
''J� comecei a fazer os pr�ximos 10 anos. Novos lagos, expans�o da �rea de visita��o, expandir a rede hoteleira para abrigar mais visitantes na regi�o. O Inhotim tem um papel important�ssimo na forma��o de profissionais, desde sua cria��o, e vai continuar tendo''
Bernardo Paz, criador do Inhotim
Criador do Instituto Inhotim, o empres�rio e colecionador Bernardo Paz j� planeja os pr�ximos 10 anos do espa�o de arte contempor�nea de Brumadinho, aberto ao p�blico em 2006. “Novos lagos, expans�o da �rea de visita��o, expandir a rede hoteleira para abrigar mais visitantes na regi�o”, enumera. Para garantir o futuro, h� novo sistema de governan�a com a contribui��o do conselho deliberativo presidido por ele, com a participa��o dos empreendedores Guilherme Teixeira, Betania Tanure, Ricardo Guimar�es e Rubens Menin. Lucas Pess�a � o novo diretor-presidente do Instituto, atuando em parceria com a diretora vice-presidente Paula Azevedo e a diretora-art�stica Julieta Gonz�lez. “Inhotim � o �nico museu brasileiro conhecido mundialmente”, diz Bernardo Paz. “Mais do que um museu ou um jardim bot�nico, � um lugar no mundo”, refor�a. Nesta entrevista, ele explica as mudan�as que implantou.
O que o faz acreditar que este � o momento certo para a doa��o que inaugura uma nova etapa na hist�ria de Inhotim?
A doa��o � parte de um projeto de vida, o Inhotim, que foi se ampliando ao longo dos anos. O Inhotim nasceu a partir do meu colecionismo, que come�ou nos anos 1980, e aos poucos se abriu ao p�blico. Foi j� no meio da d�cada de 1980, a partir da minha conviv�ncia com Burle Marx, que comecei a sonhar com um lugar �nico no mundo, que unisse natureza e arte como parte de um s� projeto. 2006 marca esse in�cio, com a abertura � visita��o p�blica e o desenvolvimento de programas socioeducativos envolvendo a comunidade de Brumadinho e grupos escolares e de professores. A doa��o � uma consequ�ncia natural, Inhotim n�o � meu, Inhotim � de todo mundo. E para garantir o futuro do Inhotim � necess�ria uma governan�a forte e contributiva, � preciso que a sociedade abrace o Inhotim.
De que forma o projeto O Inhotim de Todos e para Todos pretende democratizar o acesso e ampliar a programa��o art�stica e socioeducativa do espa�o?
O Inhotim de Todos e para Todos refor�a a voca��o p�blica do Instituto. Esse projeto nasceu com a chegada da nova diretoria que escolhi a dedo, formada por Lucas Pess�a (diretor-presidente), Paula Azevedo (diretora vice-presidente) e Julieta Gonz�lez (diretora-art�stica). Est� sendo implementado um modelo de governan�a mais moderno, que d� continuidade ao processo de institucionaliza��o em curso desde a abertura do Inhotim, em 2006. O Inhotim de Todos e para Todos visa fortalecer o Inhotim e torn�-lo ainda mais ativo, aberto e perme�vel a toda a sociedade. Para isso, teremos uma programa��o p�blica e art�stica mais din�mica, colabora��es com outras institui��es, um relacionamento mais profundo com as comunidades locais, al�m de manter o colecionismo ativo, pr�tica fundamental para toda institui��o de arte contempor�nea.

''Para garantir o futuro do Inhotim � necess�ria uma governan�a forte e contributiva, � preciso que a sociedade abrace o Inhotim''
Bernardo Paz, criador do Inhotim
O senhor esperava que o Instituto Inhotim trilhasse o percurso que trilhou desde a abertura para o p�blico, h� dezesseis anos, at� o presente momento?
Inhotim � um sonho cultivado h� muitas d�cadas, eu s� n�o falava para ningu�m porque, se eu contasse, iam me achar louco. Tinha uma ideia, desde o come�o, de que estava fazendo uma coisa muito diferente, trabalhando com as v�rias �reas da cultura e do meio ambiente, que seria uma coisa �nica. E realmente isso aconteceu, as pessoas saem de todas as partes do mundo para virem ao Inhotim. Isso nos deixa muito orgulhosos.
Sua cole��o de arte contempor�nea � considerada uma das maiores e mais importantes do Hemisf�rio Sul. Quando e como ela come�ou a ser formada?
H� 25 anos. Inhotim estava ainda no come�o quando conheci Marian Goodman, galerista americana que � �cone do mundo da arte. Ela me aconselhou a ter uma assist�ncia para a forma��o de uma cole��o, e me indicou o Allan Schwartzman, cofundador do Inhotim, que entrou em 2002. Juntos come�amos a trazer artistas para a constru��o de trabalhos aqui. A primeira obra que Allan indicou foi do Matthew Barney (“De lama a l�mina”, 2009), depois o “Beam Drop Inhotim” (2008), do Chris Burden, e assim por diante.
Qual foi o papel do artista pl�stico Tunga na constru��o e idealiza��o do acervo formado no Inhotim?
Tunga est� na origem do Inhotim, acompanhou sua cria��o desde o in�cio. Conheci Tunga em 1999, eu o considero o artista mais inteligente que conheci na vida, apesar da loucura dele. Lembro-me de ter ido na casa dele, no Rio de Janeiro, ele me atendeu de pijama, assustado e desconfiado, ele n�o estava entendendo nada. J� nesse primeiro encontro comprei algumas obras dele. O Inhotim estava come�ando, a True Rouge (2002) foi a primeira galeria de artista do museu e mais tarde veio a Galeria Psicoativa Tunga (2012). O Tunga era um artista completo. Foi um grande amigo.
O acervo que o senhor est� doando re�ne trabalhos in�ditos, nunca expostos no Inhotim. Quais obras e artistas fazem parte desse rol?
Doei tudo que eu tenho para o Instituto, as galerias, o jardim bot�nico e toda minha cole��o, incluindo trabalhos in�ditos, que nunca foram apresentados em exposi��es. Muitas dessas obras foram adquiridas recentemente com a inten��o de tornar a cole��o do Inhotim mais diversa e plural, com artistas como Arjan Martins, Arthur Jaffa e Rosana Paulino, entre outros.
Como a nova governan�a do Inhotim vai impactar o p�blico visitante? O que muda, na pr�tica, para esse contingente?
Inhotim vai ganhar uma programa��o mais din�mica pela dire��o art�stica liderada por Julieta Gonz�lez. Ent�o, o p�blico pode esperar por mais novidades e exposi��es mais frequentes. Tamb�m est� nos planos o fortalecimento do educativo, com atua��o mais presente na comunidade de Brumadinho e a amplia��o da gratuidade. Hoje, temos entrada gratuita na �ltima sexta-feira do m�s, a ideia � ampliar isso, abrir mais o Inhotim, torn�-lo mais acess�vel.
''Doei tudo que eu tenho para o Instituto, as galerias, o jardim bot�nico e toda minha cole��o, incluindo trabalhos in�ditos, que nunca foram apresentados em exposi��es. Muitas dessas obras foram adquiridas recentemente com a inten��o de tornar a cole��o do Inhotim mais diversa e plural''
Bernardo Paz, criador do Inhotim
O que muda na rela��o do Inhotim com a regi�o de Brumadinho e as comunidades do entorno?
Desde o in�cio do Inhotim, temos uma rela��o muito pr�xima com Brumadinho e as comunidades do entorno. Formamos muita gente da regi�o e hoje cerca de 80% dos funcion�rios do Instituto s�o de Brumadinho, muitos est�o comigo desde que Inhotim come�ou. Temos um impacto enorme no entorno. Esse movimento de fortalecimento do Inhotim acaba beneficiando toda a comunidade, seja pela nossa atua��o direta com programas socioeducativos que integram a comunidade local, seja indiretamente pelo aumento do fluxo de visitantes, que se amplia a partir de uma programa��o mais ativa e que impacta o turismo e toda uma rede de servi�os da regi�o. Inhotim � uma hist�ria da qual muitas pessoas fizeram e fazem parte: funcion�rios, colaboradores, visitantes. E que cada vez mais pessoas devem fazer.
O que orientou a forma��o do novo conselho deliberativo? Como se deu a escolha dos nomes que o comp�em?
Inhotim � uma institui��o com relev�ncia nacional e internacional. Os conselheiros refletem isso. S�o representantes da sociedade de diferentes �reas de atua��o e regi�es do Brasil, que v�o colaborar e fortalecer o Inhotim a partir das suas experi�ncias e rela��es, ajudando a construir sua sustentabilidade no futuro. Apesar da presen�a de representantes de diversas regi�es, fizemos quest�o de manter uma forte presen�a mineira. Eu sigo como presidente do conselho deliberativo, tendo como vice-presidente o empres�rio mineiro Eug�nio Mattar, al�m de outros mineiros como Guilherme Teixeira, Betania Tanure, Ricardo Guimar�es e Rubens Menin, entre outros. � um grupo que abra�ou o Inhotim e vai atuar como seu guardi�o. Eles representam a participa��o da sociedade civil e nos ajudar�o a fazer o Inhotim ser, ainda mais, um lugar de todos e para todos.
Como o senhor imagina Inhotim daqui a 10 anos?
J� comecei a fazer os pr�ximos 10 anos. Novos lagos, expans�o da �rea de visita��o, expandir a rede hoteleira para abrigar mais visitantes na regi�o. O Inhotim tem um papel important�ssimo na forma��o de profissionais, desde sua cria��o, e vai continuar tendo. Outra medida que acaba de ser tomada para o futuro do Inhotim � a institui��o desse novo conselho deliberativo. S�o muitas cabe�as, de profissionais muito relevantes, que v�o, juntos, garantir a continuidade do projeto.
O que Inhotim representa para Minas Gerais e para o Brasil?
Inhotim � o �nico museu brasileiro conhecido mundialmente. L� fora, em qualquer pa�s, todos t�m o sonho de nos visitar. Isso para o p�blico. Para os artistas, Inhotim � a possibilidade de realizar os trabalhos mais incr�veis, que em outros museus n�o s�o poss�veis. Inhotim � mais do que um museu ou um jardim bot�nico, � um lugar no mundo.