiano e um jovem que est� descobrindo sua orienta��o sexual. Com a pandemia, sua estreia foi adiada e ele acabou n�o chegando ao circuito comercial da cidade.
“Vamos exibir tamb�m ‘Sanctorum’ (do mexicano Joshua Gil), que venceu o Indie (on-line) do ano passado; ‘Vitalina Varela’, do portugu�s Pedro Costa; ‘Um c�o chamado dinheiro’, de Seamus Murphy (o document�rio sobre PJ Harvey tamb�m foi atra��o da edi��o virtual de 2020); ‘Libert�’, de Albert Serra (Pr�mio Especial do J�ri na mostra Um Certo Olhar, de Cannes). S�o filmes quentes, de autores interessantes”, aponta Francesca.
O Indie tamb�m est� propondo um desafio aos cin�filos. Vai dedicar dois dias a cineastas em quem o festival sempre investiu – em edi��es anteriores, dedicou, inclusive, retrospectivas a eles. Nesta sexta (10/12), a Sala 1 do Belas vai exibir, a partir das 14h, o Kiyoshi Kurosawa Day, que inclui quatro filmes do cineasta japon�s.
Ser�o apresentados, em ordem cronol�gica, os filmes “Creepy” (2016), “Antes que tudo desapare�a” (2017), “O fim da viagem, o come�o de tudo” (2019) e “A mulher de um espi�o” (2020).
“A Zeta � a �nica distribuidora que se interessa pelo Kiyoshi no Brasil. Exibimos tudo dele, mesmo que n�o tenha sucesso de p�blico. � o cineasta da perfei��o e ‘A mulher de um espi�o’ (in�dito) � um filme de �poca, muito bem constru�do. Estamos fazendo essa brincadeira: com um ingresso s�, a pessoa entra de dia no cinema e s� sai � noite. � uma proposta para cin�filos”, diz Francesca. � claro que quem n�o quiser ou n�o puder assistir a tudo poder� ir a s� uma ou duas sess�es.
SUL-COREANO
O outro cineasta que ganha tamb�m um dia de exibi��o � o sul-coreano Hong Sang-soo. No s�bado (11/12), tamb�m na Sala 1, a partir das 14h30, ser�o apresentados quatro longas daquele que � considerado por muitos o Woody Allen de seu pa�s. S�o eles: “Certo agora, errado antes” (2015), “Na praia � noite sozinha” (2017), “A mulher que fugiu” (2020) e “Encontros” (2021). Os dois �ltimos s�o in�ditos no circuito brasileiro.
Como em 2019 n�o houve Indie, a edi��o que come�a hoje � a primeira presencial em tr�s anos. “O p�blico do festival, que � mais voltado para o cinema de arte, � mais politizado, ent�o acho que ele se afastou das salas por causa da gravidade da COVID”, afirma Francesca, ressaltando tamb�m a dificuldade de escoamento da produ��o de cinema de autor diante da crise deflagrada pela pandemia.
Na avalia��o da curadora, a explos�o do streaming, que j� vinha se anunciando h� cinco anos, n�o vai tirar a plateia das salas. “Uma coisa n�o exclui a outra. (O streaming) Est� mais fortalecido, mas as pessoas est�o querendo sair de casa, bater papo. Acho que ano que vem vai ter um boom de eventos fora. E quero ver se o p�blico do Indie, que � muito jovem, vai voltar agora. Acho que o aspecto da gratuidade ser� um fator determinante para que as pessoas voltem aos festivais.
INDIE 2021
Desta quinta-feira (9/12) at� a pr�xima quarta (15/12), no Cine UNA Belas Artes, Rua Gon�alves Dias, 1.581, Lourdes. Na segunda (13/12) n�o haver� sess�es. Entrada franca. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes de cada sess�o. Programa��o completa dispon�vel no site do festival. Os 11 filmes da mostra Curtas On-line ser�o exibidos no site do evento.”
IMPERD�VEIS
Confira tr�s t�tulos de destaque na sele��o deste ano
“Titane”
Domingo (12/12), �s 18h30, e ter�a (14/12), �s 16h30
A Palma de Ouro em Cannes concedida a este filme fez com que a cineasta francesa Julia Ducournau se tornasse a segunda mulher na hist�ria do festival a receber o pr�mio m�ximo. O filme, que levantou alguma pol�mica, tamb�m foi o escolhido pela Fran�a como seu representante no Oscar. Bebendo nas fontes do horror e na com�dia de humor negro, o filme � uma f�bula sobre uma dan�arina er�tica com um qu� de serial killer que tem rela��es sexuais com carros. E isso � s� o come�o.
“Mem�ria”
Domingo (12/12), �s 20h30, e quarta (15/12), �s 18h30

Primeiro filme do cineasta tailand�s Apichatpong Weerasethakul rodado fora de seu pa�s, acompanha a brit�nica Jessica (Tilda Swinton) na Col�mbia. Em uma noite, ela � surpreendida por um forte estrondo. A partir desse epis�dio aparentemente banal, seu mundo se transforma. Trabalhando com venda de flores enquanto sua irm�, Karen (Agnes Brekke), se recupera de uma doen�a em um hospital, Jessica parte para uma investiga��o pessoal na tentativa de entender o que est� acontecendo com ela. Nesta busca, um jovem t�cnico de som (Juan Pablo Urrego) vai lhe dar algumas pistas.
“O acontecimento”
Sexta (10/12), �s 18h, e s�bado (11/12), �s 19h

Segundo longa da diretora franco-libanesa Audrey Diwan, levou o Le�o de Ouro em Veneza com uma hist�ria de �poca aparentemente simples, mas filmada com sinceridade e falta de moralismos. Na Fran�a, em 1963, Anne (Anamaria Vartolomei) engravida e decide abortar, para terminar seus estudos e escapar do destino que a fam�lia oper�ria lhe imp�e. S� que as dificuldades s�o grandes e o pre�o que ela ter� de pagar por decidir seu pr�prio destino tamb�m.