
Aos 31 anos, Linn tem uma carreira independente consolidada como performer e cantora, lan�ou os discos "Pajub�" (2017) e "Trava l�nguas" (2021), trabalhou como atriz nas s�ries "Segunda chamada" (2019), da Globo, e "Manh�s de setembro" (2021), da Amazon Prime Video, e apresenta o talk show "TransMiss�o", no Canal Brasil. Embora todos esses trabalhos ajudem a entender quem � a multiartista paulistana, nenhum deles tem a pot�ncia do document�rio "Bixa Travesty" (2018), que mostra parte de sua trajet�ria.
Dispon�vel no cat�logo do Canal Brasil no Globoplay e para compra e aluguel no YouTube, o filme dirigido por Kiko Goifman e Claudia Priscilla, com roteiro dos dois em parceria com Linn, mostra cenas de shows, entrevistas e momentos de intimidade, com o objetivo de revelar a complexidade da artista e de seu trabalho. Recomendado para maiores de 18 anos, o longa aborda temas importantes relacionados � inclus�o e visibilidade de travestis e transexuais.
Logo no in�cio do filme, Linn aparece na cozinha de sua casa, junto com sua m�e, Lilian dos Anjos, e duas amigas. As quatro conversam sobre diferentes assuntos, at� que dona Lilian trata a filha no pronome masculino e � prontamente corrigida. "Eu vou tatuar na minha testa 'Ela' pra senhora n�o se esquecer", Linn afirma.
Esta � a mesma explica��o que a cantora e atriz deu a Tadeu Schmidt quando o apresentador do "BBB 22" perguntou a ela o significado da tatuagem, depois de alguns colegas de confinamento terem errado o pronome pelo qual Linn quer ser chamada.
C�NCER E CONSCI�NCIA
Com imagens de arquivo que a mostram no hospital, quando teve que ser submetida a quimioterapia para tratar de um c�ncer testicular em 2014, o filme capta, de certa forma, o nascimento de Linn da Quebrada. No longa, ela conta que foi nessa �poca que tomou ainda mais consci�ncia sobre seu pr�prio corpo e o significado pol�tico que ele carrega.Com montagem fragmentada, boa parte das imagens do document�rio foram gravadas em 2017. A ideia de fazer um filme sobre Linn da Quebrada partiu de Claudia Priscilla, que j� tinha uma rela��o com a artista e com temas LGBTQIA+. De in�cio, o diretor mineiro radicado em S�o Paulo Kiko Goifman foi reticente � ideia, por julgar Linn ainda muito jovem para uma cinebiografia.
"O que me fez mudar de ideia foi mergulhar no universo da Linn e ver quanto material de arquivo ela tinha", ele diz. "Apesar da pouca idade, ela � de uma gera��o que tem muita coisa registrada. Foi a� que comecei a ver o potencial."
Goifman comenta que Linn "foi fundamental para a gente contar a pr�pria hist�ria dela. A Linn � uma pessoa muito criativa, ent�o a chamamos para criar com a gente, sugerindo personagens e situa��es que pudessem nos ajudar a construir a narrativa do filme. O maior exemplo disso � a cena em que Linn toma banho com sua m�e. Isso partiu dela".
Para o diretor, o grande trunfo do filme � falar sobre temas ligados � transfobia sem recorrer a dados que mostram o quanto o Brasil � um pa�s transf�bico. "� um document�rio pol�tico. Considero que � o meu filme mais pol�tico. Ele � diretamente antimachismo e antitransfobia, sem precisar falar de dados. Os dados s�o muito importantes, mas podem ser tratados pelo jornalismo. O que a gente queria com esse filme � mergulhar no cotidiano dessa travesti e mostrar como ela � como ser humano."
COLE��O DE PR�MIOS
Premiado no Festival de Berlim, onde estreou em 2018 na Mostra Panorama, vencendo o Teddy Award de melhor document�rio com tem�tica LGBTQIA , "Bixa Travesty" conquistou tamb�m os pr�mios de melhor trilha sonora e o do j�ri popular no Festival de Bras�lia, al�m de uma men��o honrosa. O document�rio acumula 21 pr�mios em festivais dentro e fora do Brasil.Kiko Goifman acredita que o �xito do longa est� ligado ao momento em que ele foi produzido e lan�ado. "Os pr�prios homens est�o sendo confrontados a repensar posturas e acho que o filme toca nesses assuntos. Al�m disso, temos uma personagem muito forte e uma narrativa que acaba se juntando com as m�sicas da Linn. Ele n�o � um filme musical simplesmente, ele tem cotidiano, tem personagens soltos que transitam e personagens secund�rios fortes."
Apesar de j� saber da vontade que Linn tinha de participar do "BBB", o diretor ficou bastante surpreso quando a artista foi confirmada no reality. "Acho que ela est� se saindo muito bem. A gente at� brincava que ela seria muito explosiva l� dentro, mas ela est� conseguindo manter a for�a dentro de uma leveza, de uma alegria, conseguindo transmitir as ideias dela", avalia.
Para ele, a presen�a de Linn da Quebrada em um programa do alcance do "Big brother Brasil" � "fundamental". "� um local de extrema visibilidade e acho muito bacana que a Linn esteja ocupando esse lugar. Ela � uma pessoa que reflete muito sobre uma s�rie de quest�es que hoje est�o inevitavelmente na pauta de um programa como o 'BBB'. Al�m disso, � muito interessante conviver com ela. Quem quiser pode aprender muito."
