
"Muitos dos nossos escritores est�o agora no Ex�rcito"
Romana Iaremyn, livreira em Lviv
A estrela de Hollywood Angelina Jolie, enviada do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, fez uma visita- rel�mpago a Lviv, no Oeste da Ucr�nia, no �ltimo fim de semana.
No s�bado (30/4), Angelina conversou com ucranianos que fugiram das zonas de combate e com pesssoas que prestam ajuda psicol�gica na esta��o de Lviv.
O conflito j� for�ou 5,4 milh�es de ucranianos a deixar seu pa�s. Mais de 7,7 milh�es fugiram de suas cidades e est�o deslocados internamente, de acordo com a ONU.

SESS�ES DE LEITURA
Uma livraria de Lviv busca consolar as crian�as, oferecendo abrigo no por�o quando as sirenes de ataque a�reo disparam. Naquele espa�o, s�o promovidas sess�es de leitura para meninos e meninas deslocados, que se viram obrigados a deixar suas cidades.
A livreira Romana Iaremyn exibe centenas de livros guardados quase at� o teto, resgatados em �reas devastadas pelos ataques.
Embrulhados em embalagens brancas, os exemplares foram recuperados em Kharkiv, a grande cidade do nordeste ucraniano, parcialmente cercada e bombardeada diariamente pelas for�as russas.
Armazenados no que antes era a sala de leitura infantil, os livros s�o apenas uma fra��o do que a editora e livraria conseguiu salvar dos bombardeios.
“Funcion�rios do nosso armaz�m tentaram retirar pelo menos parte dos exemplares. Eles encheram um caminh�o, e tudo foi levado por uma empresa postal”, explica Iaremyn.
Milhares de pessoas, principalmente mulheres e crian�as, t�m fugido para Lviv ou atravessam a cidade para chegar � Europa.
“N�o sei como meus colegas fizeram para permanecer em Kharkiv. Os que fugiram e os que est�o comigo dizem ter a impress�o de que a cidade foi arrasada”, lamenta Romana Iaremyn.
A loja dela reabriu as portas um dia ap�s a invas�o russa. Durante a primeira onda de chegada de deslocados, pais que haviam abandonado suas casas para proteger as fam�lias foram at� l� em busca de contos de fadas para distrair os filhos nos bunkers.
Alguns compraram “Polinka”, hist�ria de uma menina e seu av� publicada pouco antes da invas�o, escrita por um homem que est� na linha de frente. “Ele queria deixar algo para a neta”, explica a livreira Romana.
"POLINKA"
Nas prateleiras da se��o para adultos, ela mostra a cole��o de ensaios sobre mulheres ucranianas esquecidas pela hist�ria. Seu autor tamb�m est� lutando contra os russos.
“Muitos dos nossos escritores est�o agora no Ex�rcito”, comenta Romana.
Na semana passada, em um dia ensolarado de c�u azul, algumas livrarias da cidade funcionavam. No t�nel de pedestres sob a rodovia, na �rea central de Lviev, barracas vendiam tradu��es de cl�ssicos, como “1984”, de George Orwell, e mang�s.
Perto do Museu Arsenal Real, aos p�s da est�tua de Ivan Fyodorov, impressor do s�culo 16 de Moscou e enterrado em Lviv, vendedores expunham livros para venda ou aluguel.