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Estado de Minas ARTES C�NICAS

Depois de estreia em 'data infeliz', Grace Gianoukas d� segunda chance a BH

Atriz apresenta neste s�bado (28/5) na capital mineira o espet�culo "Grace em revista", que condensa seus 40 anos de carreira no humor


28/05/2022 04:00 - atualizado 28/05/2022 07:59

De coque, macacão preto e adereço pink no pescoço, Grace Gianoukas olha para o lado no palco
Neste fim de semana, Grace Gianoukas traz � capital mineira espet�culo para adultos e pe�a infantil (foto: Annelize Tozetto/Divulga��o)


A atriz, autora e diretora Grace Gianoukas, uma das criadoras do projeto Ter�a Insana, trouxe a BH, em novembro do ano passado, o espet�culo solo “Grace em revista”, formatado durante a pandemia para celebrar seus 40 anos de carreira. Ela n�o achou a experi�ncia satisfat�ria, por considerar que aquela n�o era uma situa��o ideal.

“Foi uma data muito infeliz, era um domingo e, n�o me lembro exatamente, mas acho que tinha um feriado emendando com o fim de semana. Minha produtora chegou com essa proposta e a gente foi no risco. E teve uma outra quest�o: a frequ�ncia aos teatros ainda estava muito afetada pela pandemia, as pessoas ainda estavam com muito medo”, recorda.

Pois neste fim de semana ela est� de volta � cidade, confiando num contexto mais favor�vel, para n�o s� reapresentar “Grace em revista”, neste s�bado (28/5), como tamb�m mostrar pela primeira vez ao p�blico de Belo Horizonte o infantil “A bruxa do chocolate”, hoje e amanh�, ambos no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Dirigida e adaptada por Grace a partir do livro hom�nimo de Rafael Spaca, a pe�a � estrelada por Nilton Marques e Zuzu Leiva.

BONECOS 

A dupla de atores, que no palco contracena com bonecos manipul�veis, responde por outras fun��es na estrutura��o da montagem. Grace conta que foi Zuzu quem lhe apresentou o texto com a proposta de adapta��o, na qual colaborou. J� Nilton foi o respons�vel pela confec��o dos bonecos – a Vassoura Chimbica, a Coelhinha Felpuda, a Planta Papuda, o Gato Pijama e o Rato Pia�aba – e que, na hist�ria, pertencem � bruxa do t�tulo. 

Foi entre uma e outra conversa com Zuzu que a pe�a “A bruxa do chocolate” acabou ganhando uma outra dimens�o, que extrapola o livro do qual foi adaptada, segundo Grace. Ela explica que a obra de Rafael Spaca, em linhas gerais, fala de uma bruxa que queria ser famosa, chamar a aten��o, e, para isso, resolve roubar todos os chocolates da cidade.

Conversando com Zuzu durante o processo de adapta��o, a gente falava sobre que mundo vamos deixar para os nossos descendentes. A gente debatia sobre a import�ncia da empatia, da diversidade, da consci�ncia ecol�gica e, seguindo por esse caminho, nosso texto come�ou a ganhar um pouco mais de profundidade”, diz.

Na encena��o, a personagem central sofre bullying no reino das bruxas porque � mulambenta e n�o consegue fazer nenhum feiti�o dar certo. Grace diz que a bruxa do espet�culo vive tentando criar uma maldade original, sem, no entanto, obter sucesso, porque suas a��es j� foram precedidas pelas dos homens.

“Ela pensa em poluir os rios, mas descobre que j� fizeram isso; pensa em colocar fogo na floresta amaz�nica, j� fizeram; pensa em criar brinquedos com pecinhas pequenininhas, para as crian�as engolirem, j� fizeram. A� ela se d� conta de que crian�a gosta muito de chocolate e resolve roubar todos os chocolates da cidade, mas a verdade � que ela n�o tem muito talento para a maldade”, conta.

Desmitificar a ideia do mal � um dos subtextos da pe�a, segundo a diretora. Outro, mais incisivo, carrega uma mensagem ecol�gica, que o espet�culo abra�a de forma integral. Grace diz que todo o cen�rio e os bonecos s�o feitos de material recicl�vel. 

“A gente reaproveita tudo. J� que estamos falando de sustentabilidade, ainda mais nesse tempo em que vivemos, num cen�rio ainda de pandemia, com a arte e a cultura, no geral, numa situa��o muito dif�cil, ent�o � uma quest�o de botar boas ideias no palco sem precisar gastar muito. � hora de voltar para o simples”, diz.

Ela detalha que o Rato Pia�aba � feito com embalagens de amaciante, o Gato Pijama com garrafas de �gua mineral e, para criar uma van escolar que tamb�m est� em cena, Nilton se valeu de arquivos de documentos. 

“Se tem uma coisa que a gente precisa parar de gerar � lixo. � preciso transformar o lixo em alguma coisa. A gente recicla menos de 1% do lixo que produz. Esse espet�culo tem essa preocupa��o por tr�s e, talvez, a partir dele, esse pensamento venha a ser uma coisa a que eu me dedique mais nas minhas produ��es, porque � uma forma de deixar algo para o planeta.”

PASSADO E FUTURO

Ela diz que a quest�o da reciclagem e do pensamento ecol�gico engajado tamb�m est�o presentes em “Grace em revista” e que, assim, as comemora��es por seus 40 anos de trajet�ria teatral apontam n�o s� para o passado, mas tamb�m para o futuro. “Com o espet�culo infantil a gente enfatiza a coisa da sustentabilidade, o que diz respeito a como o mundo vai caminhar daqui pra frente. Com o ‘Grace em revista’ eu proponho uma reflex�o sobre os �ltimos 40 anos da nossa hist�ria, nossas lutas pelo pa�s que sonhamos”, aponta.
 

"Como traduzir tudo o que criei em um espet�culo? Como ser atemporal, n�o ficar datado, falar de coisas inerentes ao ser humano em qualquer tempo e qualquer idade, pensar na nossa sociedade e nas coisas que ainda precisam ser transformadas, tudo isso a bordo do humor? � muita coisa. O 'Grace em revista' � uma oportunidade que as pessoas t�m de conhecer um pouco mais do meu trabalho e, para mim, � um jeito bacana de fechar esse ciclo de 40 anos de carreira"

Grace Gianoukas, atriz, dramaturga e diretora

 

Em cena, Grace revela o caminho que percorreu para transformar o palco da com�dia num espa�o de questionamento, de combate ao preconceito, de respeito �s minorias e de transforma��o social. Ela explica que personagens como Aline Dorel, Santa Paci�ncia, Advogada do Diabo, Adolescente Girassol, Pregui�a, Mulher Lim�o e Cinderela serviram de ve�culo para esse prop�sito.

“Come�o o espet�culo falando desse desencontro absoluto que estamos vivendo hoje, com ideias que se enfrentam de forma agressiva e sem profundidade ou embasamento; da� aproveito e dou umas dicas para quem quer ser fundamentalista, j� que � tend�ncia”, conta. Ela brinca que essa situa��o atual se revela at� na esfera da individualidade.

“Nos dias de hoje, brigamos at� conosco mesmos. � dif�cil manter uma sociedade harmoniosa entre nosso corpo, nossa cabe�a e nossa alma. H� uma desconex�o grande”, diz.

MULHERES E MACHISMO

O papel das mulheres em uma sociedade machista sempre esteve presente em seus textos e � revisitado no espet�culo. Ela diz que teve muita dificuldade para ser legitimada como criadora e autora de com�dia, porque o universo do humor ainda � muito machista e preconceituoso.

“Quando uma mulher come�a a colocar o ponto de vista dela, os homens v�o criando barreiras para se proteger, se resguardar num lugar de privil�gios”, aponta.

Para essa abordagem, ela se vale de personagens como a mulher moderna, que fica o tempo todo tentando salvar o casamento e vai percebendo, aos poucos, que s� ela est� empenhada nisso, ou a professora velhinha que teve que largar a profiss�o para cuidar dos filhos em casa por imposi��o do marido. “Tem muito gancho para reflex�o, mas, claro, tudo com muito bom humor.”

O espet�culo caminha, ao final, para uma grande homenagem ao movimento antropof�gico e � Semana de Arte Moderna de 1922, cujo centen�rio � celebrado este ano. “Falo de v�rias quest�es que nos atravessam hoje e que est�o relacionadas com fatos da nossa hist�ria e com a pr�pria constitui��o da nossa sociedade. Tudo � c�clico. Como dizia o Cazuza, tudo � um museu de grandes novidades. O ‘Grace em revista’ condensa um certo humor filos�fico que caracteriza meu trabalho”, afirma.

“GRACE EM REVISTA”

Neste s�bado (28/5), �s 21h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, 31.3516-1360). Ingressos para o setor 1 a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) e para o setor 2 a R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia), � venda na bilheteria do teatro e no site Eventim

“A BRUXA DO CHOCOLATE”

Com Zuzu Leiva e Nilton Marques. Neste s�bado (28/5) e domingo (29/5), �s 16h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, 31.3516-1360). Ingressos para o setor 1 a R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia) e para o setor 2 a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), � venda na bilheteria do teatro e no site Eventim


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