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Estado de Minas 50 ANOS

M�rcio Borges cria 'exposi��o em formato de LP' sobre o Clube da Esquina

Mostra que ser� encerrada neste domingo (6/3) em BH destaca 12 can��es do disco que � o marco inaugural do movimento musical mineiro


03/02/2022 04:00 - atualizado 05/03/2022 02:59
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silhuetas contra parede branca em exposição na galeria do Minas Tênis Clube
A partir da sele��o de 12 can��es, mostra constr�i ambienta��es sonoras nas quais convida o espectador/ ouvinte a mergulhar no imagin�rio do Clube da Esquina (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Quando entrou em est�dio para gravar um novo �lbum pela Odeon, que seria lan�ado em 1972, Milton Nascimento j� vinha amparado em sucessos como “Travessia”, “Morro velho” e “Can��o do sal”, que havia emplacado nos �lbuns que lan�ou anteriormente, a partir de 1967.

Leia tamb�m: Integrantes, herdeiros e amigos do Clube da Esquina est�o no Mistura Minas

Foi o que lhe permitiu botar as cartas na mesa: queria gravar um �lbum duplo, com m�sicas de um grupo que, �quela altura, era composto por ilustres desconhecidos. O resultado dessa aposta, que a gravadora, ap�s alguma relut�ncia, acabou por bancar, se tornou um cl�ssico da m�sica brasileira.

"N�s nos transformamos num movimento musical famoso no mundo inteiro com o seguinte lema: primeiro a amizade, depois a m�sica. A amizade foi o combust�vel, a vontade de estarmos juntos e fazer as coisas juntos, ser irm�os de cria��o e de criatividade"

M�rcio Borges, compositor e curador da exposi��o



O �lbum “Clube da Esquina”, marco que inaugurou oficialmente o movimento hom�nimo, chega aos 50 anos de sua cria��o na qualidade de um s�mbolo de mineiridade e mantendo a sua for�a revolucion�ria. Foi a partir dessa constata��o que M�rcio Borges, um dos art�fices dessa obra, que nasceu grande e se avolumou com o tempo, concebeu a exposi��o “Viagem de ventania – Trilha sonora dos tempos”, aberta em 3 de fevereiro, que ser� encerrada neste domingo (6/3), na galeria de arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

Com tantas mem�rias que o movimento guarda e tantos desdobramentos que teve, ele optou por centrar foco no que considera o mais importante do Clube da Esquina, por mais �bvio que pare�a: a m�sica. “Quando recebi o convite do Minas T�nis Clube para pensar essa exposi��o, minha primeira ideia foi fazer algo diferente do que foram as celebra��es pelos 40 ou pelos 30 anos do movimento, com mostras de fotos ampliadas ou outros registros hist�ricos. N�o gostaria de repetir essa f�rmula agora, at� porque tudo o que existe de imagem j� est� dispon�vel na internet”, aponta.

“Vamos viajar naquilo que fez a fama do Clube, que s�o as can��es. Vamos chamar o visitante para ouvir as m�sicas com o mesmo ouvido que a gente ouvia na �poca, como se fosse a primeira vez”, acrescenta. Com essa premissa, ele selecionou 12 temas emblem�ticos do Clube da Esquina – n�o apenas do disco, mas tamb�m o que veio � luz depois – e prop�s ambienta��es em torno delas. “� uma exposi��o mais para ouvir do que para ver”, diz.

três vultos humanos em ambiente que simula floresta estilizada em exposição na galeria do Minas Tênis Clube
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

IMERS�O 

“Viagem na ventania” convida, dessa forma, a uma imers�o nas 12 can��es selecionadas por meio de objetos, proje��es, luzes e cores que se relacionam com cada uma. Em cada nicho dedicado a uma m�sica, ser� poss�vel viajar nas sensa��es que sons e palavra podem evocar. “Proje��es, videomappings e jogo de luzes, fatos hist�ricos e atualidades construir�o o pano de fundo visual em que cada tema abordado ir� se enquadrar”, explica M�rcio.

Entre as can��es selecionadas – n�o sem alguma dose de sofrimento, conforme o compositor, dado o volume da obra – est�o “Paix�o e f�”, “Can��o do novo mundo”, “Clube da esquina nº 2”, “Nuvem cigana”, “Beijo partido” e “Planeta sonho”, entre outras.

O desenho arquitet�nico dos espa�os da mostra – que tem produ��o art�stica assinada por Cl�udia Brand�o e produ��o executiva de Danusa Carvalho – foi constru�do por Gustavo Penna e Gustavo Grecco. As proje��es foram desenvolvidas por Ricardo e Rafael Can�ado, respons�veis pelo Darklight Studio. “Tudo partiu de uma ideia inicial de reproduzir uma ambienta��o, um clima de audi��o que havia entre n�s quando lan��vamos discos novos. Da� a criatividade da equipe foi posta em movimento”, diz M�rcio.

objetos de metal simulando silhueta humana com instrumento em ambiente avermelhado na galeria do Minas Tênis Clube
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

ESS�NCIA 

Ele conta que, depois de mudar “centenas de vezes” a lista com as 12 m�sicas que seriam os pilares da exposi��o, resolveu relaxar. Entendeu que quaisquer can��es que escolhesse, nascidas no bojo do movimento, seriam representativas do Clube da Esquina.

“Diante de uma obra t�o vasta, como fazer uma viagem dessas? Saquei o seguinte: a ess�ncia do Clube, a sonoridade, o trabalho coletivo, a poesia, tudo isso estaria em quaisquer das 12 can��es que eu resolvesse eleger. Escolhi, quase que aleatoriamente, aquelas que me falavam mais ao cora��o e que, imagino, tamb�m falem ao cora��o de quem gosta da m�sica do Clube”, destaca.

M�rcio diz que acabou se guiando pelas tem�ticas. Comp�em essa “exposi��o em formato de LP” can��es que falam de amizade, amor, religiosidade, paix�o e, claro, de Minas Gerais, conforme ele aponta. “Quantas m�sicas fizemos falando de Minas, de latinidade, de f�? Foi a partir desses temas gen�ricos que escolhi as 12 que est�o na mostra”, aponta.

“Conseguimos uma reprodu��o das m�sicas com �tima qualidade, ent�o a ideia � o visitante ouvir a can��o atento ao que tem por tr�s dela, a sonoridade, os versos, as palavras, as harmonias, as orquestra��es, com as dezenas de m�sicos que est�o ali tocando. A exposi��o prop�e um retorno � nossa ess�ncia, que � o som, com cenas, objetos e outras coisas que remetam o visitante ao clima das can��es”, ressalta.

inscrições de palavras relacionadas ao Clube da Esquina, como travessia, em ambiente azulado na galeria do Minas Tênis Clube


ORIGINALIDADE 


Pensando no �lbum cinquenten�rio ora celebrado, M�rcio considera que sua principal marca � a originalidade das faixas nele registradas. “Ningu�m fazia aquilo que a gente fez”, observa. Em rela��o ao movimento como um todo, incluindo seus desdobramentos, ele acredita que a singularidade reside no fato de um grupo de jovens amigos m�sicos terem, despretensiosamente, movidos apenas pela paix�o pelo que faziam, alcan�ado uma audi�ncia planet�ria.

“N�s nos transformamos num movimento musical famoso no mundo inteiro com o seguinte lema: primeiro a amizade, depois a m�sica. A amizade foi o combust�vel, a vontade de estarmos juntos e fazer as coisas juntos, ser irm�os de cria��o e de criatividade”, aponta. Ele observa que tanto o �lbum inaugural do movimento quanto todos os outros t�tulos que se seguiram, assinados por Milton ou pelos outros “s�cios” do Clube, revelam esse sentimento de coletividade.

“Cada um foi mestre de sua pr�pria obra e os outros entravam como coadjuvantes. No disco do L�, o Milton entrava como coadjuvante; no disco do Beto, o L� entrava como coadjuvante; no disco do Milton, entrava o Ronaldo Bastos como coadjuvante. Isso � fruto dessa ideia de amizade. Um menino de 15 anos pode n�o conhecer o Clube, mas se ouve um verso de uma m�sica, aquilo reverbera nele. O Milton, �s v�speras de fazer 80 anos, tem um milh�o de seguidores. Por que isso? Porque a gente fez uma coisa que realmente importava.”

“VIAGEM DE VENTANIA – TRILHA SONORA DOS TEMPOS”

Exposi��o comemorativa aos 50 anos do Clube da Esquina. At� este domingo (6/3), das 11h �s 18h. Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Entrada franca. Classifica��o: livre. Capacidade: 30 pessoas 


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