"O fato de o Bolsa Pampulha ser no Viaduto das Artes, no Barreiro, fez com que houvesse uma diversidade de projetos. Muitos dos selecionados nasceram e foram criados em regi�es perif�ricas. Desta maneira, n�o � uma sele��o que homogene�za, mas que aponta para v�rios lados"
Raphael Fonseca, curador
Dezesseis artistas e coletivos d�o in�cio, nesta segunda (21/3), � resid�ncia da oitava edi��o do Bolsa Pampulha. Nos pr�ximos seis meses, os selecionados, entre 351 inscritos, participar�o de atividades em um ateli� coletivo – haver� tamb�m debates, oficinas e palestras. O programa � uma iniciativa do Museu de Arte da Pampulha (MAP).
Com o fechamento tempor�rio do MAP, que est� em prepara��o do in�cio de restauro, a maior parte das atividades ser� realizada no Viaduto das Artes, no Barreiro. Ao final da temporada, uma exposi��o coletiva, prevista para outubro, ser� promovida em espa�o ainda n�o definido de Belo Horizonte. O p�blico poder� acompanhar todas as atividades, de forma presencial ou virtual.
Nesta edi��o, a primeira desde 2019, cada bolsista receber� mensalmente um valor de R$ 2 mil. Ao final da resid�ncia, cada um tamb�m vai receber R$ 5 mil para a produ��o do trabalho final. Para al�m das artes visuais, pela primeira vez o Bolsa Pampulha tamb�m aceitou projetos das �reas de arquitetura, design e arte-educa��o – os inscritos t�m que residir na Grande BH.
TROCAS
Os curadores Raphael Fonseca e Amanda Carneiro comentam que a abertura para projetos al�m das artes visuais dever� permitir uma troca maior. “Uma �rea acaba contaminando a outra”, diz Fonseca. “Elas t�m interesses em comum e a proximidade vai contribuir para uma amplia��o do entendimento de cada um dos selecionados sobre sua pr�pria �rea”, acrescenta Amanda.
A abertura para inscritos de cidades da regi�o metropolitana tamb�m enfatizou a ideia de descentraliza��o. “O fato de o Bolsa Pampulha ser no Viaduto das Artes, no Barreiro, fez com que houvesse uma diversidade de projetos. Muitos dos selecionados nasceram e foram criados em regi�es perif�ricas. Desta maneira, n�o � uma sele��o que homogene�za, mas que aponta para v�rios lados”, continua Fonseca.
As investiga��es prop�em temas diversos: negritude na arquitetura, media��o cultural, quadrinhos, quest�es LGBTQIA+, pesquisa sobre jogos, cultura urbana e perif�rica, entre outros.
Dos selecionados, dois s�o da arquitetura, um do design, outro da arte-educa��o e os demais das artes visuais. “H� pontos em comum nas diversas pr�ticas, e buscamos entender o quanto elas revelam de quest�es da cidade e do momento em que vivemos”, completa Amanda. Os dois curadores, que n�o s�o nem vivem em BH, vir�o mensalmente � cidade para acompanhar os trabalhos. Os selecionados tamb�m contar�o com a presen�a de quatro tutores: os artistas e professores Laura Bel�m, Br�gida Campbell e Marcel Diogo, e o realizador Gabriel Martins.
ESPA�OS PERIF�RICOS
Um dos selecionados foi Froiid, artista de 35 anos com 10 de carreira e j� com reconhecimento na �rea. Ele se inscreveu em edi��es anteriores do Bolsa Pampulha. “� uma das resid�ncias mais importantes do Brasil at� por sua hist�ria (sua origem � o Sal�o Nacional de Arte da PBH, em 1937). O trabalho art�stico acaba sendo um lugar meio solit�rio e uma resid�ncia proporciona encontros com outros artistas e curadores, permitindo um di�logo mais aberto.”
Nascido e criado no Barreiro, Froiid tem uma pesquisa em cima da rela��o entre jogo e arte. Para o Bolsa Pampulha ele apresentou proposta de investiga��o em campos de v�rzea. “Nas minhas �ltimas exposi��es fiz trabalhos sobre a sinuca e o jogo do bicho. Agora, a ideia � ver as rela��es dos times de v�rzea com os espa�os na periferia”, continua.
Ainda que o tema remeta ao futebol, o artista diz que o trabalho final – uma ou mais instala��es – n�o precisa ser exclusivamente sobre o esporte. “Pode ter outros desdobramentos, dependendo do que acontecer na pesquisa. O campo � muito aberto”, finaliza.
SELECIONADOS
>> Artes Sapas – Associa��o de artistas l�sbicas e bissexuais que mant�m um ateli� aberto em Sabar�
>> Comum – Artista urbano de BH graduado na UFMG, j� participou de v�rios projetos do g�nero, como o Cura – Circuito Urbano de Arte (2018)
>> Cozinha Comum – Coletivo que atua por meio de instala��o, literatura e performance para refletir sobre comida e alimenta��o
>> Dalila Coelho – Fot�grafa e jornalista de BH com atua��o na regi�o perif�rica, venceu o Pr�mio D�cio Noviello de Fotografia com a s�rie “� ver�o o ano inteiro” (2020)
>> Froiid – Artista multidisciplinar e curador, j� participou de exposi��es em BH e outros estados
>> Hort�ncia Abreu – Artista e pesquisadora de BH, doutoranda na UFMG, trabalha com a rela��o entre imagens da arte e mem�ria hist�rica
>> Ing Lee – Artista coreana-brasileira formada pela UFMG, trabalha com publica��es independentes. � co-fundadora do selo editorial O Quiabo
>> �talo Almeida – Paulista criado em BH, atua com arte urbana em diversos suportes
>> Joseane Jorge – Graduada em arquitetura, trabalha com interven��es no espa�o
urbano em torno do ato de cozinhar e comer, atuando como artista, ativista, cozinheira
e educadora
>> Luana Vitra – Artista pl�stica, dan�arina e performer de Contagem
>> Lucas Emanuel – Mestrando em artes na UFMG, iniciou a carreira no grafite. Estuda o uso est�tico-pol�tico do espa�o
>> Marcelo Venzon – Transita entre as pr�ticas da arquitetura e das artes visuais
>> Marcus Deusdedit – Arquiteto que investiga a rela��o entre arquitetura, design, arte e tecnologia
>> Mateus Moreira Santos – Graduando em pintura e desenho na UFMG, trabalha com tinta �leo sobre tela e desenho sobre papel
>> Pedro Neves – Maranhense, trabalha com a linguagem
da arte popular
>> ciber_org – Artista que trabalha com a constru��o da identidade no s�culo 21, especialmente no di�logo com o universo digital