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Estado de Minas SALADA MUSICAL

Banda mineira formada por chefs de cozinha assina com a Sony e lan�a EP

"Minha preta", que chega nesta sexta-feira (4/2) �s plataformas digitais, � o primeiro resultado do contrato do Bistr� com a gravadora


04/02/2022 04:00 - atualizado 04/02/2022 09:15

de pé, vestidos de preto, com óculos escuros e instrumentos musicais, Vinny Soares, Peterson Carlos, Leo Brito e Wallace Laender olham para a câmera
Vinny Soares, Peterson Carlos, Leo Brito e Wallace Laender tocam juntos h� 10 anos e emplacaram de forma independente o hit "Te amando calado" (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
L� pelos idos de 2012, os irm�os Wallace Laender, Peterson Carlos e Vinny Soares mais o amigo Leo Brito resolveram iniciar uma s�rie de encontros gastron�micos caseiros, temperados com m�sica, como forma de unir esses dois talentos que eles compartilhavam. 

O grupo surgido na informalidade dom�stica come�ou a se apresentar em eventos universit�rios, festas particulares e tamb�m em cidades do interior do estado. Embalados nesse processo, os quatro se permitiram sonhar com uma carreira profissional. Passados 10 anos, a dist�ncia entre o sonho e a realidade tornou-se consideravelmente mais curta.

Batizado Bistr� – numa alus�o direta aos dotes culin�rios que t�m (Peterson e Leo s�o chefs de cozinha) –, o grupo lan�a nesta sexta-feira (4/2) o EP “Minha preta”, com a chancela da Sony Music. O contrato com a gravadora foi assinado no ano passado e prev� uma entrega de 48 m�sicas, que vir�o � luz em formato de singles, outros EPs e �lbuns completos.

A banda j� vislumbra no horizonte um registro ao vivo dos shows decorrentes do lan�amento de “Minha preta”, cujo primeiro single, “Vou te namorar”, j� est� dispon�vel nas principais plataformas desde o fim do ano passado.

Cair no radar de uma gravadora multinacional n�o foi exatamente um golpe de sorte ou um passe de m�gica. Ao longo dos �ltimos 10 anos, o Bistr� vem construindo paulatinamente sua trajet�ria. Tanto � assim que, antes de “Minha preta”, o grupo j� contabilizava alguns registros fonogr�ficos: o �lbum “Por que n�o?”, de 2018, os EPs “Eternos namorados” e “Bistr� de Natal”, ambos de 2020, e alguns singles dispersos, apresentados ao p�blico a partir de 2017.

PRODU��O AUTORAL 

“A gente j� est� na m�sica h� muito tempo, desde pequenos eu e meu irm�o j� toc�vamos na igreja. Depois come�amos a fazer shows amadores, tocando cover de sucessos da MPB”, diz o vocalista Wallace, acrescentando que, certo dia, um dos integrantes disse que tinha feito uma m�sica. Foi o in�cio da produ��o autoral do Bistr�. 

E foi gra�as a ela que a banda viu seu raio de alcance se ampliar. Wallace conta que, em 2017, comp�s a m�sica “Te amando calado”, que estourou na internet, chegando, conforme diz, a receber coment�rios elogiosos de atores da Rede Globo.

“Ali a gente come�ou, de fato, a acreditar na banda como um projeto profissional. Eu j� tinha no��o de que o trabalho que v�nhamos fazendo tinha qualidade, mas quando essa percep��o vem de fora, � um refor�o muito importante”, diz o vocalista. 

“Te amando calado”, que traz uma letra rom�ntica conduzida por viol�o, violoncelo e a voz suave de Wallace, est� dispon�vel no Spotify, tem um clipe muito bem produzido no YouTube e, agora, foi incorporada ao repert�rio do EP “Minha preta”.

Outro ponto de virada determinante na trajet�ria do Bistr� veio no final de 2020, com o lan�amento de “Bistr� de Natal”. Com o repert�rio disponibilizado nas plataformas, uma das faixas do EP, intitulada “Vida”, chegou aos ouvidos do produtor Renato Freire, que foi respons�vel pela reuni�o dos Novos Baianos e atualmente est� radicado na Europa. 

“A partir dessa m�sica, ele conheceu melhor nosso trabalho, fez contato conosco e foi isso que desembocou nesse contrato com a Sony”, explica Wallace. Ele diz que Freire se encarregou de montar uma equipe de experientes profissionais ligados ao mercado fonogr�fico – como a assessora de imprensa Gilda Mattoso e o fot�grafo Marcos Hermes – e levou a banda para uma audi��o ao vivo com executivos da Sony em S�o Paulo. 

"Queremos um lugar na hist�ria da MPB, e para isso vamos lan�ar tudo o que a gente tem e considera que seja bom. Tem tantos artistas que passaram por nossa vida e nos deixaram tanta coisa com sua obra. S�o exemplos que ficam e embalam nossa hist�ria"

Wallace Laender, integrante da banda Bistr�



CONVITES 

“A gente j� tinha o grupo e vinha fazendo shows desde 2013, recebendo convites para tocar em cidades do interior de Minas, tentando adequar isso com a vida de cada um, porque todo mundo trabalha. Era um neg�cio conduzido de forma totalmente independente, com a ideia de um dia se tornar profissional, mas ainda tinha uma dist�ncia entre sonho e realidade. Com a chegada do Renato na hist�ria � que veio a possibilidade efetiva de isso acontecer”, destaca.

Wallace acredita que o potencial que Freire identificou no Bistr� se lastreia tamb�m no p�blico que a banda cativou ao longo de sua caminhada, sobretudo a partir do sucesso de “Te amando calado”. “As plataformas d�o a oportunidade de artistas independentes se mostrarem. Quando o Renato nos procurou, j� t�nhamos mais de 60 mil seguidores e m�sicas com 2 milh�es de visualiza��es, quer dizer, a coisa j� acontecia, mas n�o t�nhamos uma orienta��o profissional para chegar a um lugar de maior visibilidade e nos inserir de fato no mercado”, aponta.

Apesar do pouco tempo da assinatura do contrato com a Sony, ele diz que a rotina dos integrantes do grupo j� mudou. “Estamos mais envolvidos com as quest�es art�sticas, produ��o das m�sicas, contatos com as pessoas que est�o no mercado, nos fazendo enxergar como as coisas funcionam, dando orienta��es. Mas o principal foi a gente ter a certifica��o e a chance de fazer um trabalho relevante para o cen�rio musical brasileiro. Desde que comecei com o Bistr�, eu esperava por essa certifica��o”, diz.

Ele ressalva que os integrantes da banda ainda n�o est�o vivendo de m�sica. O irm�o Peterson e o amigo Leo, por exemplo, seguem trabalhando no ramo da gastronomia. “O Peterson est� no restaurante Fazendinha, no Santa L�cia, onde j� foi chef e agora est� como gerente. Foi ele quem montou os pratos e a carta de vinhos. De vez em quando ele ainda assume a cozinha, para n�o perder a m�o, e tamb�m d� consultoria para outros restaurantes de Belo Horizonte”, conta, destacando que a voca��o para a culin�ria � uma heran�a paterna. “Nosso pai gostava muito de cozinhar, fazia muitos pratos na nossa casa”, recorda.

“Minha preta” traz seis faixas, sendo cinco autorais – “Menina dos olhos puxados”, “Hora de partir”, “Te amando calado”, o single “Vou te namorar” e a que d� t�tulo ao EP – e uma vers�o, para “Tatuagem”, de Chico Buarque. Sobre a visita � obra do ic�nico compositor, Wallace diz que ela remonta a 2009, quando ganhou de presente de sua esposa a discografia completa dele. O casal mergulhou na audi��o de Chico e, eventualmente, ele tirava alguma m�sica ao viol�o.

CHICO BUARQUE

 “Aprendi a tocar ‘Tatuagem’ e a gente sempre cantava. Foi uma m�sica que deu liga, o arranjo que fizemos, nossas vozes, minha e da minha esposa, tudo encaixou. Agora, quando o pessoal da Sony veio e perguntou se tinha alguma m�sica de outro autor que a gente gostava, sugeri ‘Tatuagem’. At� 2009 eu ainda n�o tinha me aprofundado na obra do Chico, n�o tinha sacado o letrista genial que ele �; eu era mais ligado em Caetano e Gil”, conta.

Ele ressalta que “Tatuagem” � uma m�sica de amor que dialoga bem com outras letras de mesmo teor do repert�rio autoral do Bistr�, por isso entrou no EP. O registro da can��o – uma vers�o, n�o apenas um cover, conforme aponta – feito para “Minha preta” conta com a participa��o da esposa, Simone, dividindo os vocais. “Ela tem uma voz linda, canta muito bem. Temos uma outra m�sica que a gente canta juntos, muito bonito, ‘Tchunderund�’. Ela n�o tem vontade de ser artista, mas topou gravar ‘Tatuagem’ comigo”, diz.

Ao citar Chico Buarque, Caetano e Gil, Wallace entrega um pouco das refer�ncias presentes no trabalho do Bistr�, mas ele pondera que o grupo busca n�o se ater a um g�nero espec�fico e que seu caldeir�o sonoro abarca muitos outros ingredientes. “Fomos criados numa fam�lia crist�, ent�o tem muita m�sica religiosa na base da nossa forma��o. Na juventude voc� vai descobrindo outras coisas. A MTV nos trouxe muito pop rock, Michael Jackson, o pagode daquela �poca, o samba”, diz.

“Sem bandeira nem panfletagem, mas pelo fato de sermos negros, tem tamb�m uma heran�a africana no nosso som, um suingue natural, que � nosso. Da MPB, a gente bebe em Djavan, Caetano, Chico, mas tamb�m nas bandas de pop rock. A gente n�o liga muito para r�tulo, mas tem um pouco de tudo, rock, pop, MPB, black music, sem preconceito nenhum. Queremos conversar com todas as tribos na nossa caminhada, mas mantendo a identidade”, afirma.

Wallace � o principal compositor do grupo – posto a que foi al�ado a partir do sucesso de “Te amando calado” –, mas ele frisa que seus irm�os tamb�m t�m a verve l�rica e mel�dica afiada. A faixa-t�tulo do EP que chega ao p�blico hoje � assinada pelos tr�s. 

“Nosso processo sempre foi muito coletivo. Desde o in�cio, todo mundo compunha, e o que passava no crivo dos quatro era levado para os shows e para o est�dio. Temos sintonia para compor, falamos do que nossa m�sica carrega: ela � sonhadora, tem esperan�a, tem dor, tem sofrimento, mas tamb�m � alegre, aceita todo mundo”, comenta.

Ele diz que, com o lan�amento do EP “Minha preta”, o grupo se permite ser ambicioso em rela��o ao que projeta para o futuro. “O que a gente quer hoje � colocar o Bistr� na hist�ria da m�sica popular brasileira. Existe a realiza��o musical, o �xito financeiro e mercadol�gico, mas o prop�sito primeiro � simplesmente mostrar nossa m�sica. J� temos mais de 50 can��es pr�-produzidas”, diz, deixando claro que a entrega dos 48 fonogramas prevista no contrato com a Sony est� longe de ser um problema ou um desafio.

“Queremos um lugar na hist�ria da MPB, e para isso vamos lan�ar tudo o que a gente tem e considera que seja bom. Tem tantos artistas que passaram por nossa vida e nos deixaram tanta coisa com sua obra. S�o exemplos que ficam e embalam nossa hist�ria”, observa. 

Ele adianta que, para al�m do trabalho autoral, vir�o novidades relacionadas � lavra alheia. “O Renato trabalhou com os Novos Baianos. Ele nos disse que Moraes Moreira deixou algumas m�sicas pr�-produzidas, que n�o foram lan�adas, permanecem in�ditas. Ele est� querendo que a gente lance isso”, revela.


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