
H� 50 anos, “O poderoso chef�o” quebrou todos os recordes de bilheteria, levou para casa o Oscar de melhor filme e apresentou a milh�es de pessoas o mundo de mafiosos, assassinatos e cannoli.
Para o diretor Francis Ford Coppola, com 29 anos � �poca, a adapta��o do romance de Mario Puzo n�o parecia uma oferta imposs�vel de recusar. “Fiquei muito decepcionado quando comecei a ler. Era, basicamente, algo que Mario Puzo havia escrito para seus filhos”, revelou Coppola durante a exibi��o do longa, no Museu da Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas de Hollywood, em Los Angeles, durante homenagem ao seu 50º anivers�rio, realizada no �ltimo dia 16.
“Quando me ofereceram a chance de faz�-lo, principalmente porque todo mundo tinha recusado, eu tamb�m recusei”, contou o aclamado diretor.
Felizmente, um jovem s�cio chamado George Lucas insistiu para que ele aceitasse o trabalho, j� que seu incipiente e contracultural est�dio cinematogr�fico American Zoetrope estava muito endividado. “Francis, precisamos do dinheiro! V�o fechar a gente, voc� tem de aceitar esse trabalho”, disse Lucas, conforme palavras de Coppola.
LAN�AMENTO
O resto � hist�ria. Lan�ado em 24 de mar�o de 1972, em grande n�mero de salas, algo incomum na �poca, “O poderoso chef�o” j� era, em setembro, o filme de maior bilheteria de todos os tempos, superando “E o vento levou”.
A saga de mafiosos ajudou a inaugurar a era dos sucessos de bilheteria, que realmente decolou tr�s anos depois, quando “Tubar�o”, de Steven Spielberg, quebrou seu recorde de arrecada��o.
De acordo com o livro “Como a gera��o sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls” (Intr�nseca), de Peter Biskind, Coppola ganhou uma aposta da Paramount – o est�dio lhe compraria uma limusine se o filme arrecadasse US$ 50 milh�es.
“O poderoso chef�o” arrecadou US$ 130 milh�es. E Coppola se tornou o primeiro cineasta com o peso financeiro necess�rio para apoiar suas credenciais art�sticas. “Foi o come�o de uma nova era para os diretores”, escreveu Peter Biskind.
Curiosamente, “O poderoso chef�o” foi um sucesso improv�vel, sob v�rios aspectos. Em 1972, filmes de mafiosos estavam fora de moda. Quatro anos antes, a Paramount fracassou ao lan�ar “The brotherhood”, estrelado por Kirk Douglas. Por�m, o romance de Mario Puzo se tornara popular, e o est�dio tinha os direitos sobre ele.
A Paramount enfrentou problemas para encontrar um diretor. Elia Kazan, Costa-Gavras e Peter Bogdanovich rejeitaram o projeto.
Embora liderasse o movimento da Nova Hollywood, formado por cineastas jovens e contestadores, Coppola n�o era um nome de sucesso. Em parte, foi convidado por suas ra�zes italianas.
“Se o filme gerasse muitos protestos de �talo-americanos ofendidos, que considerassem que os italianos estavam sendo desprestigiados, eu teria ficado na mira”, afirmou o diretor.
DINHEIRO
A Paramount queria uma adapta��o barata e r�pida, mas Coppola brigou por mais or�amento, insistindo em rodar em Nova York – n�o a contempor�nea, mas a cidade dos anos 1940.
“O or�amento foi de cerca de US$ 2 milh�es, US$ 2,5 milh�es. Eu queria fazer isso em Nova York em 1945. Isso significava que, provavelmente, precisaria de pelo menos o dobro”, comentou o diretor. Tal exig�ncia n�o agradou ao est�dio.
N�o foi o �nico desafio. O produtor Robert Evans, um dos pesos-pesados de Hollywood que haviam comprado os direitos do filme, desentendeu-se com Coppola sobre o elenco.
O �nico grande nome do projeto (Marlon Brando) n�o estava em seu melhor momento. Al Pacino era um desconhecido, e n�o o “homem alto e bonito” que Evans exigia.
“Al � muito bonito, mas � sua maneira �nica”, brinca Coppola. “Al Pacino era muito atraente. Eu me perguntava por que exatamente, mas ele era.” O cineasta conta que quando sugeriu o ator para o papel, “o pessoal na Paramount come�ou a se perguntar se havia escolhido a pessoa errada”.
O resultado foi o reconhecimento da Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas. “O poderoso chef�o” ganhou o Oscar de melhor filme; Marlon Brando, o de melhor ator; e Al Pacino foi um dos tr�s artistas do filme entre os indicados ao pr�mio de melhor ator coadjuvante.
Sinal de que o legado permanece, Coppola foi homenageado neste m�s com uma estrela na Cal�ada da Fama de Hollywood. Al�m disso, o Museu da Academia anunciou que ter� uma galeria exclusiva para “O poderoso chef�o”.