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Estado de Minas ARTES VISUAIS

MET e Louvre envolvidos no caso de tr�fico internacional de antiguidades

Pol�cia confisca valiosas pe�as eg�pcias do Museu Metropolitano de Nova York e investiga a participa��o de ex-diretor da institui��o francesa em contrabando


07/06/2022 04:00 - atualizado 06/06/2022 23:18

Figuras humanas em retalhos de linho egípcios datados de 250 antes de Cristo a 450 antes de Cristo
Retalhos de linho datados de 250 a.C. e 450 a.C., avaliados em US$ 1,6 milh�o, foram apreendidos pela Justi�a americana no MET de Nova York (foto: AFP)

A Justi�a de Nova York apreendeu cinco antiguidades eg�pcias do Museu Metropolitano de Arte (MET) durante investiga��o de tr�fico internacional de obras de arte com o envolvimento de Jean-Luc Mart�nez, ex-diretor do Museu do Louvre, em Paris.

Entre as antiguidades est�o o retrato f�nebre de uma mulher datado entre os anos 54 e 68 a.C., avaliado em cerca de US$ 1,2 milh�o, e retalhos de linho pintado com a representa��o do Livro do �xodo, de entre 250 a.C. e 450 a.C., avaliados em US$ 1,6 milh�o.

O porta-voz do gabinete da Procuradoria de Manhattan afirmou que a apreens�o est� relacionada “� mesma investiga��o” aberta em Paris, que acusa Jean-Luc Mart�nez.

A publica��o especializada The Art Newspaper revelou que as pe�as foram adquiridas entre 2013 e 2015 pelo MET de Nova York.

Questionado sobre a aquisi��o, o museu americano mencionou nota anterior, na qual afirma ser “v�tima de uma organiza��o criminal internacional”, garantindo que est� disposto a colaborar com as autoridades.

Jean-Luc Martínez, ex-diretor do Museu do Louvre, olha para o lado e segura microfone
Jean-Luc Mart�nez, ex-diretor do Museu do Louvre, � investigado no caso de tr�fico internacional de obras de arte (foto: Etienne Laurent/AFP/10/3/16)


Em 2019, o MET devolveu ao Egito o sarc�fago dourado que comprou em 2017, que havia sido roubado em 2011.

A investiga��o parisiense tenta esclarecer se o Louvre de Abu Dab, nos Emirados �rabes Unidos, adquiriu algumas das centenas de pe�as roubadas durante a Primavera �rabe h� 11 anos, quando revoltas agitaram pa�ses do Oriente Pr�ximo e M�dio.

ORIENTE

A investiga��o internacional que envolve o ex-diretor do Louvre revelou a magnitude do contrabando internacional de arte, que h� anos se beneficia da instabilidade pol�tica no Oriente M�dio, segundo especialistas. L�bia, S�ria, Iraque, Egito: a lista de pa�ses saqueados cresceu � medida que a Primavera �rabe se espalhava.

Pintura de mulher com trança na cabeça e expressivos olhos negros, cuja data é do ano 54 aano 68 antes de cristo
Pe�a rara confiscada do MET pela Justi�a (foto: AFP)
Os s�tios arqueol�gicos desses locais s�o “verdadeiros supermercados a c�u aberto”, fen�meno que tamb�m ocorre em alguns lugares da Am�rica Latina e da �frica, afirma Vincent Michel, professor de arqueologia da universidade francesa de Poitiers e especialista na luta contra o tr�fico il�cito de bens culturais.

“Esse tr�fico, que surgiu com escava��es clandestinas e foi agravado pela pobreza, vem crescendo desde a Primavera �rabe de 2011. Alimenta tanto pequenos criminosos quanto a grande criminalidade internacional”, explica o especialista.

“O contrabando de obras de arte est� ligado ao narcotr�fico e ao tr�fico de armas”, garante o professor, enfatizando a rela��o da atividade com a lavagem de dinheiro. O valor total � imposs�vel de avaliar, mas pode chegar centenas de milh�es de d�lares.

“O mercado de arte legal representa faturamento anual de cerca de US$ 63 bilh�es, os traficantes est�o convencidos de que h� muito dinheiro em jogo”, acrescenta Michel, que h� anos treina especialistas policiais e peritos judiciais. “S�o necess�rias consci�ncia geral e luta interdisciplinar coordenada”, defende.

"Esse tr�fico, que surgiu com escava��es clandestinas e foi agravado pela pobreza, vem crescendo desde a Primavera �rabe de 2011. Alimenta tanto pequenos criminosos quanto a grande criminalidade internacional"

Vincent Michel, professor de arqueologia da universidade de Poitiers



A pandemia de COVID-19, que desacelerou brutalmente a economia da maioria dos pa�ses, agravou a situa��o. “No Egito, onde circula grande n�mero de falsifica��es, passamos de 1.500 mil dep�sitos clandestinos por ano para 8.960 em 2020, coincidindo com o primeiro confinamento”, indica Michel.

“Assim como no M�xico, as obras saqueadas s�o encontradas em tumbas, onde a conserva��o � perfeita gra�as ao clima �rido”, explica.
 

PILHAGEM

Xavier Delestre, curador regional de arqueologia no Sudeste da Fran�a, alerta que se agravou a pilhagem de s�tios arqueol�gicos, al�m de haver aumento “da chegada de bens culturais vindos do exterior”. Em particular, da �frica e Am�rica Latina.

De acordo com Delestre, obras de grande valor chegam aos portos franceses e depois ressurgem com hist�rias falsas no mercado legal. “H� tamb�m casos de objetos de valor inferior que circulam massivamente das redes sociais para os sites de vendas on-line.”

Este ano, uma exposi��o e um col�quio internacional sobre o tema ser�o realizados na cidade francesa de Marselha.

Vincent Michel diz que os contrabandistas demonstram engenhosidade na “lavagem” de objetos roubados, misturando informa��es falsas e verdadeiras, inventando “pedigree” (hist�rico) para as pe�as ou fabricando documentos falsos e faturas de origem il�cita.

“Alguns estabelecimentos at� emitem certificados falsos da Unesco”, refor�a o especialista. E adverte: ap�s ingressar no mercado legal, o objeto saqueado “� quase indetect�vel”.

A internet agravou o fen�meno devido ao anonimato e � multiplica��o de sites de vendas, “que mostram as in�meras formas de lavagem de dinheiro e a capacidade de adapta��o dos traficantes”, afirma o professor da universidade de Poitiers.

O projeto americano Athar, voltado para tr�fico de antiguidades e pesquisa em antropologia do patrim�nio, permitiu identificar cerca de 95 grupos do Facebook especializados em tr�fico il�cito, envolvendo cerca de 2 milh�es de pessoas no Oriente M�dio, 36% das quais provenientes de zonas de conflito e 44% de �reas vizinhas. 




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