Veja o quanto a estrela latina Jennifer Lopez lutou para ser levada a s�rio

 

O filme de 90 minutos a acompanha em um momento crucial da carreira: entre 2019 e o in�cio de 2020, J-Lo estrelou “As golpistas”, longa produzido por ela e que a levou, finalmente, ao reconhecimento como atriz.

Na mesma �poca, foi convidada pela NFL para estrelar o maior dos espet�culos de um artista pop: o show do Super Bowl, o chamado “Halftime”. Ainda no mesmo per�odo, chegou aos 50 anos.

O document�rio perfaz a trajet�ria da estrela em meio aos preparativos do show do intervalo da liga de futebol americano, assistido por 100 milh�es de espectadores, � o que lhe prometem quando o convite chega. Mas, novamente, nada ser� f�cil.

 

J-Lo n�o demora a descobrir que ter� que dividir o palco, pois a colombiana Shakira foi convidada tamb�m. “Foi um insulto dizer que voc� precisava de duas latinas para fazer o trabalho que um artista historicamente fez”, comenta Benny Medina, empres�rio da cantora.

Mas ela segue em frente, pois J-Lo n�o � de arrefecer. Logo ficamos sabendo, por meio de imagens de arquivo, que a vida familiar tampouco � tranquila. Entre as tr�s irm�s, a filha do meio nunca foi a mais inteligente ou a mais talentosa.

 

A rela��o com a m�e � complicada desde a adolesc�ncia e ela teve que sair de casa quando decidiu seguir a carreira art�stica. At� hoje, vale dizer, a progenitora puxa as orelhas da filha, � o que vemos quando a fam�lia se re�ne para o jantar de A��o de Gra�as.

E h� a vida privada de J-Lo. Em dado momento, o filme a coloca em maus peda�os, destacando o tratamento que tabloides e programas de TV lhe deram – Conan O’Brian, David Letterman e at� o “South Park”, todos pareciam dedicados a fazer tro�a de J-Lo.

 

O troca-troca de namorados, os figurinos que usou em grandes eventos, a qualidade sofr�vel dos filmes que estrelou... “Sou latina, sou mulher, esperava por isso”, ela diz. O noivo, Ben Affleck, um dos poucos a falar diretamente para a c�mera, comenta a crueldade com que a imprensa a tratou no come�o da carreira.

 

Mas ela continua seguindo em frente, afinal, havia mais o que conquistar. O filme se det�m sobremaneira na cruzada de J-Lo por seu reconhecimento como atriz.

 

“As golpistas”, longa escrito, produzido e dirigido por mulheres sobre um grupo de strippers, pode render sua primeira indica��o ao Oscar – logo ela, que foi indicada 10 vezes ao pr�mio Frambroesa de Ouro, que elege os piores do cinema.

 

J-Lo parece ansiosa por aprova��o. No carro, indo para o ensaio, acompanha a mensagem do grupo da fam�lia em meio a uma partida de futebol. Uma das irm�s fala das boas cr�ticas que o filme est� recebendo; os demais reconhecem o sucesso, mas logo tratam de voltar ao assunto que realmente importa, o jogo.

A temporada de pr�mios do cinema come�a e a indica��o recebida no Globo de Ouro parece sugerir que o Oscar finalmente pode chegar. O filme, neste momento, deixa o tema principal de lado (o show do Super Bowl) para se concentrar na repercuss�o do papel de Ramona.

 

Bem, a decep��o de J-Lo � latente – ela perdeu o Globo de Ouro para Laura Dern e “As golpistas” n�o recebeu uma s� indica��o ao Oscar –, mas com essa trajet�ria t�o bem-sucedida n�o d� para o espectador realmente sentir o baque da aus�ncia de pr�mios. H� coisa mais importante por a�, J-Lo!.

 

Quando volta o foco para o tema principal, “Halftime” cresce. � mais interessante ver os preparativos para o show. Na verdade, sete minutos em que ela deve passar uma carreira inteira, pois Shakira estar� com a outra metade do tempo. No per�odo que o document�rio cobre, vale lembrar, os Estados Unidos ainda s�o governados por Donald Trump.

J-Lo afirma que n�o � uma pessoa pol�tica, mas n�o h� como ficar em cima do muro (e a divis�o f�sica constru�da por Trump na fronteira com o M�xico � lembrada). O grupo encantador de meninas dan�arinas, que ter� sua filha, Emme, hoje com 14 anos, como estrela, ser� um dos momentos-chave do show.

 

Ela resolve colocar as meninas em gaiolas no palco, o que � um choque para a dire��o da NFL, formada por homens brancos, � o que filme mostra. Tal tema acaba sendo pouco explorado no document�rio, pois n�o ficamos sabendo como J-Lo conseguiu emplacar a sequ�ncia no show do intervalo.

“Halftime” vai chegando a seu final com a edi��o do show da NFL, que acaba sendo o mais bem-sucedido da hist�ria da liga – ir ao YouTube � necess�rio para ver o show, dada a edi��o meio �s pressas que o filme fez.

O Super Bowl de 2020, em Miami, ocorreu em fevereiro, �s v�speras do in�cio da pandemia. Com algumas sequ�ncias em meio � crise sanit�ria, o filme termina em janeiro de 2021. “Uma na��o, sob Deus, indivis�vel, com liberdade e justi�a para todos”, J-Lo falou em espanhol durante a cerim�nida de posse do presidente Joe Biden, quando cantou m�sicas de forte cunho nacionalista, “The land is your land” e “America is beautiful”.

 

Este momento de triunfo realmente emociona e � seguido de n�meros assombrosos das conquistas da artista. Vivendo sempre para os olhos do p�blico, como ela diz no document�rio, J-Lo reconstr�i sua trajet�ria com uma narrativa muito controlada e cheia de mensagens. Mas ela, o tempo inteiro, parece ter necessidade de sempre reafirmar tudo isso. Para o espectador, tal repeti��o pode cansar.

O document�rio sobre Jennifer Lopez est� dispon�vel na Netflix